13 de setembro de 2020

Quando éramos pequeninas, eu e minha irmã, tínhamos duas referências para alcançar em altura: uma era o freezer de casa, que naquela época era separado da geladeira e menor que ela, e a outra era Vó Deza. Fomos crescendo, crescendo... passamos o freezer... passamos Vó... E então muito tempo depois percebi que Vó era muito mais alta que o freezer, era aliás muito mais alta que o prédio. Quando eu me curvava para abraçá-la, na verdade era como se me esticasse! Vó tinha um jeito muito sincero de existir, muito calmo, muito inteiro. Transbordava doçura, além daquele jeito muito engraçado que ela tinha de rir de si mesma quando se confundia com algo. Era demais! O tempo continuou a fazer o que faz, e o freezer se tornou apenas o freezer, doce memória, e Vó continuou a ser referência, doce presença.