30 de dezembro de 2007

utter[1]

utter[1] ut.ter adj total, completo, absoluto, rematado, incondicional. I am an utter stranger here / eu sou um completo estranho aqui.

19 de dezembro de 2007

era o que faltava

AINDA ESTOU PRESA EM 19 DE DEZEMBRO, ÀS 15H07!!!!!!!!!!!
Isso prova que meu blog é pior que eu para configurá-lo[ou "configurar-se"? tô na dúvida. sem ambigüidades subentendidas -da minha dificuldade de configurar a mim mesma-, estamos falando do blog.] (hoje é 04/01/08)
o blog continua marcando 15:07 para qualquer post de hoje.
que chato

vou sorrir quando você chegar

vou sorrir quando você chegar
para me dizer que não me esperou
, mas que o tempo bateu certinho.
e daí poderei deitar de lado
e apoiar minha cabeça na mão
enquanto deitada na sua cama
olhando você olhando para mim
e passando os dedos
por qualquer lugar que seja meu.
poderei também brincar com sua boca
antes de me inclinar para beijá-la.
e vai ser tudo muito novo

Quando quiser ser impessoal

say it in English

Sobre possibilidade

Sei bem que todas as minhas expectativas acerca de você podem ser falsas, e muitas certamente são, principalmente em torno do que pode acontecer.
Mas o que me mantém é o que você pode pensar sobre mim.

Sobre hipermetropia e astigmatismo

Faz tempo, algum tempo, que ela sumiu. Já não sei mais seus dias, suas aspirações, suas dificuldades, seus suspiros. Não sei o que quer nem se quer algo, se persiste ou se já desistiu, se ainda afoga no peito alguns sentimentos controversos que insistem em não ir embora. Não sei mais de si. A distância, o cansaço e o comodismo continuam a mitigar nosso contato, continuam a reduzir nossa presença até talvez o momento em que seremos mais duas estranhas ou duas amigas distantes cuja amizade congelou e que esperam ser capazes de fazer descongelar no momento do reencontro. Não gosto de contar com essas esperanças vagas e não mais intensas que a possibilidade de não se concretizarem, mas se ela quiser manter para si a certeza de que isso ocorrerá, não posso fazê-la acreditar na incerteza, nem quero.
Faz tempo que não a faço crer em nada. Faz tempo que não a faço crer em mim. Vive de lembranças e passado, de recordações de cores quentes ou frias, não sei, não sei mais do que vive. Possivelmente ela dirá que não preciso fazer com que ela creia em mim, já foi feito, já há a crença. Não gosto nem me baseio nisso, ainda que goste e, por vezes, me baseie. Nossas palavras têm uma intensidade mais branda agora, e não fui eu quem quis, nem sei se foi ela, talvez tenha sido o acaso, mas o acaso freqüentemente tem nome, ou é fraco, ou é mentira. Ou é realmente acaso. Não sei mais o que ela quer, mas suspeito que o mesmo que sempre quis em relação a nós. Creio que continua tudo forte dos dois lados da corda, mas não continua mais tão nítido, e não sei se a corda continua no mesmo lugar. Constrói-se com tanta dificuldade e perde-se tão rápido.
Não nos falamos mais tão sempre. E as certezas, quando vêm, vêm das fotos sépias. É lógico que estão guardadas, é lógico. Quando vejo aquela em específico, aquela espontânea, que eu só descobri que havia sido tirada quando me mostraram, sinto o aperto do tempo e o cansaço dos olhos, que se estreitam e tentam vencer a hipermetropia e o astigmatismo para ver para além da imensidão das águas. E então penso no quanto essas águas parecem um córrego em relação a outra pessoa, e sinto um orgulho tão grande por isso, por nós dois.
E era tão assim com ela. Mas gosto que ela tenha seu próprio tempo e espaço, que dedique-se a outras coisas que não a estar em casa vendo minhas palavras pelo computador. Gosto de saber que está bem e que o dia-a-dia tem sido bom e todo o resto. Mas não sei. Ouço outras vozes contar um pouco de si, para eu saber se vive ou se está já com um pé na cova; ouço meias histórias e contos e fábulas, mas não a ouço. E de repente, de uma vislumbre através da janela, atiro-me logo ao mar ao saber que nem tudo está como esperado, mas perco-a de visão rápido e, sem bóia e cansada, volto ao cais para aumentar o grau dos óculos tentando alcançar o Brasil com os olhos mais uma vez.
Culpo-a. Mais do que queria, porque não queria, mas culpo. Sou humana, como suspeitava. Mas não cobro, tento não cobrar, tento muito não cobrar. Cada um tem seu espaço. Eu só espero que ela não vá longe demais.

17 de dezembro de 2007

Sobre escolhas

" - I fell in love.
- Oh, as if you had no choice? There's a moment, there's always a moment, "I can do this, I can give into this, or I can resist it", and I don't know when your moment was, but I bet you there was one." (Closer)
E eu, continuamente, torço para que haja o momento em que eu possa parar de resistir.

16 de dezembro de 2007

I actually do tell people.
It is a way to ease the pain that'll never go away.
And though I believe you're really gone, I wish I had seen your dead body not only 'cause I regret not being there for you in the bad times, but also because I'd be 100% sure you won't ring me and say you are fine and all of this is merely a ridiculous joke.

Faço nossas

as palavras e a dor: saudade de criar futuro

13 de dezembro de 2007

Prosaico

adj. Relativo ou pertencente à prosa; que tem a natureza da prosa. / Que não tem elevação, que é comum, vulgar, rasteiro. / Que não tem poesia. HOUAISS adj. Relativo à prosa, escrito em prosa, da natureza da prosa, semelhante à prosa; [Derivação: por extensão de sentido.] sem poesia, sem sublimidade; comum, trivial, corriqueiro; Ex.: vida p. destituído de nobreza, de belos ideais, aferrado ao lado prático e material da vida Ex.: indivíduo p., preocupações p.

like shit

Tenho um medo imenso de falhar. Será que vou? Meu inglês está like shit.

12 de dezembro de 2007

Cativa

Vou ficar aqui calada, enquanto remoendo o mal que te fiz. Vou ficar aqui só, mais o travesseiro e as horas, que com a cabeça cheia que estou, meu pescoço há-de ser insuficiente. Vou choramingar baixo, que é pra ninguém vir me salvar e é pra ninguém se apiedar, que não mereço dó nem compaixão. Vou aqui remoer o mal que te fiz. Remoer minhas palavras vis e meus olhares cortantes, e vou apiedar-me da sua fraqueza pela primeira vez. Vou fechar as mãos no colo e lembrar que lhe torci o pescoço tantas vezes, e você esteve passivo esperando que eu o soltasse. Vou fingir pela primeira vez que sua fraqueza é positiva, e que você é indefeso como o cachorro que tive e que morreu cedo, depois de uma infecção que talvez tenha pegado de mim. Como você. Mas você não morre, você não morre, e eu não sei porquê. Não sou boa com armas que não se encontram no meu corpo, essas de ferro, aço, cobre, bronze, não sei. Sou só boa com minha ferocidade inerente, e com os rasgos que sei causar com o rasgo da boca e a agilidade do golpe das mãos. Mas você não morre, você não morre. Deveria se chamar Aquiles, mas Aquiles era forte, você não é. Por que você não morre? Vou deixar água parada no do seu quintal, vou afiar os espinhos da sua roseira, vou envenenar sua horta, vou deixar estilhaços de vidro pela casa, estiletes abertos embaixo do sofá, giletes cegas no banheiro. Ou vou voltar pra você. Talvez isso seja mais efetivo.

10 de dezembro de 2007

PRONTOFALEI

CARÁLEO, EU ODEIO CONFIGURAÇÕES DE BLOG.
PRONTOFALEI
ps.: e no fim escolhi a combinação do cores que já era proposta pelo modelo. How useless can I be?

Sobre combinações e arranjos

Estou há meia hora tentando mudar essa poha desse layout. Descoberta mais proeminente: eu sou péssima para combinações e arranjos e coisas que ficam bem juntas/separadas. Nunca seria decoradora de interiores. Nunca gostei de feng-shui. É essa característica das pessoas medíocres: desgostar daquilo para o qual não possuem talento algum.

Que não haja dúvidas

Estou muito, tanto, exageradamente sentindo sua ausência. Sinto incômoda sua falta e sinto a tradução dela na água que lava meus olhos e sinto meu desespero no apertar das mandíbulas. E sinto sua falta como se já te tivesse tido. Como se fôssemos já um do outro, mesmo que eu insista em dizer que ninguém pertence a ninguém, e que acredite mesmo nisso, e ache tal coisa mais bonita do que a pertença ao que se é alheio.
Mas fico pensando no quanto durará com essa distância. Penso que poderíamos tanto dar certo, mas talvez nunca saberemos. Acontece bastante comigo, "nunca saber". Será que será esse o caso? Não quero, não. Fico às vezes pensando nos meus dedos caminhando a linha do seu rosto, fico às vezes pensando no seu rosto na minha nuca, fico às vezes pensando nas suas mãos no meu quadril como se um dia houvéssemos caminhado por esses lugares, como se conhecêssemos tão bem nossas linhas como conhecemos nossos sentimentos.
Tanto não posso guardá-lo a salvo para mim, fazê-lo esperar. Tanto não posso guardar-me para ti, fazer-me esperar. O que será de nós, então? Terminaremos, sem ter começado, com a dor e o rancor característicos dos casais que se amam e não dão certo? Somos um casal? Seremos? Canso. É, eu também me canso. Por mais quanto tempo teremos de manter tudo isso em suspenso? E quando, de suspenso, tudo cair, talvez o estrajo seja... final. Talvez o estrago seja final. Tenho medo de tudo cair. E com meu ralo conhecimento do tempo e dos desgastes, diria que há grandes chances de cair.
Não quero perder isso. Não quero.
Eu te amo. Espero que não haja dúvidas.

9 de dezembro de 2007

FANTA!

Para não nos sentirmos pressionados com a imagem abaixo!
FANTA UVA!
mesmo que ela seja da Coca...¬¬

Do bom velhinho e da Coca

No início da história do Natal cristão, quem distribuía presentes durante festividades natalinas era uma pessoa real: São Nicolas. Ele vivia em lugar chamado Myra, hoje Turquia, há aproximadamente 300 anos AC. Após a morte de seus pais, Nicolas tornou-se padre.
As histórias contam que São Nicolas colocava sacos de ouro nas chaminés ou os jogava pela janela das casas. Os presentes de natal jogados pela janela caíam dentro de meias que estavam penduradas na lareira para secar. Daí a tradição natalina de pendurar meias junto à lareira para que o Papai Noel deixe pequenos presentinhos.
Alguns anos depois, São Nicolas tornou-se bispo e, por esse motivo, passou a vestir roupas e chapéu vermelhos e barba branca. Depois de sua morte, a Igreja nomeou-o santo e, com o início das celebrações de Natal, o velhinho de barba branca e roupas vermelhas passou a fazer parte das festividades de fim de ano.
Até o final do século XIX, papai Noel era representado com roupas de inverno, porém na cor marrom. Em 1881 a Coca-cola realizou uma grande campanha publicitária vestino Papai Noel com as cores vermelha e branca (como as de seu rótulo) e acrescentou-lhe um barrete vermelho adornado por um pom-pom branco. Tal campanha fez um enorme sucesso e a nova imagem de Papai Noel espalhou-se rapidamente pelo mundo.
[As fontes são várias e variam os dados, mas essa foi a mais sucinta que achei na minha busca aprofundada de 5 minutos. Ah, e lógico, uma pitada de Wikipedia no final, último parágrafo.]
Nota: Em Portugal, Papai Noel é chamado "Pai Natal". Tem mais lógica que o nosso, quer ver:
Na França:
Pai = Père; Natal = Noël
Papai Noel = Père Noël
Na Inglaterra:
Pai = Father; Natal = Christmas
Papai Noel = Father Christmas
Na Itália:
Pai = Babbo; Natal = Natale
Papai Noel = Babbo Natale
Whatever, sou mais Papai Noel. hihi

7 de dezembro de 2007

Let's

- Do you love me?
[three seconds silence]
- thank God, let's go naked.

6 de dezembro de 2007

Sobre esperas

Quando você some por muito tempo, sem dizer para onde e sem dar sinal de vida por o que parece uma eternidade, relegando-me a viver na certeza intangível(tão tangível quando você está presente) da nossa afeição e na ausência da concretude da sua voz, da sua presença, do nosso esforço, da nossa carência, da nossa insistência através desse tempo e desse espaço por vezes tão incrivelmente inimagináveis, e vem depois falar-me naturalmente, como se houvéssemos conversado ontem mesmo sobre como andava a semana e a rotina, por vezes sinto que posso sacrificar minha felicidade e minha vontade de falar consigo para sacrificar também a sua, para frustrar seu desejo de ouvir de mim alguma coisa, de sentir minha presença e reabrandar a saudade.
Mas calma, algumas coisas ficaram mal explicadas. Não quero que você saia com a crença de que quero controlar suas idas e vindas, que quero sempre manter rastro de onde você vai e quanto tempo vai demorar, que estou atrás de saber sempre seu paradeiro e de manter-lhe sob minhas vistas. Não é isso. Mas entenda a tenuidade de tudo pra mim. Também não é que duvide das certezas que criamos, não, não é isso. Não acho que uma ou duas semanas vão fazer esquecer as roupas que rasgamos para chegar a esse estado tão(na medida do possível) seguro de sentimento. Mas entenda, por favor, ou ao menos tente, que não tenho nada nas mãos, nem tenho meios de me assegurar para si, de assegurar minha companhia, de fazer sua rotina ter a minha presença mesmo que eu esteja ausente. Tento tanto, porque me é tão essencial, conquistar-lhe a cada dia, em cada conversa, cada olhar, cada confissão, porque pra mim é tão isso que mantém tudo real e importante e duradouro e seguro todos os dias.
E estou mesmo ausente. E os custos são tantos, você sabe. E não tenho como mudar isso. Essa condição será essa condição até a volta, e a volta está mais próxima a cada dia que passa, e gosto disso, e você gosta disso, e esperamos e torcemos, mas a minha insegurança é quase tão irremediável. Não gosto de ter segurança quanto ao sentimento dos outros, mas isso num sentido de que não gosto de ter a crença de que são imutáveis, de que são já tão enraizados que resistirão ao intemperismo de tudo, e os intemperismos são tantos. E quero brigas também. Discussões e revoltas e testas franzidas e tentativas de fazer-se entender e depois paz. Quero aquele cotidiano que vivemos e o que não chegamos a viver. Mas posso esperar. Porque isso é tão maior.
E posso esperar que você faça o que tem que fazer, pelo tempo que precisar, e posso esperar sua ausência quase completa voltar a ser presença parcial. Posso e vou esperar, mas não é simples, nem é fácil, nem é prazeroso, nem é tão tranqüilo como seria bom que fosse ou como faço parecer.

5 de dezembro de 2007

Sobre estética

A aparência desse blog é muito erudita e quadrada? Estou pensando nisso...

deveria ter sido dito antes que

a citação entre aspas de Sobre sua respiração e todo o post de ma petite fille, à exceção do título, são de Roberto Murilo (Putz,,,) e do filme Amélie Poulain, respectivamente.

4 de dezembro de 2007

ma petite fille,

Sans toi, les émotions d'aujourd'hui ne seraient que la peau morte des émotions d'autrefois.

Sobre medo

Tenho tanto medo que minha antecipação e minha euforia e minha imaginação e minha precipitação e minha ânsia sejam a ruína de tudo que ainda não foi.

3 de dezembro de 2007

Sobre sua respiração

"seria agradável deitar a cabeça no seu peito e simplesmente ouvir os ruídos e sua voz baixa enquanto o quarto está escuro."
consigo imaginar, ainda, como cúmulo da perfeição da calmaria e da completude, sua respiração erguendo e deitando o quarto e seus dedos, arrastados, rabiscando meus cabelos e acidentando-se na minha nuca.
e você, que tem dúvidas se isso é para si, ainda me pergunto como é que as tem.
e você, que não sabe que isso é para si, ainda me pergunto se um dia saberá.

1 de dezembro de 2007

Sobre mim, como todos os anteriores

A escuridão escondida no fundo dos olhos, quase por trás da retina, que é para não ser vista nem por si mesmo, mas já está dentro de si. A gota de limão no corte do lábio e o fechar de olhos forte depois disso, para fazer passar o azedume que se engole noutras ocasiões. E de gota no lábio, o limão agora já está na garganta, e até hoje não entendo como é que, estando na garganta, ele impede a lágrima de cair dos olhos. O corte no mindinho feito com a folha A4 astuta, rápida e decisiva, bem na altura em que a junta dos ossos faz dobrar a pele e apertar o machucado. A folha A4 que deveria conter a carta que eu lhe escreveria, mas que já é mortal por si só, sem meus escritos, quanto mais com minhas palavras viciadas, vis e viscerais. E as vísceras já cheias de limão e o cérebro temeroso da verdade dessa frase, e temeroso da exposição ao sol, que faz tatuar tão profundo as marcas das escolhas. Minha alegria é meu cansaço, como diz uma das possíveis interpretações do que Adriana quis dizer, porque meu cansaço é minha certeza de resistência. E que tão ridícula é a resistência daquilo que foi escolha própria. Caminhos tantos e tão cruéis, tantos e tão realizadores e o acaso, nossa metafísica, e nossa intersubjetividade, nossa metafísica. Caminho tanto e chego sempre ao mesmo endereço, do lado de cá pra quem me repudia, de lá pra quem bem me quer. Na realidade, nem caminho tanto, vou mais de ônibus e metrô, sem me meter na vida dos outros e sem dizer bom dias e, quando dizendo-os, não esperando retorno. E cada um no seu microcosmo sentado do lado de quem pode ser seu salvador, mas está mais perto de ser quem o pregará na cruz. E as mentes que se esquecem que somos todos homens e todos homo por todos sapiens. Mas somos todos brutais, mais que macacos e mais que leões, mais que as divisões e as barras das celas, mais que as ruelas e os becos, que ainda para alguns servem de abrigo. Mas somos todos desabrigados pelos outros e todos de roupas rasgadas e caras com máscaras porque todos tememos a beleza não idealizada e não exagerada, a beleza que não se leva para cama no fim da noite, a beleza que não se vela no fim da vida, mas perdura nos olhos de quem a descobriu sem querer e não sabe onde guardar. E nossas mãos seguras nas bordas dos bancos e nós que vemos os bandos que se cruzam sem ser ver. E o excesso da falta do que sustenta e do que dá sentido, e a falta dos velhos vestidos e de tirá-los aos poucos como um dia não se previu. E a lembrança da secura do tempo e a vivência da secura das pessoas.

Revolta

Alma que sofres pavorosamente
A dor de seres privilegiada
Abandona o teu pranto, sê contente
Antes que o horror da solidão te invada.
Deixa que a vida te possua ardente
Ó alma supremamente desgraçada.
Abandona, águia, a inóspita morada
Vem rastejar no chão como a serpente.
De que te vale o espaço se te cansa?
Quanto mais sobes mais o espaço avança...
Desce ao chão, águia audaz, que a noite é fria.
Volta, ó alma, ao lugar de onde partiste
O mundo é bom, o espaço é muito triste...
Talvez tu possas ser feliz um dia. Vinícius de Moraes

27 de novembro de 2007

Writer's Block(?)

No momento, não penso em fazer sentido. Penso em escrever. Não tem sido algo freqüente e sinto falta. Curiosamente não parei para pensar por que motivo isso tem acontecido, também não sei por que pensei que ia parar. Ainda penso que vai, mas está demorando. Há, nos rascunhos, um texto que começa dizendo exatamente isso, que tenho escrito pouco e que estou tentando, cada vez que vejo essa página com datas tão antigas, encontrar algo que me pareça razoavelmente bom para escrever (mesmo que, de certa forma, eu acredite que tudo seja), e tentando desenvolver alguma coisa digna de ser lida. Mas então esse mesmo texto puxa outro assunto e não consegui desenvolvê-lo propriamente. E essa é a razão pela qual é ainda um rascunho, como outras tantas coisas que eu gostaria que estivessem já prontas e que, na mesma intensidade, gostaria de me deleitar com o processo até chegar ao estado final.
Essa escassez de textos reflete uma escassez de coisas novas, de atividades novas, de experiências novas, de tudo o mais. Reflete essa poça d'água que já já virará foco de dengue a qual não consigo sacudir por mais que me debata(talvez fingidamente) e quase morra - uma morte que seria iminente se eu não fosse dos seres humanos impertinentes que decidem sobreviver. Pensei em pedir uma idéia a alguém, pensei em fazer "posts interativos", mas primeiro não é muito como eu queria fazer a coisa, e segundo não é como se houvessem muitos leitores que gostassem de comentar por aqui(ainda que, é bem verdade e foi bem notado, algumas pessoas ganharam voz - e eu adoro e agradeço -, mas é verdade que algumas outras sumiram um tanto. E eu não quero, não vou e [ainda] não acho muito digno cobrar nada por mais que a conversa com o Beto tenha servido para me estimular nalgum sentido mais participativo em convívios, insistências e intromissões - ainda que esse estímulo mantenha-se em teoria uma vez que a minha vida social em Portugal é uma merda incrível e surpreendente. Só para elucidar àqueles que não estavam presentes na conversa - ou seja, qualquer outra pessoa que não seja eu ou o Betinho haha - a conversa girou em torno de cobrar explicações dos outros [principalmente/nomeadamente amigos, que eram nosso foco] e sentir-se no direito de fazê-lo).
Então, sinceramente, eu peço desculpas pelo blog parecer assim abandonado, mas realmente é somente uma falta de habilidade de passar para o papel os pensamentos abandonados que se debatem uns com os outros e comigo não só por serem naturalmente revoltados, contraditórios e insistentes, mas também por estarem presos. Se é pesar para alguém que Novembro tenha tido, até então, 11 posts - um a mais que o mês inicial, quando eu mal entendia como mexer no layout do blog (e ainda entendo mal e porcamente) - , esse alguém certamente sou eu, que tenho sofrido horrores cada vez que olho esse número medíocre que joga na cara quantas vezes, em 27 dias, eu tive a capacidade de externalizar alguma coisa - sem contar que algumas dessas externalidades foram secas e sucintas, por mais profundas que fossem pra mim.
Para além disso, quem tiver quaisquer idéias que sirvam para desancorar meu barco sabe onde pode deixá-las (e essa sessão permite, sempre permitiu e sempre permitirá o anonimato - e eu não tenho quaisquer meios de identificar quem é a pessoa que comenta, a não ser minha capacidade, que não se afirma muito boa, de identificar formas de escrita. Por fim (e mais pra mim), paciência. Alguma coisa há-de vir.

é só lembrar

- Veja você onde é que o barco foi desaguar
A gente só queria um amor
Deus parece às vezes se esquecer
- Ai, não fala isso por favor
Esse é so o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho
Prepara uma avenida
Que a gente vai passar - Veja você, quando é que tudo foi desabar
- A gente corre pra se esconder
E se amar se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja

É só lembrar que o amor é tão maior

Que estamos sós no céu

Abre as cortinas pra mim

Que eu não me escondo de ninguém

O amor já desvendou nosso lugar

E agora está de bem Deixa o moço bater

Que eu cansei da nossa fuga

Já não vejo motivos

Pra um amor de tantas rugas

Não ter o seu lugar Diz quem é maior que o amor

Me abraça forte agora

Que é chegada a nossa hora

Vem vamos além

Vão dizer que a vida é passageira

Sem notar que a nossa estrela vai cair

23 de novembro de 2007

And all of a sudden,

I can wait.

20 de novembro de 2007

Sob o meu travesseiro

Esse vento de agora, que vem anunciando a mudança do clima, não é um sussurro, tampouco um assobio. Vem gritando as almas caladas da cidade, vem chorando os prantos escondidos guardados sob os travesseiros. Talvez seja o choro de nós todos jogado ao mar aumentando o nível da água e fazendo afogar a Holanda.
Faz-me lembrar tanto daquele dia em que ouvi sua voz e veio em mim algo maior que essa saudade e esse mar. A engolfada louca de tudo que não é palpável, mas palpável foi a gota quente que parou ao desnível da bochecha quando o corpo, louco, interpretou a expressão de dor-amor perdida como um sorriso, e fez desenhar no lado do rosto a espetada da agulha que eu sentia no peito. E por esses dias fiquei pensando em ti e na vastidão do seu significado e na vastidão da sua ausência e na vastidão que você é e na vastidão dos seus sentimentos e na vastidão dos meus. E pensei na sua falta. Racionalmente (o que não tem como significar 'sem sentimento', mas tem como significar 'sem desespero'), pensei na sua falta. No significado da presença e no significado desse espaço vazio, desse número sem corpo na agenda do celular, dessa fresta por onde passa o ar frio que seus dedos tão finos conseguiam reter mesmo que eu estivesse num lugar aberto por todos os lados. E tenho duas mãos cheias de lembranças de expressões, e do prazer da sua risada, e das suas mãos de cartas, de cerveja, de cigarro, de mim. E tenho uma mão cheia do medo de parecer eloqüente demais, insistente demais, sozinha demais, dependente demais, cansada demais, ausente demais, esperançosa demais, medrosa demais.
Mas de você, de você não tenho medo. Tenho aquela mesma curiosidade de que lhe falei um dia. E de que cor você é? Vejo-te vermelha, como as palavras pequenas tão grandes que vejo na tela iluminada demais. Como eu, demais. Vejo-te amarela, como as mesas do bar no qual anseio ver-te sentada de novo, rindo de novo, jogando de novo, falando de novo, e olhando indignada de novo pro meu copo de refrigerante. Vejo-te azul da cor do mar, do mar que logo cruzo para voltar. Vejo-te rosa, como a cor vibrante da sua camisa. Vejo-te branca, do branco da sua pele, de você por fora. Vejo-te vinho, roxo ou qualquer outra cor intensa, como você é por dentro.
Chorei quando ouvi você dizer da iminência do seu choro, sem saber anunciando o meu. Chorei de sentir você tão louca, tão grande, tão presente em mim. E quero chorar agora. Porque você é muito, e muito é o que você é e seria noutro canto, mesmo que eu nunca tivesse visto o seu rosto. E grande você é mesmo que eu a veja pela mente e por fotos e sinta sua intensidade evasiva e invasiva sempre em mim, nos outros, em todo o resto. Sinto sua falta tanto. Tanto, tanto. Estou tanto eloqüente, tão latente, tão.
Você é muito, é tanto. É bonita como a ausência de poesia que vê nas coisas, é bonita como a presença de poesia que vejo nas coisas. É bonita como a ausência de palavras que me toma quando a boca já está aberta, e bonita como a presença de palavras que encontro na hora de dormir. É bonita como a ausência de explicação, e como a presença de entendimento. Como a ausência de você, e a presença mais ainda.

15 de novembro de 2007

Uma da tarde

Postes ligados, lanternas dos carros acesas, luzes nas casas, sobretudos, botas e cachecóis. Olá, inverno.

Que azar

Como ponto de luz na neblina do cotidiano, o aviso no quadro-negro(branco) da sala e a voz conhecida de um dos únicos portugueses do dia-a-dia que me tem o apreço anunciavam uma palestra sobre apropriação e repapropriação do espaço na cidade do Rio de Janeiro. "Uma palestra conferida por um antropólogo brasileiro", o professor havia dito. E, então, lá fu eu na intenção acadêmica de saber mais sobre um dos lugares mais conhecidos do País e noutra, um tanto tola, de matar, de alguma forma, a saudade de tantas coisas.
Pois que agora, enquanto vou dizendo tudo isso, o palestrante lê o texto à sua frente. Aham, . (Isso foi escrito durante enquanto ele palestrava.) Mas ah, amigo, se eu quiser ler, compro-lhe o livro que o senhor disse ter resultado do relatório da pesquisa que o senhor conseguiu descrever para nós até quando podia demonstrar o estoque de conhecimento que compõe o quadro teórico sobre o qual o senhor se deita à noite.
E então, de forma inesperada, nenhuma saudade foi velada hoje; pelo contrário, algo esquecido renasceu. Havia sido trazido à luz mais cedo esse dia (pela Mari - a irmã), mas não com tanto impacto como agora.
Lembro daquela bonita filha de diplomata brasileira nos dizendo que, em Portugal, na maioria esmagadora das vezes, tudo que é atribuído a um brasileiro o é feito por, antes de mais nada, ser brasileiro. É muito alegre, é por ser brasileiro; é muito amigo, é por ser brasileiro; é mal educado, é por ser brasileiro; é pouco estudioso por ser brasileiro. Pois aquele auditório em cujas paredes reverberava a voz daquele antropólogo da UFRJ estava repleto portugueses, e eles todos, ao fim, diriam que palestrantes brasileiros não sabem propriamente expôr o conteúdo de uma pesquisa na qual eles mesmos participaram. (Ora, não todos, mas vocês entenderam.) Ora eu, bom, eu pensava outra coisa.
Eu pensava, sem ver estampados no rosto de barba bem feita daquele senhor dos seus 50 e poucos anos o retângulo, o losango, a bola e a faixa, que era uma pena que não pudemos ter uma palestra "decente". Olhos todos temos, poderíamos todos (ou quase todos) estar sentados ali, numa cadeira ligeiramente mais confortável que a nossa, a ler um texto para umas 60 pessoas; pensava que já tive exposições e exposições de conteúdo por outra antropóloga brasileira que sabia plenamente como manter um assunto interessante por duas horas; pensava que ele poderia ser um bom antropólogo, pesquisador e, certamente, leitor, mas era um fraco palestrante.
E, como era mais que natural, a certa altura da palestra a chuva de pessoas começou. Desciam, primeiro uma, depois duas, depois três, depois o mundo, das suas cadeiras e iam atravessar a sala em busca da porta, salvação mais próxima. É que pouca gente se presta, às 19h de uma noite de 14ºC, a uma aula mais maçante e modorrenta que o verão desse ano, de que eles (os portugueses) tanto se queixaram, nem que, nessa sala de caideiras duras cor de vinho, a temperatura seja regulada.
Eu fazia parte daqueles que permaneciam sentados ouvindo-o ler(e vale a pena ressaltar que é isso que os pais fazem para as crianças para pô-las a dormir), daquelas caras-folha-em-branco que não absorviam basicamente nada a não ser as piadinhas contadas por ele como quebra da monotonia textual e que eram todas, tragicamente (ainda que fossem cômicas), ligadas à parte informal da pesquisa, que ele constantemente ilustrava com "as reuniões no armazém do seu Zé" ou "o engradado de cerveja que eu tive que dar por ter perdido tal aposta".
E, ainda, havia aula das 20h para pegar, à qual eu não sou freqüentadora, mas que teria de ir hoje para repôr a das 10h da manhã à qual não fui porque a outra brasileira que conheço resolveu me informar, erroneamente, que não haveria.
Que azar.

5 de novembro de 2007

Suspensórios&Boinas

yes, I'm super duper excited!

Re: "como se chama isso?"

soou familiar, bastante. incômodo principalmente no "não converso mais tanto comigo". cheio de verdades, isso. pessoais. encontrei um estágio pior esses dias. é conversar comigo freqüentemente, mas perceber que a resposta pras perguntas postas dependem doutros corpos. é ruim. achei ainda pior. que quando dependem só de si, é uma guerra constante, e uma inévitável resposta já vem da própria guerra em si. talvez a resposta seja até o esquecimento da questão. mas agora não posso esquecer. sei que têm respostas, sei que estão nalguns lugares distantes, e não consigo esquecer. vou guardando-as no meu baú e espero que ele não se encha rápido, que donde saem dúvidas e indecisões virão mais e mais. e precisarei de mais e mais corpos outros. e depois desnudarei todas as complexas semi conclusões que fiz perdida em mim mesma, todas as respostas turvas que carecem de verdade empírica que fabriquei. preciso doutros corpos urgente. corpos com nome, rosto, vozes, ares, cabelos, imagens familiares. eu sei, você sabe. eu preciso, você sabe. eu terei, nós sabemos.
acho que o nome disso é "descoberta".

Isto é a real

Depois de abrir este e-mail, não há retorno. Abaixo são verdadeiras >descrições de signos do Zodíaco. Leia seu signo e reencaminhe-o, com seu >sinal de Zodíaco e etiqueta na linha de assunto. Isto é a real, e se tentar >ignorar ou mudar isto a primeira coisa que vocênotará será tendo um dia >horrível que começa amanhã de manhã - e só obtém pior a partir daí.
Olha as desgraças que aparecem na minha caixa de entrada.

Sobre eu e meus primos

Hoje vi, às três da tarde, postes com luzes acesas, precipitados já em tirar-nos do escuro. Quietos, estáticos, mudos e obedientes, mal sabiam que faziam um trabalho já feito, que iluminavam o que já estava às claras, pois se nem Berlin escurece às 15h no inverno, que dirá Lisboa, e ainda por cima com um verão que, para infortúnio dos portugueses e sorte minha, parece recusar-se a ir embora.
Talvez eu deva sentar-me no viaduto que eles pensam colaborar na iluminação e conversar com eles, saber há quanto tempo vivem nessa condição, como foi acostumar-se a ela. Estamos parecidos, esses dias. Esses tantos dias. Vejo seu mecanicismo, sua cegueira de não questionar razões e fazerem seu trabalho calados marcados nos meus passos frios de todos os dias. Conheço a sensação de só obedecer, de continuar, de manter-se estável. Esse determinismo tem feito o que de mim? Odeio marionetes. Acho-as feias e desengonçadas, estúpidas e sem graça. Só não digo que sou uma delas pelo fato de que sou eu (sou eu?) quem comanda meus fios, minhas linhas, minhas condutas. Não sou um poste por essa mesma razão. Mas sou prima dos dois. Nem todos têm uma família ideal.
Até quando irá o conformismo de viver os dias sem tesão? Quanto tempo durará a felicidade contida no observar da felicidade dos outros? Quanto tempo o sorriso se manterá no rosto que se lava de noite, que se lava por dentro, que não renasce todos os dias como antes, mas que gruda no rosto e nunca mais sai porque, se sair, é possível que não volte? Por quanto tempo a tecnologia saciará, as palavras serão suficientes, as certezas serão certezas e as dúvidas serão secundárias? Por quanto tempo seremos eu, eu mesma e a ausência de Irene?
Sinto mais por mim que pelos detalhes das coisas o fato de eles estarem gradualmente assumindo tons de cinza. Distinguo criminosos pela escuridão da sombra sob seus olhos, não mais pela presença ou ausência dela. Tudo é cinza, tudo é pálido, as diferenças antes gritantes das cores de Kandinsky espalhadas pelas ruas são agora a arte das fotos em preto&branco, mestres em dramatizar exponencialmente uma cena triste ou de congelar um cenário alegre como a memória mais distante dos nossos dias de ouro. Sinto muito mais por mim.
Mas, por vezes, alguém se aproxima. Ironicamente, aproximam-se todos para, sem saber, piorarem minhas condições inerciais. Tiram-me do meu casulo conchegante para me darem a esperança de uma aproximação externa, de um contato desconhecido. Mas, curiosos da minha terra encantada, relembram e cantam as graças da minha pátria e concordam com a escuridão do exílio, com as características do Velho Mundo com as quais não me identifiquei, nem me enamorei, nem quis, nem quererei. Lembram-me do gosto das frutas da minha terra, relembram Alice das delícias de Wonderland e depois vão embora sem nunca mais voltar, sem achar que deveriam voltar, sem achar que os sorrisos criam laços e iniciam relacionamentos.
E dou meus sorrisos de graça em praça pública e, como tudo que é dado, eles perdem seu valor. Significam mais nada para mim, a não ser mais um simbolismo do esforço em vão, a luz dos postes precipitados que os mantém na sua vida de todos os dias.

Espelho

4 de novembro de 2007

-----Email Message----

Sent: Sunday, November 04, 2007 3:55 AM Subject: friend died, nobody helped....
you will learn how to help yourself. it will break your heart, and it will make you strong.

31 de outubro de 2007

Partindo do princípio

de que tudo na vida é tragicômico, tenho que se mais flexível com as pessoas que riem de coisas nas quais não acho graça alguma.

29 de outubro de 2007

Sobre scraps (acredita!?)

"Olhando umas fotos aqui, percebi uma coisa. Sinto saudades da covinha da sua buchecha esquerda."
"Eu quero que você volte, podes crer"
Esses e outros foram tão significativos. Que gostoso.

28 de outubro de 2007

(...)uma forma simples de dizer ‘te amo’ no meio de maldizeres.

26 de outubro de 2007

Sobre você

http://www.fotolog.com/bicalho/26614676
por mim, eu diria que ignorasse os "uuui", os "que romântico", os "uau". são todos tão menores, tão simplistas, tão insanos e rasos. e olhe seu rabisco, o que você exprime. você é tão complexo. você é tão simples. você é tão bonito.
eu te gosto tanto.

23 de outubro de 2007

Love me

O egoísmo, ah!, o egoísmo,

tão intrínseco ao amor...!

Sobre frustração

Percebi que a frustração por ter deixado Brasília é tão grande que, por vezes, mesmo tendo a certeza absoluta da vontade de voltar, parece-me que nem isso (a volta) mais é suficiente para conformar-me.

22 de outubro de 2007

Sobre passos, agarros, arranjos, descasos

Quando a quentura escala seu pescoço, turva, pesada, lenta, e nesse ponto você engole um caldo quente, que te lava o que encontra pela frente, e escorrega por tudo, carregando ondas.
.
Seu corpo e o meu, e os centímetros. Meu estômago nas alturas, mas, na realidade, na altura do seu. Seus pés e os meus, chutando-se. Eu piso para frente, e bato no seu calçado. Você pisa para trás, e bate na parede. Que parede? Não há nada, você só não quer recuar. Quer ficar no mesmo lugar, mesmo espaço, mesmo espaço que eu, se der. Eu sei que disseram que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, mas estamos perto disso. Tenho pena dos centímetros que esmagamos entre nós. Mentira, não tenho. Tenho pena de nós, que não estamos nunca no mesmo lugar.
Suas mãos nas minhas costas. Acho que estão nelas, pelo menos estavam um segundo atrás. Tenho sorte de descobrir cedo assim que você corre tanto: se descobrisse mais tarde, talvez corresse de mim. Mas agora corre em mim, corre, e espero que não encontre fim. Sempre gostei das suas unhas. Não me pergunte, sempre gostei. Sempre quis tatuar, também, e a combinação das suas unhas e da minha pele está-me fazendo economizar o dinheiro que eu daria ao tatuador.
Nem darei dinheiro a ti. Não hoje nem amanhã, só se amanhã for um fim mal arranjado dessa nossa intensidade, e eu te pague pelo trabalho bem feito, na ira do meu amor. Mas não quero, nem estou pensando. Estou pensando nos seus cabelos nas minhas mãos, e nem sei como chegaram lá. Seu cabelo está por tudo. Tenho-o no rosto, nas mãos, no corpo. Você tem graça. Eu a adoro. Quero rir, quero mesmo, mas cada vez que arreganho os dentes, você arreganha os seus, e descubro o quanto gosto dessa nossa briga.
Sua mão aperta minha cintura. Muito, tanto. Amém, dedos opositores. Acho que quem arranha agora sou eu, mas nem sei onde. Mal vejo. Meu rosto no seu pescoço, enterrado, e seu cabelo por cima, tentando esconder, como você me esconde, como eu te escondo, em mim, em ti, em tudo. E tudo é vidro. Que fracasso. Que fracasso? Penso, talvez, sucesso. Mas só talvez. Só talvez fracasso. Acho que quero criar-te guelras, do jeito que te mordo. Acho que quer implodir-me, do jeito que me aperta e abre a boca, sem saber se o prazer é seu ou meu.
E adoro o cós das calças. Você agarra o meu e puxa-o para si. Eu rio, e você engole meus sons. Você tenta controlar. Controla-te o meu descontrole. Não adianta. Eu também queria que fosse mentira, mas dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, mas você ocupa-me já por completo. Eu abri todos os poros e você selou-os consigo, e conseguiu deixar-me respirar ainda. Suas mãos ainda passeiam pelos jeans. Acho que as minhas também. Seu botão estapeia o meu. Ouço o som, você também. Ouço meu riso, o seu, sua respiração, a minha, seus passos, agarros, arranjos, descasos. Ouço meu pé batendo nalgo. É só um meio fio, não é parede, está longe do fim.

tu l'aimes parce que tu l'as perdu

Caminhando pelas ruas de Portugal, mais uma vez naquela velha cidade tão famosa pelas águas ditas curandeiras, passei os olhos pelas mesmas paredes pelas quais passara. Daquela vez, algo completamente diferente na cabeça. Nem me lembro o que era, mas nada um dia teve o contorno que agora tem, então asseguro que era diferente. E então, caminhando atenta às mensagens descuidadas nas paredes, às quais as pessoas descuidadas não dão atenção, fui vendo essa teia de coisas. Naquela altura não percebi, mas em todas elas, todas, um tanto da loucura de agora.
"Odeia-me" e alguns corações ao lado;
"Welcome" e um carro correndo atrás de um bonequinho;
"The sorrow does not fade away with time"
e, antes dessa, vi uma escrita em francês, que fez lembrar-me de ti e dessa loucura, que tem sido meus anéis de saturno. Nada sei de francês, só o suficiente para me fazer ridícula. Mas poderia traduzir de alguma forma se levasse a mensagem para casa.
"tu l'aimes parce
que
tu l'as perdu"
Você o ama porque o perdeu.

16 de outubro de 2007

Sobre reciprocidade

Interessante, no mínimo. "Excitante" também se poderia usar, mas não é essa tecla que eu quero apertar, apesar (e talvez principalmente) do fato dela ser facilmente apertada, consciente ou inconscientemente. Mas, enfim, é absolutamente interessante, a reciprocidade.
Quando os pensamentos são seus e estão enclausurados em sua própria cabeça, sua própria cela, na própria gaveta que a tipicidade do dia-a-dia, reguladora simples, fácil, prática e necessária do cotidiano, te coloca com ou sem o seu consentimento, com ou sem sua consciência, ou é mais fácil lidar com eles por ser opção sua abafá-los e trazê-los à tona quando lhe convém, ou é absolutamente mais difícil, porque no controle do seu abafamento e do seu afloramento você se perde nas suas próprias vontades de descobrir a verdade sobre eles. De uma forma ou de outra, a cabeça voa nas considerações positivas e negativas, deleita-se com as possibilidades, sofre com as possíveis castrações e deixa-se levar pela tendência característica de cada pessoa: se você é confiante, seus pensamentos em geral tendem a levá-lo à conclusão de que tudo dará certo; se for inseguro (há quem diga "realista"), viverá sob a pressão da possibilidade da não concretização dos desejos e das ambições; se, pior que isso, for uma pessoa negativa, terá a certeza de que tudo correrá mal. Mas os pensamentos e sensações são seus, alienáveis somente pelo isolamento a qualquer opinião externa, são loucos, vibrantes, coloridos, difusos, vigorosos, fortes e disformes. São confusão amorfa, ainda que você veja os contornos nítidos do próprio questionamento.
Agora, experimente reciprocidade.
Experimente saber que o que lhe ocorre ocorre também à pessoa sobre quem seu pensamento gira em torno. Não digo restritamente em relação a atrações, amores, paixões e afins. Esses são os sentimentos mais óbvios quando se fala de reciprocidade, mas pense amplo. Você vê o menino sozinho lendo um livro e tem vontade de conversar com ele, de socializá-lo, de conhecê-lo. Mas ele parece realmente compenetrado, realmente interessado no que lê. O que você faz? (como fas???) Ele, por outro lado, pensa que tem de recorrer à companhia do livro por não ter com quem conversar, por sentir-se isolado. Mas também não conhece ninguém e ninguém parece interessado em falar consigo. E então, de repente, você resolve falar com ele, perguntar-lhe o nome, descobrir quem é, ver se vale uma conversa. E vale. Excelente. Conhecer alguém novo, excelente. Vira curiosidade, coleguismo, amizade, parceiria.
Pense no amigo que você brigou e com quem parou de falar. A briga é já besteira, virou passado, detalhe perdido na imensidão que vocês criaram. Você não fala mais com ele, mas quer, ele não fala mais consigo, mas quer. E o momento em que um de vocês resolve prolongar um pouco mais o olhar, rir da piada que o outro contou a um terceiro ou simplesmente furar a barreira invisível do orgulho de cada um é quase como a primeira palavra do início da amizade, a primeira risada conjunta, o primeiro prazer partilhado e a primeira descoberta sobre o outro.
Mas não, não adianta. Nada disso parece mais forte que a atração, os amores, as paixões e afins. Pressionei a tecla "excitante", e, eu juro, isso foi uma precipitação do texto. Eu não iria necessariamente referir-me a ela. Não há jeito. Não há coisa mais latente que o desejo e a queimação que ele provoca, a intensidade explosiva de guardá-lo para si. Nenhum outro além do fantástico Oscar Wilde para dizer "The only way to get rid of a temptation is to yield to it. Resist it, and your soul grows sick with longing for the things it has forbidden to itself". E quando é recíproco, quando se descobre que é também fogueira para o outro, meu Deus. Não há maior completude.
O desejo do outro entra rasgante, vibrante, louco. Confunde-se com o seu e eleva o grau de sua própria perdição e é, soon enough, tudo que se consegue pensar.
Não é um texto bom. Eu não o achei. Mas precisava dizer. Or else my soul would grow sick with it, as it's growing now, as I knew it would and as it will stop.
[Imagem: PostSecret.com]

Sobre segredos e detalhes

15 de outubro de 2007

Sobre futuro

Tem coisa por vir.
oh, yes!

14 de outubro de 2007

Sobre sensações

Faz bem. O turbilhão e você.

12 de outubro de 2007

Sobre pressupostos

http://celebridades.uol.com.br/ultnot/2007/10/11/ult4233u173.jhtm Odeio o pressuposto de que todos acreditamos.

11 de outubro de 2007

Today's Fortune II, o retorno

Today's fortune: Society prepares the crime, the criminal commits it.
O orkut agora virou sociólogo e me acusa de crime. Ou me compele a cometê-lo. Se essa é minha "fortune", guarde minha "misfortune" para si, querido.
É cada uma...
(Mentira; se você pensar, tem até alguma profundidade que se pode levar pro lado pessoal nessa frase.)

Sobre a falha de "Sobre saudades"

Sinto saudades da beleza de espírito de Claudio Dantas.

10 de outubro de 2007

Pra ficar guardado aqui

"Não sei dos meus direitos de estar aqui. E juro que não é pressão. Hoje me deu saudade de você. Não é como se eu não tivesse constantemente, mas hoje percebi que você é única que eu deixaria tomar conta da minha vida. A única que eu nunca questionaria decisões, pois elas sempre iriam querer o meu bem. Talvez porque seja você que sempre me mostre que tudo tem três lados. Talvez porque seja você quem lê a minha mente, e sabe e entende o que se passa, mesmo que eu não admita. E convenhamos, eu não admito. E nem por isso desiste, ou abre mão. Talvez porque você entrava na minha casa e nem batia na porta. Saudades da sua risada, das suas mímicas especiais pra mim e pro Rô. Saudades do Rô também. Saudades de quando eu cai no pingo de ouro e vocês riram de mim, de quando você ficava passando o pé em mim, e do Gilderoy. De discutir a noite do acampamento, embora a gente continue fazendo isso, e eu continue certa. E a gente imaginava como seria quando a gente ficasse mais velha, quando os assuntos mudariam e tudo o mais. E a gente ficou, e eles mudaram. Bom pra você, nem tão confortável pra mim. E talvez nada nunca seja tão claro pra mim como eu e você, e se eu tiver metade de você em mim, tá tudo bem."
Pra ficar guardado aqui. Que vou tirar do perfil porque não é mais o tipo de perfil que quero ter, esses com escritas assim. E porque também talvez volte a querer mais tarde, como já quis uma vez. Mas enfim, pra deixar guardado aqui, por uma razão ou outra, e porque foi tão especial e inesperado, e pareceu-me tão verdadeiro e sério, e porque foi uma das mãos que me seguraram, e significou um monte, e porque basta.

9 de outubro de 2007

Vocês são excelentes

Se eu lhes dissesse o quão fantásticas as coisas são, acho que não acreditariam. Eu diria, noutra época, "Obrigada, meu Deus" e parte de mim ainda diz. Outra sorri agora mais feliz que antigamente e agradece à vida por ser assim, e às coisas por serem dessa forma, e aos rumos por terem esse traçado e ao tempo por ser relativo.
Não tem sido fácil essa transição Brasil-Portugal, essa mudança de vida, de rotina, de ares, de costumes, de lugares, de pessoas e de cultura. Não, não tem sido, e eu estive caminhando aos trancos e barrancos, entrando em pé de guerra comigo mesma pela tristeza da saída e a força necessária para dar impulso às descobertas seguintes. Estive travando meu próprio crescimento por achar que o tinham cessado, castrado, maculado. E de repente, como um boom sem precedentes, vieram mãos de todos os lugares, inclusive os mais inóspitos, e me seguraram um segundo antes que meu corpo tocasse ao chão na minha brincadeira desmedida de largar meu corpo para trás achando que não iria cair. E, então, um pouco depois do meio do caminho, quando a consciência se arrepende da decisão e a coragem quer continuar para descobrir o impacto, achei que talvez valesse a pena ser cruel comigo mesma, sentir a queda, desistir de tentar voltar o corpo pro lugar e aceitar o baque de senti-lo no chão.
E me disseram que não. Um, outro, depois mais um, outro seguinte. Me lembra o filme Evan Al-Mighty (por incrível que pareça) e seu "ARK", "Act of Random Kindness". E, pra vocês, foi isso que fizeram. Só mais um Act of Random Kindness, mais um lembrete de presença, mais uma mão e uma escapatória pras dificuldades que eu colocava nos meus dias. Pra mim, a mudança que vocês fizeram, cada detalhe, cada rosto, cada letra e cada vírgula, fez segurar tudo o mais que está o ruim e fez dizer que não é nenhum fim de mundo, que não há necessidade alguma de bater minhas costas no chão e lá ficar, esperando um retorno que, nesses passos, levaria o triplo do tempo que eu queria agilizar.
Então obrigada. Por serem excelentes, por serem vocês, por serem mudança em mim, por serem pilares, por serem lembranças, por serem estímulo e principalmente por serem presentes.
Tudo essa semana, tudo o que vocês fizeram sem saber, tudo o que já havia sido feito vai fazer isso aqui valer a pena, e fazer o que virá depois melhor.
Vocês são excelentes.

E só pra terminar:
Raul Seixas, você fez meu dia valer a pena.

6 de outubro de 2007

Ode (disfarçada) aos Robertos

Isso aqui é uma falsidade. "Ode aos Robertos" é quase uma "Ode a Roberto Reis", mas vamos lá.
O primeiro Roberto que eu conheci na vida é meu primo e nasceu no período de tempo entre o nascimento da minha irmã e o meu. Minha mãe é sua madrinha e sua mãe é a minha, e que excelente tia, madrinha e pessoa que é. Pense numa pessoa de bom coração (Clau). Enfim, o Beto teve pânico de água na cabeça (isso, ele só tinha pânico quando era água na cabeça, no resto do corpo, não) quando pequeno e, por ser um tanto histérico e grudado na mãe, era completamente perturbado pelo irmão mais velho, que é uma figura. Depois de uns anos e uns banhos, perdeu o pânico de água e um pouco do grude na mãe. Faz já três ou quatro anos que não o vejo, mas sei, através desses canais familiares, que tem estudado numa escola agrícola (acho que é agrícola. Falta precisão nisso.) e nutre uma grande paixão por cavalos, e em algum ponto da vida, acho que dois anos atrás, ganhou uma égua pela qual também é apaixonado (e a família às vezes brinca maldosamente com esse fato). Era uma gracinha de bebê e eu adoro a fita em que perguntam pra ele de quem ele é filho e ele faz uma cara de perdido e diz "Eu... sou filho... da mãe".
O segundo Roberto que eu conheci na vida foi esse cujo último sobrenome é Reis, e peço perdão a possíveis Robertos que existiram na minha história entre meu primo e esse porque, se houve, foram esquecidos. Enfim, não sei se a primeira vez que o vi eu sorri, tampouco me lembro se saberia que sorriria em todas as outras, se não por fora, com certeza por dentro. Ele não é alto, não é baixo, mas tem a altura boa praa se manter uma conversa sem precisar esforçar o pescoço e, acredite, isso é excelente, porque as conversas com ele tendem a ser longas e produtivas e gostosas, e uma dor de pescoço anestesiaria um pouco esse prazer.
Em algum ponto da nossa amizade, a palavra "Betinho" atingia minha língua toda vez que queria chamá-lo, e então nunca mais saiu outro vocativo pra ele. Betinho tem um ar intelectual curioso, e uma falta de vergonha para verbalizar os pensamentos em sala de aula que eu gostaria de ter. Gosta de usar "Porque na minha cabeça, eu não consigo entender...", "porque na minha cabeça, eu vejo que...". Acha que há algo de irônico na forma como as coisas se desenvolvem, e como as coisas são e seus porquês e tem uma risada para quando vê nitidamente um exemplo dessa ironia da vida que é fantástica. De fato, sua risada é ótima; tem um quê de leveza e um quê de verdade e um quê de satisfação que me fazem sorrir à lembrança. Betinho me dá, instantâneamente, uma certa leveza de coração, uma expectativa inevitável de uma boa tarde consigo, de uma boa conversa, mesmo que seja uma conversa sobre as cores das mesas do pds (que é um bar). Betinho me escancarou algumas portas e outras só deixou entreabertas, e comecei a descobrir a beleza dos labirintos, das coisas turvas e daquelas limpidas. Betinho faz uma falta grande, uma sensação de que longe de si é complicado sentir-se completamente à vontade com descobertas grandes e realmente inusitadas, e sinto uma falta imensa do seu apoio diário para desbravá-las.
E uma coisa que vale a pena ressaltar, principalmente para meu próprio deleite, é que se tem algo que fiz certo em quatro meses de convivência com ele foi no último dia que o vi ter aberto uma porta nova de mim e contado-lhe algo de peso meu, e esse foi, pra mim, o ponto em que construímos uma ponte capaz de atravessar um oceano e uma confiança e carinho capazes de tornar efetiva e real nossa prática e credibilidade na relatividade temporal e espacial que vivemos e que ele, numa das melhores coisas que já me escreveram, disse que nos esforçaríamos para praticar.
Por você, Betinho, a intensidade abstrata desse amor, desse carinho e desse fascínio gravada nas mudanças, no tempo e no espaço.

5 de outubro de 2007

Mais um colete

É um jeito completamente isoladamente novo, esse que estou me sentindo. Há um vazio maior que mesas de bar amarelas, gramados mal tratados, regadores às 3h da tarde, posteres e desenhos nas paredes, explanações, xerox por todo canto, bancos azuis, bancos cinzas, cadeiras azuis, cadeiras beges, cabelos, toques, vozes e ouvidos. Há um vazio tão grande e um desespero bruto que bate de repente, quando já se está estável e se está bem. Essa pontada na parte mais interna de si, quando o coração parece estar no estômago, e os olhos dentro de si. Essa coisa, essa dependência, essa solidão regada da experiência que eu tenho de agradecer, essa dor que arde os olhos, essa dor que eu tenho que agradecer.
E me dói tanto. É mais um daqueles vai e volta, e agora volta como se fosse ficar. Não vai, nada na minha vida ficou, e não vou dizer que é bom, tampouco que é ruim. Mas agora, agora parece que estão tirando meu crescimento, da mesma forma como me tiraram a descoberta da feminilidade aos treze anos (ou permitiram essa descoberta da forma mais impactante) quando me colocaram na fôrma de um colete de ferro e plático duro que me iria contribuir para o controle do problema de coluna e me relegaram a camisetas grandes e calças largas, quando aos treze anos me vi tentando compreender, sozinha, por que era que me olhavam tanto na rua, como se o animal excepcionalmente diferente tivesse sido tirado do zoológico e levado a passeio. E lembro quando o médico falou que nunca tinha visto um colete daqueles atrapalhar as pessoas em termos de relacionamento, de arranjar um "namoradinho" e que eu não deveria me preocupar com isso. Ele só não pensou pelo mesmo lado que eu: eu achava isso muito mais ruim que bom, que se eu não arrumasse um namoradinho, então o problema estava efetivamente comigo.
E no início da adolescência e dessas descobertas de mim, havia um buraco de companhias que eu não tenho certeza de que consegui preencher. Os grandes amigos daquele tempo ainda são amigos hoje, um deles em especial, e o outro especial está noutro lugar, ou em lugar nenhum. E agora, 18 anos e as descobertas que eu começava a fazer, a descoberta de uma nova normalidade e a descoberta de uma nova realidade, estelarmente maiores e mais interessantes que as que eu vivia antes, são frisadas com essa mania que a vida dos meus pais tem de clicar o pause nos meus melhores momentos. Pois, agora acredito que está na hora de me entregarem o controle. E os choques, os choques virão porque vêm e vieram sempre, e com eles vem também crescimento. E estou sofrendo aqui, me submetendo a uma vida que me regou de oportunidades, mas que eu não escolhi, que eu não escolheria, que foi me fracionando em vários cantos e me fazendo preenchê-los mais tarde, fazendo-me aprender a preenchê-los e me estapiando caso não conseguisse.
Está difícil aqui nesse estanque de crescimento. Está absurdamente difícil. Quero falar ao Luan que quero ouvir o que ele tem pra me falar sobre Jesus e dizer que a menina que antes disse a ele que não gostava de ouvir coisas como "Jesus é um salafrário" (ainda que falado assim seja um pouco brutal) desistiu de lutar com essa de agora. Quero ir a bares e falar de coisas maiores que a morte da novela das oito e falar dela também, porque ninguém é de ferro, e é mais interessante que não sejam mesmo. Quero pôr cartas na mesa e fazer os sinais costumeiros, quero provar os cigarros, as bebidas, os lugares, as companhias, as novidades e colocar um pé depois do outro, como eles me disseram que esperariam pacientemente que eu fizesse.
E não me esforço mais para fazer parar essa sensação de estar vazia por dentro e de estarem arranhando com força minhas paredes.
E não quero ouvir um pêsame, um comentário de "sinto muito" ou outro de "estamos aqui". Não quero ouvir nada disso. Não quero ouvir nada. Se vocês não falam nos outros posts, não vejo porquê falar coisa alguma nesse.

1 de outubro de 2007

Ela me atrai

Ela me atrai. É noite, luz neon, música alta, gelo seco, suor, vozes, sorrisos, cabelos, braços, pernas, vários corpos, vários copos, nenhum copo, ela me atrai. É noite, luzes fracas, zumbido, murmúrios, frio, lentidão, cansaço, ela me atrai. Vai dormir, amanhã é outro dia, amanhã é rotina e ela não mais me atrai.
A novidade vem embrulhada em papel transparente e opaco, e eu não sei se abro, não sei se quero ver. Se eu abrir e se agarrar ao meu pescoço, se não precisar de muito esforço, então eu pago pra ver; mas se não vier naturalmente, se nem de leve me tiver em mente, não me dou o trabalho de rasgar. E qual é a grande surpresa? Ninguém rejeita a nova sobremesa, por que eu iria rejeitar? Mas ser segredo é sempre fardo, e aos poucos eu me desfaço pelo peso de o guardar. Mas o querer-não-querer colocar a panos limpos de repente estraga o meu domingo por ser tudo que posso pensar. E depois de um tempo são sabores, são arriscadas opiniões descolores do que não se pôde provar.
Minha folha ainda é branca, eu não tenho cartas na manga, eu não me deixo levar. E assim o cansaço desbanca, a tortura a mente estanca, mas não evita marcar. Isso é simples e não é passageiro, e eu não sou nenhum guerreiro por não me entregar.
Eu não gosto da sua roupa, não admiro sua boca, não vivo em torno do seu tocar. Eu não prefiro seu sexo, eu adoro o seu mistério, eu adoro o seu esgar. Eu não prefiro sua aparência, eu gosto da sua decência, acho sexy sua indecência e me contorço com sua carência. Eu não te quero toda hora, odeio quando você vai embora, não espero na sua porta. Eu gosto de mandíbulas mais quadradas, de pernas mais trabalhadas, de costas mais largas.
Mas eu respiro um pouco ofegante pela duração de um instante quando é seu corpo do outro lado da porta. Eu não estou acostumada, nunca entrei nessa auto-estrada, e ela sempre me pareceu sinuosa. Eu nunca senti incômodo por causa de outra saia, nunca me deleitei assim com outra risada, nunca gostei de bochechas rosadas. Mas na tensão de um segundo, quando seu braço chacoalha meu mundo, sua presença me queima a pele. Quero pensar no rapaz do outro lado da roda, quero outra escora, outra vazão. Mas você sem razão me chama os olhos, incomodamente alarga os poros quando entra no campo de visão.
"I don't think that it's Gonna rain again today There's a devil at your side And an angel on her way Someone hit the light 'Cause there's more here to be seen When you caught my eye, I saw everywhere I'd been And wanna go to You came on your own That's how you'll leave With hope in your hands And air to breathe I won't disappoint you As you fall apart Some things should be simple Even an end has a start Someone hit the light 'Cause there's more here to be seen When you caught my eye, I saw everywhere I'd been And wanna go to You came on your own That's how you'll leave With hope in your hands And air to breathe You'll lose everything By the end Still my broken limbs You find time to mend More and more people I know are getting ill Pull something good from The ashes now be still You came on your own That's how you'll leave With hope in your hands And air to breathe You'll lose everything By the end Still my broken limbs You choose to mend" An End Has a Start - Editors

28 de setembro de 2007

Dias de cão

Ontem meu pai chegou em casa vagaroso, um pé atrás do outro como se cada um fosse um tremendo esforço. Chegou três horas depois do horário de costume, mais cansado que de costume, quieto como raramente e um tanto lento. O dia foi uma batida. Corrido, agitado, cheio de compromissos e problemas pra resolver. Cheio de discussões e telefonemas e ordens e tarefas.
Ele contava, enquanto tirava a camisa devagar e parecia cansado até para o banho, que teve de ligar a não sei quantas pessoas e fazer não sei quantos rearranjos, que tinha o pepino nas mãos e que era responsável pela resolução da maior parte das confusões que aconteceram. Tirou os sapatos como se nunca tivesse ouvido falar da palavra pressa ou mesmo como se só fosse familiar com a lentidão e foi-me contando sobre o desenrolar do dia entre grandes inspirações e expirações. Disse, como se não fosse grande coisa, que saiu de casa apressado e por isso não tomou café da manhã, que teve que resolver mal entendidos e não teve tempo de almoçar. Quando me choquei e perguntei como tinha conseguido ficar em pé ele respondeu, num tom conformado, que tomou alguns copos de café durante o dia e comeu alguns biscoitinhos em recepções de hotéis ou entre um compromisso e outro. Quando lhe perguntei se queria que preparasse alguma coisa para o jantar, disse que a própria fome e o cansaço já o tinham alimentado, e que a vontade de comer tinha ido embora. Engoliu um ou dois pedaços de pão e foi dormir com um ar irônico, fingindo não saber que os dias seguintes seria a mesma coisa até que o problema central, gerador daquele emaranhado de complicações, fosse resolvido, afinal, ele era o responsável por gerenciar o pessoal, coordenar ações e dar conta do que só ele podia fazer.
Já eu fui dormir com um ar de curiosidade e a certeza de que ainda quero ter dias e responsabilidades assim.

25 de setembro de 2007

Today's Fortune

"Today's fortune: You will be fortunate in everything"

Ainda bem que eu sou dos que não levam a sério.

Sobre (re)começos

Sempre me esqueço do gostinho. Lembro-me das sensações, do deslocamento, das conversas dos amigos que parecem ter tido férias ainda mais agitadas que o ano passado, do conhecimento novos professores, do descobrimento de uma nova rotina, da adaptação, do costume e, por fim e ainda bem, do gostar. Houve só um lugar em toda a minha vida que eu não gostei, e esse lugar foi a Brasília de 2002.
Mas, mesmo que eu me recorde disso tudo, esqueço o gostinho.
Devo gostar. De mudar assim e de descobrir que se pode ser sempre um camaleão e, às vezes, um camaleão dos bons. Quem diria que eu sofreria tanto para deixar Brasília depois de conhecer, por seis meses, pessoas completamente novas e diferentes do que eu costumava conhecer. Quem diria? Me lembro (foda-se a regra gramatical de não poder começar frases com pronomes pessoais do caso oblíquo. estão reformulando a porra toda mesmo e querem tirar até a trema, que moral eles têm pra dizer que estou errada?) bem da sensação de tudo novo, da surpresa e do nervosismo. Me lembro do gostinho de entrar pela primeira vez na faculdade. Mas não me lembro do gostinho de começar novas amizades. Lembro bem da sensação, mas o gostinho não é a mesma coisa.
Ontem então, primeiro dia na faculdade para resolver minhas coisas, conheci outra caloura. Sofia. Bem querida e easy going. Eu realmente não me lembrava que era tão simples! "Sociologia também, é?! Prazer, Luiza" "Sofia" beijinho, beijinho, pronto: uma conhecida. Está certo que eu fui assim bem brasileira: conversadeira, alegrinha e risonha, mas eu sempre fui assim. E eu sempre fui força. Não tanto, mas a culpa é das piadinhas. Eu simplesmente não me livro delas. Nem quereria. Nem a Curu quereria.
E foi bom, foi um dia cansado e alegre, mas foi alegre. Cansado em nível maior porque eu dormi mal e minhas costas choram, mas foi assim, inovador. Entrei na faculdade e vi uma fila de pessoas, coletinhos azuis, caras entre riso, vergonha e desespero e, no meio deles, Sofia. "Meu Deus, é a calourada de sociologia!" foi o primeiro pensamento. O segundo foi "quero entrar na fila". Eles gritavam "Bla bla bla SOCIOLOGIA!" Cara, a vergonha era nítida principalmente no fim do coro, que era pra ser mais alto. hahaha Agora eu penso "não sei se queria estar lá não". haha Os veteranos puxando a fila, caminhando ao lado, instigando.
Eu sou pró-trote (pró-praxe). Uma praxe animada, divertida, não-traumática. Sem idéias de colocar camisinha no pepino com a boca, mergulhar no estrume, puxar carroça com veterano em cima (é, agrônomos, eu sou contra!), sem humilhação. Mas um trote suave e memorável. É um rito de iniciação, e, se calhar, ainda há no meu computador um estudo dirigido sobre a importância deles. É a marca de um começo, é um "bem-vindos" (cara suspeita ao escrever isso), é um "vocês fazem parte". É um (re)começo. E amanhã eu entro com qualquer pé nele.

21 de setembro de 2007

Here, Frank, the secret I chose to tell the world, not you.(and I know you'd support it)

And I find myself immensely brave for it. I am immensely brave for it.

Vale tudo

Por que diabos o suposto soco que Felipe Scolari deu no jogador sérvio virou comentário em tudo que é lugar? A mídia gostou do soco, os telespectadores gostaram, a crítica gostou, os blogs gostaram, os escritos anônimos e os que dão a cara a tapa gostaram, Felipão gostou, e a FIFA finge que não gostou. Oras, deixem-no viver! Parem de comentar sobre o maldito soco! Até eu agora comento, que chatisse!
E outra coisa, quatro jogos?! Tá certo que os portugueses não estão se dando muito com o técnico da seleção deles ultimamente, mas quatro jogos é um prejuízo incalculável pro time. Quem vai ficar à beira do campo vestindo um agasalho, segurando a barriga com o eslástico da calça, ficando vermelho de gritar e trazendo Cristiano Ronaldo pro banco mesmo que ele faça biquinhos(seu jogador habilidoso, ágil, metrossexual convencido!)?! Acima o vendido Felipão! Você deixou nossa seleção por uns tostões a mais mas pelo menos não fingiu que não é capitalista! Volta Felipão!

You writer, you liar

The writer: You think love is simple. You think the heart is like a diagram.
The phisician: Have you ever seen a human heart? It looks like a fist, wrapped in blood! Go fuck yourself! You writer! You liar!
Eu estou melhor agora.

19 de setembro de 2007

Sobre meus melhores quatro meses

Eu sinto tanta falta de vocês. Tanta, tanta, tanta. Me dá vontade, mesmo, de voltar em Janeiro. Eu espero que passe logo. Espero que passe mas que fique a falta de vocês, pra eu poder preenchê-la de volta depois. Mas é tanta falta. O dia-a-dia, as palavras, os risos, os olhos. Me dá vontade de chorar. Porque a gente tem vontade de chorar às vezes. E cadê o Beto para conversar sobre o chorar, a Mari Du pra ouvir e dizer que entende e me oferecer o mundo e mais um pouco, a Mari Vas pra conversar sobre isso, a Curu pra ser alheia e ainda assim me mostrar que está lá, a Clau pra dar apoio sabendo ou não o que é, Leyla-Layla pra alisar o cabelo e ser carinhosa, o, a, o, a, o, a. Deixa, passa. Muita coisa, algumas que não quero, mas passa. E fica.
Estou pensando no meu muro, e nas escadas de vocês; nas minhas âncoras, e nas bóais de vocês; nos meus óculos, e nas lentes de vocês; nas minhas algemas, e nas chaves de vocês; nas minhas cordas e nas facas de vocês.
E as pessoas que ainda me vão conhecer agradecem desde já a mudança que vocês fizeram em mim.

"Eu matei Mufasa"

Aos poucos, sutil e calma como poucas pessoas descobrem por si só que posso ser, eu vou lançando meus segredos pelos cantos do mundo, tramando palavras que parecem sem importância, cuspindo um passado sempre presente, um desejo nunca morno, uma esperança nunca vã. Vou deixando minhas migalhas em terrenos diferentes, vou jogando papéis no chão sem o remorso costumeiro, vou largando meus pedaços.
Obrigada por ouvir meus segredos sem saber, e eu te perdôo por fazer chacota deles sem perceber. Obrigada por ver a importância às vezes, e me olhar como quem fez um grande feito. Eu fiz. Pequenos Grandes Feitos Desconhecidos. Sem contar aquela latinha de Skol que eu virei. haha.
Obrigada, mais diretamente, à minha irmã, que sabe ser absolutamente carrasca e absolutamente compreensiva, e eu ainda não descobri como. Que sabe ser presente. Meus segredos estão já perdidos em você, e eu já não me importo que os encontre de novo. Só esqueça de procurá-los, faça espaço pros novos.
Estava pensando noutro dia no postsecret, nas pessoas que mandam os segredos, no ato de confessar-se para "o mundo". Eu vou-lhe dizer, é viciante. Escreva um segredo, confesse-se numa folha de papel, numa montagem da internet(tudo que dê menos trabalho e consuma menos tempo pra você não se arrepender enquanto escreve, certo?), nalgum blog. É viciante. É libertador. É auto-descoberta. É pesado. É assumir, é ter certeza, é confirmar, é perceber, é muito. Mas é bom. É viciante.

Sobre "Sobre Feedback"

Ou minha salvação ou minha decadência.

18 de setembro de 2007

É bem curioso

É curioso, não é? A gente perde alguém próximo e tudo parece mais fugidio, mais passageiro. Principalmente se a pessoa for nova demais. E se for de súbito. De repente você se vê agarrando-se ao adeus costumeiro de todo dia, ou ao bom dia cansado que você esqueceu de dar ontem, ou ao beijo que não deu depois da briga, ou ao sorriso que preferiu não dar na saída de casa. Você se prende aos olhos, aos passos, aos cabelos, aos sorrisos. Prende-se ao que dói e ao que acalenta, ao que é de sempre e ao que é novidade. Passam-se dias, semanas e meses e você ainda não lhe disse que gostou daquela carta curta e sem propósito, ou daquela longa e interminável. Então se lembra de que amanhã pode não haver mais destinatário e corre para descobrir notícias, saber paradeiros, relembrar.
Isso não é exatamente sobre o Rô, ainda que ele tenha um pé na história. É só que hoje eu recebi um lembrete de amizade, um "estou aqui", um "sinto saudades", um "me preocupo" e pensei logo nisso. E então, voltando a falar com essa pessoa do lembrete, ela terminou com "eu te amo" e podia-se sentir a preocupação inconsciente de "quero que saiba isso antes que se vá de repente e não dê mais tempo". Ela viveu essa perda súbita também. Por acaso, também foi o Rô. E eu aprecio. Seu desespero, sua dor, sua dúvida nunca saciável, porque exatamente essa dúvida, a da morte, é sempre insaciável.
Do jovem cheio de vida desconhece-se o dia da partida, do pai aposentado que joga bola aos finais de semana, desconhece-se a partida, do drogado, desconhece-se a partida, do doente terminal, desconhece-se a partida. Pode ser hoje, amanhã, depois. Podem até dizer "é hoje" ou ainda "dentro de algumas horas", mas pode durar um dia a mais, um a menos, um minuto a mais, um a menos.
Por isso, não vou recomendar que saia falando tudo desenfreadamente, grite aos sete ventos seu amor, regurgite loucamente seus sentimentos, declare importâncias. Não. Apenas agarre-se, se puder. Ao adeus à porta, ao beijo no parquinho, ao bom dia irritado, à palavra certa para fazer parar o choro, à oportunidade de dizer o que quer. Faça por si, não pelo outro. Quando ele se for, não é ele quem vai sofrer. Não é poético, chega a ser egoísta. Faça por si, pelo outro, pelos dois. Faça por ninguém. Faça por quem quiser, mas faça.

Rô, eu não deixei de lhe dizer nada. Pode levar todo o meu amor, meus gritos, minhas birras, minhas imaturidades, meu desespero, meus segredos, minhas crises, meus abraços, meus soluços, meus beijos. Pode levar.
A gente se vê. E procura refazer tudo de novo.

17 de setembro de 2007

Sobre perdão

"I gave me away I could have knocked off the evening But I lonelily landed my waltz in her hands In a way I felt you were leaving me I was sure I wouldn't find you at home And you let me down You could have knocked off the evening But you lonelily let him push under your bone You let me down It's no use deceiving Neither of us wanna be alone And you're coming home

I gave me away I could have knocked off the evening But I was lonelily looking for someone to hold In a way I lost all I believed in And I never found myself so alone And you let me down You could've called if you'd needed But you lonelily got yourself locked in instead And you let me down It's one thing being cheated But you took him all the way through your bed

And now you're coming home And I'm trying to forgive You're coming home And I'm trying to forget You're coming home And I'm trying to move on You're coming home And you haven't called yet You're coming home I gave me away I could have knocked off the evening But I lonelily loomed her into my bone You let me down There's no use deceiving Neither of us wanna be alone"

Damien Rice - Lonelily

Sobre perdição

Minhas palavras viraram meu vício. E as dos outros também. Eu não sei qual é o pior.

13 de setembro de 2007

Sobre validade

E quando estou em paz comigo, quando estou feliz e estou satisfeita, quando me acho eu e me acho suficiente, ela me diz: "Eu acho que você está você demais". E por isso eu percebo que nem tudo que ela me diz é sempre válido.

A resposta que eu não te dei

Não, eu não concordo.

Sobre furor

Cale-se, rabisque-me, valha-me. Cale-me, rabisque-se, sobressaia-se. Corra-me, de mim, as mãos, no chão. Bata-me, na porta, na rotina, na janela do camburão. Escreve-me, na areia, no rosto, na escuridão. Arranhe-me, a boca, a gaveta, as unhas no colchão. Suje-me, de si, de mim, de nada. Busque-me, no vazio, no calor, na meia luz da madrugada. Subjulgue-se, julgue-me, se desfaça. Corroa-se, colora-se, ponha-me em brasa. Fale-me, verdades, mentiras, rasas. Segure-me, o braço, o pulso, a têmpora. Use-me, leve-me, venda. Esqueça-me, ligue-me, desvenda. Ascende o olhar através da venda.