18 de fevereiro de 2009

espaço em branco/[espaço em branco]

Não há nenhum problema, tudo está parado nesse quarto suspenso. Suspensas todas as roupas e os mistérios que você ergueu, todas as pilastras e os pés da cama aos quais você se agarrou, suas unhas e todas as conchas marinhas que você trouxe na volta das férias. Nos lençóis a areia da sua roupa de banho e o cheiro do sol do mar, e tudo o que eu perdi entre os temperos e as ervas que você jogou na minha comida. Todas as algas e as cordas que se agarram aos meus pés, minhas mãos que não costuram suas saídas de praia e suas saídas que também não acompanho mais. O quarto cheira a limpo, eu também. Jogadas no chão as meninas e meninos que consumimos, as Stellas, os Cabernet Sauvignon, Heinekens, nossa Bo(h)emia e os pinguins que trouxemos da Antárti( )a. Tudo o mais que virou besteira e os pedaços de sabão mortos. O Neruda que você não tomou nem leu. Caio Fernando Abreu em edições de bolso e Oscar Wilde em prateleiras fracas demais para seu peso. Também meu peso que medimos mal e todas as balanças que quebramos ao subir em conjunto. Todos os conjuntos cujas barras subimos e todas as barras de todas as grades de todas as coisas que vimos os outros quererem e viverem. Seu cd e o álbum que você deixou no banco do metrô em vinte e quatro de julho de dois mil e sete e a dobra calculada da quina do meu travesseiro. Também me lembro de Mário de Sá Carneiro falando que minha ponte não é a sua e etcetera e tal. E parecia fevereiro naquele dia em abril, mas faz tempo. Não sinto falta, mas também

16 de fevereiro de 2009

STOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOP!

Finalmente.

Finalmente.

Saia.

11 de fevereiro de 2009

as travas da mandíbula

Também às vezes não tenho nos poros a força para esquecer meu desejo. Tenho-os, ao contrário, expostos e sensíveis, consumindo a si mesmos na impossibilidade do seu corpo.
Estou sempre prestes a romper esse silêncio crispado e a tensão do que não podemos fazer. Estou sempre a um passo de desconsiderar meu respeito e meu cuidado com todo o resto. Todo o resto que se foda. Por agora, esses agoras em que mal me seguro, por agora gostaria, com tudo de mim que sente e se rasga, de tirar a razoabilidade da sua mente e te fazer sentir por um segundo que o razoável está nos seus quadris quando os apertar com força. Se não acreditasse na possibilidade, mais ainda, na potencialidade disso, não ficaria arranhando os lados do rosto e segurando com força o cós da calça e as coxas. Poderíamos - não, não poderíamos - fingir que não haveria mal se por um momento, só nosso e que nunca saísse do exclusivamente meu e seu conhecimento, parássemos de desviar os olhares e controlar a respiração. Que ainda hoje não posso olhar para você com a liberdade dos segundos, não posso, tenho apenas dois ou três para saciar toda e qualquer vontade. Mas na realidade gostaria de te olhar com minha respiração e a ponta dos meus dedos. Gostaria de te olhar com a pele do meu rosto, e ser conhecida pelo seu cabelo. Mas tudo isso espera guardado nos bolsos do meu short vermelho listrado.

4 de fevereiro de 2009

you feel like 300

you feel like a sharp spear and you taste like blood. and it would hurt absolutely much to love you less than this, and this is already a fierce and sharp spear and oh how it violently hurts to feel love slowly crawling its way everyday more under my untidy nails. you're adorable