28 de junho de 2013

A hora certa do desejo me invaje, faz-me acreditar que só eu sei a hora certa, engana-me, enlaça-me, erotiza-me, inventa-me, maltrata-me, ilude-me, a hora certa então enfeitiça-se para o outro, chega a seu pé de ouvido, engana-o, enlaça-o, erotiza-o... ele, enfim, acredia que também é eu, e inventa de a hora certa já ter chegado.

26 de junho de 2013

Eu imagino, se eu te dissesse tudo, se eu te falasse logo que eu fico remoendo todas as horas a sua imaginação, ora com roupa, ora sem, imagino seus argumentos, relembro encontros que tivemos pela metade, os n motivos que você nunca contou, toda aquela outra história que ainda é a mesma? É, sim que eu imagino viagens transcendentais no seu colo, imagino a imaginação reimaginada daquela imaginação de 2000, eu imagino mesmo. Viajo... o seu corpo é ótimo de ver pelo mundo, a sua estratégia, a sua aura. É ótimo te ver pelo mundo; viciei-me na criatividade de lhe desejar, desejei-lhe, e não pude te esquecer nunca. Faz parte de o desejo ser este órgão infantil que nutre todo o ser.

22 de junho de 2013

as horas, que bestas, as companhias minha vazão! a vazão da vida, a vazão do eu, exagerada Eu, a vazão da vida mais uma vez, por ser mais que eu. Tantas coisas rondam estes trópicos... tantos olhares. Quantos olhos se dispõem neste bifê (buffet), infindável bifê, alameda dos meus sonhos. Quanto espaço vazio existe por onde o erotismo possa passear... Quantas roupas!, quantas roupagens, quantas minhas posso contar - grande abismo, imenso abismo, ser livre, Vadiar! Tão longa a fila dos grãos da minha imaginação que deixo para depois voltar, muito ao início, bastante, quando a minha melhor amiga era minha primeira bicicleta. Infinito sonho, como voar: a vida sobre duas rodas, e uma corrente para pedalar.

19 de junho de 2013

O curso dos acontecimentos desviou minha atenção de você. O que é uma pena, pois você me deixa com um tesão louco. No meio das bombas, explodo!, a vida se buliça e em uma parte infantil da minha cabeça tão inteligente, você gira, entre dança e macumba me enreda nos fluidos da minha imaginação... No meio da bagunça alegre dos protestantes, a sua visão imagina Brasília, seca, esclarecida, cheia de vinagre esta salada mista brasileira. Seguimos em frente, eu e você seguimos em mente, sem lotar a Esplanada, a longa esplanada das minhas afetividades, grande demais.

9 de junho de 2013

melhor não alterar

Coçou a barba. Disse,
A distância é pouca.
Ela remexeu-se. Ajeitou a saia; não porque estava torta, chamava a atenção pras ancas. Disse,
A distância é pouca.
Acreditou. Contudo, todos os planos muito bem feitos, a distância seria o preciso espaço da ignorância: ele jamais saberia.
É suficiente.
Mas é suficiente.
Vou levar uma foto sua.
Leve essa, eu estava sem calcinha.
Era verdade, mas poderia ter sido mentira.
Quando conversaram-se, no início, foi há três anos. Ela sentava na biblioteca olhando as prateleiras; ele batia punheta depois do segundo horário. Cruzaram-se no restaurante, mas não se conheciam. Ela pensava em orgasmos durante o almoço, ele buscava na memória quais livros deveria ler para dali a duas semanas. Quando então começaram a namorar, ela lhe disse,
Não quero abrir mão de sexo com desconhecidos.
Ele lhe disse,
Eu quero ver.
Viu duas vezes; parou para provocar o tesão.
Ela dava para desconhecidos, para conhecidos também. Mas ele não poderia estar na cidade. Por isso viajava quando queria e quando não queria, para provocar o tesão. Ela viajava também.
Ele perguntava,
Deu?
Ela,
Não.
A mudança de tempo não perigou a saúde. Também ela não cansou, masturbava-se muito e tinha o sexo como um pensamento diário que permeava todas as coisas de uma ousadia brisante.
Olhou-se no espelho. Passou as mãos no vidro, sentiu molhar entre as pernas. Amava-o. Abriu os olhos: porque não admitiu. Virou-se para a privada, na verdade desviava do reflexo. Encostou as costas na pia, apertou o canal num prazer pompoarista. Riu.
Foi para a cama, masturbou-se, e pensou no que achava de amá-lo. Não conseguiu pensar em nada. Ficou horas olhando para o ventilador na verdade de olhá-lo e na esperança de pensar. Não pensou. Masturbou-se mais um vez. Rasgou duas roupas.
Ele entrou, disse,
Eu sei.
Ela olhou por alguns segundos, depois não o via, mas ele não soube.
Mas você precisa
Ela pegou um cigarro, olhou com desdém, não fumava
ter calma.
Sorriu. Baforou, viu quando ele apertou o que tinha que apertar. Não tossiu, que besteira.
A distância é pouca.
Mas suficiente.
Você vai?
Não se preocupe.
Mas eu quero saber.
Eu vou.
O quê?
Fazer o que eu tenho que fazer.
O quê?
Ele viajou. Ela, em casa, sem saber o que fazer, amava-o, saiu, foi para um bar. Viu todos, imaginou posições, gozos e vários estilos de chupada. Chegou em casa, masturbou-se muito, muitíssimo, por fim já nem fazia o que gostava mas gozava, pouco ou muito, e dormiu.
Ele voltou, radiante, viu-a deitada, suspeitou de tudo, enlouqueceu, duas camisinhas na gaveta, virou-a de barriga para cima, cheirou suas pernas, abriu, lambeu lugares esparsos para cobrir o que o olfato podia ter deixado escapar, acabou se enrolando e sua mão ficou lá dentro, achou que tinha prendido. Quando ela suspirou pro lado e arqueou como um acaso junto com a respiração, a certeza! tudo estava bem.
No travesseiro, a calma. Mal sabia que dali a dois meses começaria a cólera, e o fim estaria próximo. Ele seria um fanático pelo amor, agora que o descobrira com toda a certeza, e ela transaria com ele porque sentiria falta de ser perversa
Entrou; esbarrou no meu jarro de flores, já era! vai trombar com a parede trombou, está vindo vai bater em mim vai bater está batendo bateu! Ah! Já era

6 de junho de 2013

Ruivinha e legalize, Samuela deslisa pela paisagem dos meus ohos. Rapidinha e rasteira, o que ela já me disse não sei, insinuou algumas coisas que podem ter sido minha imaginação. Reboculosa, devagarzinho, ela passa sem pressa em direção a seu destino, reparando em mim para me reparar. Vira, mexe, lança cabelos, dá de ombros, jeito gostoso de chacoalhar o ombro direito. Me deseja, e se dá todo o tempo para disfarçar.

3 de junho de 2013

O corpo sente as tensões, eu não preciso anunciar. Entende em sua língua o mesmo conhecimento da língua. Em silêncio, é como se falasse, e não o posso calar, porque não há esse botão. Sozinho, conduz os dias, as minhas sensações e as decisões nas quais não pensarei. Inventa-me, criativo e voluntarioso, a qualquer hora, a toda hora, humilde e perverso em ser eu. Conhece-me como se me fosse, porque me é. E quando estou sendo todas as necessidades que parecem não ter a ver consigo, ele me lembra de mim.