Sempre me esqueço do gostinho. Lembro-me das sensações, do deslocamento, das conversas dos amigos que parecem ter tido férias ainda mais agitadas que o ano passado, do conhecimento novos professores, do descobrimento de uma nova rotina, da adaptação, do costume e, por fim e ainda bem, do gostar. Houve só um lugar em toda a minha vida que eu não gostei, e esse lugar foi a Brasília de 2002.
Mas, mesmo que eu me recorde disso tudo, esqueço o gostinho.
Devo gostar. De mudar assim e de descobrir que se pode ser sempre um camaleão e, às vezes, um camaleão dos bons. Quem diria que eu sofreria tanto para deixar Brasília depois de conhecer, por seis meses, pessoas completamente novas e diferentes do que eu costumava conhecer. Quem diria? Me lembro (foda-se a regra gramatical de não poder começar frases com pronomes pessoais do caso oblíquo. estão reformulando a porra toda mesmo e querem tirar até a trema, que moral eles têm pra dizer que estou errada?) bem da sensação de tudo novo, da surpresa e do nervosismo. Me lembro do gostinho de entrar pela primeira vez na faculdade. Mas não me lembro do gostinho de começar novas amizades. Lembro bem da sensação, mas o gostinho não é a mesma coisa. Ontem então, primeiro dia na faculdade para resolver minhas coisas, conheci outra caloura. Sofia. Bem querida e easy going. Eu realmente não me lembrava que era tão simples! "Sociologia também, é?! Prazer, Luiza" "Sofia" beijinho, beijinho, pronto: uma conhecida. Está certo que eu fui assim bem brasileira: conversadeira, alegrinha e risonha, mas eu sempre fui assim. E eu sempre fui força. Não tanto, mas a culpa é das piadinhas. Eu simplesmente não me livro delas. Nem quereria. Nem a Curu quereria. E foi bom, foi um dia cansado e alegre, mas foi alegre. Cansado em nível maior porque eu dormi mal e minhas costas choram, mas foi assim, inovador. Entrei na faculdade e vi uma fila de pessoas, coletinhos azuis, caras entre riso, vergonha e desespero e, no meio deles, Sofia. "Meu Deus, é a calourada de sociologia!" foi o primeiro pensamento. O segundo foi "quero entrar na fila". Eles gritavam "Bla bla bla SOCIOLOGIA!" Cara, a vergonha era nítida principalmente no fim do coro, que era pra ser mais alto. hahaha Agora eu penso "não sei se queria estar lá não". haha Os veteranos puxando a fila, caminhando ao lado, instigando. Eu sou pró-trote (pró-praxe). Uma praxe animada, divertida, não-traumática. Sem idéias de colocar camisinha no pepino com a boca, mergulhar no estrume, puxar carroça com veterano em cima (é, agrônomos, eu sou contra!), sem humilhação. Mas um trote suave e memorável. É um rito de iniciação, e, se calhar, ainda há no meu computador um estudo dirigido sobre a importância deles. É a marca de um começo, é um "bem-vindos" (cara suspeita ao escrever isso), é um "vocês fazem parte". É um (re)começo. E amanhã eu entro com qualquer pé nele.
queria que tívessemos um trote melhor por aqui. =/
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