2 de setembro de 2007

Sobre vontades

Antes, mentalmente, fiz uma lista(quase infindável) de tudo que queria e tudo que não queria. Agora, assim com os dedos nos quadrados, tenho nada em mente. Mas é fácil, é começar e tudo desandar. Quem é que não quer um mundo de coisas disfarçadas na vontade de nada?
Quero água. Agora pra começar. Minha boca está áspera do sol do Porto, da tarde de ontem e da tarde de hoje. Eram o quê, 30 graus? Quero água. Pronto. Agora quero espaço. Estalar os dedos, fingir que tenho coisa boa a dizer, pensar que eu talvez me entenda e saber que entendo mesmo. Quero um texto cansativo pra quem ler. Um formato antiquado, parecendo um caixote que é pra baterem o olho e mudarem de página. Não quero que mudem de página, mas faz parte. Quero palavras. Quero olhos sobre mim, de que natureza forem. Quero respirações ruidosas pra me lembrarem de que não sou só eu que não estou achando fácil. Quero telefone. Para jogar na parede e deixar bem claro que eu ODEIO telefone. Mas uso. Uso porque odeio mas não sou mongol de negar os benefícios e, de uma forma ou de outra, quero vozes perto. Quero perder o pudor de ligar pra quem vai achar estranho receber um telefonema. Queria ouvir a voz de Mariana Vassallo, mas não liguei quanto tinha cartão nem vou ligar agora que não tenho nem vou ligar quando tiver porque não gosto de telefone e para depois poder ter algo para brigar comigo mesma. Quero mesmo ouvir a voz de Mariana Duarte. Mas assim, ao vivo, que é pra fazer bastante efeito. (Quero, só por isso, Dezembro. Mas depois quero Setembro de volta.) Quero dirigir. Quero ser boa motorista. Quero saber reduzir na marcha e não no freio, que nem Mariana 007 faz sem mesmo ver(a redução na marcha). Quero ameaçar atropelar pedestres só porque é engraçado. Quero correr num campo aberto e, já que estou na Europa e estou falando de coisas que são desejos e que não serão necessariamente realizados, vou ser exigente: quero correr em campo aberto e melhor que seja na Inglaterra. Quero alguém comigo. Pra sentar então no gramado no fim da correria. Beto gosta de metáforas, mas acho que vai achar essa um pouco vulgar. Tem nada não. Quero menos calorias. Estou comendo horrores, devo ter engordado um pouco. Não sou de fazer dietas, nunca fiz, só de engorda. O que está para ocorrer é um controle de boca. Quero descobrir uma música nova boa tão boa quanto foi descobrir Smokers Outside the Hospital Doors. Quero tocar mais violão. Quero cantar numa banda. Quero cantar pra mim. Quero que Mariana 007 me peça para cantar mais uma música. Quero fazer uma música. Depois quero que digam que está boa. Quero então que me peçam para tocar de novo e, depois do ego bem enchido, quero que me deixem em paz. Quero apreciar o calado da noite, mas não porque não consigo dormir. Esse calado é mais um martelo, como está minha cabeça agora. Quero amigos. Novos porque não há outra opção. Quero amigos ótimos também. Bem divertidos, bem aconchegantes, bem amigos. Gostei de Lorena, parece interessante, deve dar boa companhia, espero poder descobrir. Por sinal, já que falamos dela, quero dizer que não gosto tanto de Aerosmith. Quer dizer, eu disse que sim, mas depois pensei melhor e o cara grita muito. Tem uma voz massa, mas grita horrores. Quero mais músicas de Amy Winehouse. Ah, lembrei, quero um laptop! Ajuda a escrever nos melhores lugares e eu não gosto de escrever à mão. Quer dizer, gosto, mas meu pensamento é zilhões de vezes mais rápido que minha mão direita e muita coisa se perde. Não sou como Mari Vassallo que gosta do desenho das letras porque quando escrevo rápido minha letra sai péssima. Calma e paciente ela é até bonita(!). Quê mais? Ah, quero descobrir porque gosto de uns cheiros repentinos de cigarro e odeio outros. Será a marca? Quero tomar cerveja. Sagres, que é a mais famosa daqui e a única que provei. No Brasil a cerveja é uma bosta, o que me faz questionar porque temos a tradição de adorarmos cerveja. Quero fazer meu curso de fotografia a tanto tempo planejado e depois quero uma máquina boa. Não precisa ser realmente boa, só boa pra começar.
Nem desandou tanto quanto eu esperava. Não desandou nada do que eu esperava.

Um comentário:

  1. me deu tanta vontade de pagar pau e homenagear e fazer um igual. talvez em breve. sempre acho engraçado e humano essa de sentir vontades, mas depois viajo nisso. tou com VONTADE (rsrsrs) de comentar cada trecho, e fazer coments sucessivos, e deixar tudo assim também, chato e como num caixote. adorei a idéia. adorei a metáfora que vc achou que eu acharia vulgar. não achei vulgar. e gosto de algumas vulgaridades. rs. não só as que eu pensei e acho que vc pensou, mas outra também. pôxa, tou prolixo. tou bebendo muita água, tá seco para caralho, meus lábios tão um cu, quero muito manteiga de cacau. mudei de idéia, não quero comentar cada vontade sua. rs. eu não consigo. enfim, vou comentar as que quero então. também não gosto de aerosmith, mas é porque acho meio chato. rs. mas já gostei bastante. adorei o lance da música e do ego. muito. calado martelo, idéia fantástica para um silêncio incômodo. é engraçado pensar, a partir daí, em mim. tenho estado euforico, porém nesse exato instante não sei bem como me sinto, mas não é a mesma euforia. sabe-se lá como será amanhã. enfim, sou muito ego, tou falando de mim, hahaha. queria também muito poder escrever toda hora ou talvez tudo. tudo. queria poder revisar mentalmente todos os momentos. todos. sem exceção. nada é inválido, eu acho. tou sobrevalorizando, será? é algo a se pensar. também quero logo tirar carteira. gah! vou resolver isso! vou! e quero muito mais ler umas coisas assim sempre. tão bom.

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