13 de maio de 2010

27/04 potencialmente entendido em 13/05

tudo cresce e, somado ao burburinho dos aviões, a joaninha.

Minhas mãos, ser mulher só, os computadores alugados

Eu estou às voltas; meu vestido dança. De manhã a zona do quarto é a mesma da sala, e nenhum dos espelhos mostra o corpo inteiro a não ser o do corredor. Muito exposto. Tudo roto, as roupas todas sujas abrem a boca do cesto. Abrir a boca na sexta; de manhã e de noite, preguiça e pornografia, um quê de tesão e tédio, sem que a ordem justifique a grafia. As contas num quadrado. Sentada pelada como uma criança no meio da sala, o chão sujo, o armário das comidas também, e a fome dá tristeza. Como uma criança sem pai: um adulto com problemas. Virar mulher é para alguns o problema repetido do seguro estúpido. Todas as coisas podem ser estupidificantes. Mas, quieta, sente falta do amante em rodas. Só a lataria prata entende, e a solidão é fria como a partilha impossível. São engraçadas a roupa suja, a digital na porta e dois molhos de chaves distintos. Várias contas e uma espera de super heroísmo. A menina nem gosta das próprias calcinhas. A solidão é um êxtase velado. Uma demência de mulher madura. Uma loucura de sanidade sanitária. Meu banheiro está sujo. Minha mãe e meu pai. E de todas as coisas, quero tempo para fazer as sobrancelhas. Sou uma menina.