5 de outubro de 2010

ô, pobre

tinha tudo para que a amasse, mas, graças a deus, faltava nela um caminho muito simples e essencial. fora isso, poderia ter tudo. mas parava, no tempo, na rua, na lanchonete, na festa, no subúrbio, parava dura na minha frente, um papel, frente e verso tão difíceis de se ler, brancos e manchados, e eu sentindo uma saudade louca do que nunca veio, meu pinto rijo, duro, machucado, louco para lhe meter corpo acima, adentro, metê-la abaixo. Mas era calma em ser violenta, e era, com olhos e mãos que não tocavam nada, e se pudessem me tocariam. Olhava meu pinto na mão, meus dedos vermelhos, a ferocidade do meu punho fechado com tudo dentro: me queria, sem delongas, mas não podia ter por tudo que já havia construído. Era um grande Medo, e não podia ir a lugar algum.