28 de dezembro de 2009

Master com seus pais

você: "Quem são os fellahs?"
sua mãe: os felas da puta!

27 de dezembro de 2009

my pretty daughter, I despite these nasty games you've invented to entertain yourself. the problem must lie in me, i'm sure. moms do it wrong, you are not the ones to blame. i hope you never stop givin' yourself your proper value. love, mom.

26 de dezembro de 2009

é esquisitíssimo pensar que tudo isso é resultado de pouca leitura. mas é óbvio também. é esquisitíssimo porque eu não fui treinada pra saber que pra escrever bem é preciso ler. se vocês soubessem meu histórico, isso não pareceria ridículo... rs
a queda da qualidade das minhas postagens me faz me sentir uma pessoa literariamente pouco interessante e uma pessoa sem atenção.
Elevai-me, Senhor, ele vai-me, Senhor.

24 de dezembro de 2009

Senhor, elevai meu cosmo ao 7º sentido

Paciência e sobriedade. Posição flor de lótus.
agora estou tranquila com a tatuagem. deve estar maravilhosa. deve ter ficado maravilhoso.!

23 de dezembro de 2009

muita coisa está nestas coisas.
Eu sei que é besteira eu me sentir meio tristinha, ou chateadinha, ou, de não ter participado disso, eu sei, mas é esquisito quando você não participa de uma coisa crucial de que deveria. isso vai ficar pra sempre, entende, e eu não estava lá. Isso vem junto ao sentimento de que não estarei junto quando acontecer a próxima dessa, e não estarei, e é ruim. Como se eu não fosse ser levada para sempre pela pessoa que eu gostaria que me levasse, e, sei lá, é como se não fosse levada mesmo. É ruim, é um saco, e já foi. Nada muda. É uma tatuagem. O feito e isso, é uma tatuagem, que ela leva e não me leva, e eu não vi e não estou lá. Ela vai embora, e quando for é a vida. tipo, é como se fosse drama, mas não é, acho que vocês não entendem.

21 de dezembro de 2009

Sinto falta da Rebecca já. Sério, quero passar a vida ao lado dela até cansar.

14 de dezembro de 2009

you leave to have a cigarette, knees get weak

11 de dezembro de 2009

porque eu gostaria de ser bonita, eu seria qualquer coisa.
porque me gustaria ser hermosa, yo seria cualquier cosa.
parce que j'aime être belle, je serait n'importe quoi.
because i'd like to be beautiful, i'd be anything.

9 de dezembro de 2009

Se eu durasse, olhe só, se eu durasse, nada mais duro do que não poder ir embora. A vida só vale a pena enquanto você ainda crê poder matar-se.

8 de dezembro de 2009

now, once more, I don't want to fuck you. you scare me. and so does my deliberate growing distance of your body. i'm somewhat tired. and as much as i adore not falling for you, it is weird, as if something was lacking. and it is.

3 de dezembro de 2009

Passaram-se anos, e você, das notícias ditas, deve ter filhos, e ser casada, e ser feliz. Porque não haverias de sê-lo? A certeza da crueldade das coisas diz: você é feliz. Só por maldade, você é feliz. Sem mim, por lugares todos iguais, essas suas coisas todas iguais, esses seus sorrisos, você é toda igual. Você voltou ao lado certo dos pudicos irracionais e só atende a homens, toda a sua feminilidade gastada entre as mulheres foi-se embora, você é de homens, e seu passado te condena. Seus quadros das suas meninas queimados em fundo de quintal, naquele ano de mil novecentos e coisa, e seus prazeres todos novos, e seus filhos. Eu tento trabalhar, mas ainda me lembro de você. E suas pernas feias e todos esses homens aos meus pés, e todos eles pelos quais sempre fui apaixonada, e a memória das suas mãos horrendas esmagando meu amor em pedaços, jocando minha sexualidade rota aos seus pés. Eu te quero ainda agora aos quarenta como a menina dos vinte. Vinte anos são nada, eu queria que esses filhos fossem meus. Eu cederia; minha juventude, minha liberdade, meus prazeres pessoais pela prisão de filhos seus. Mas meu marido não deixa; nem meus filhos.
Ah!, eu fiz, que bom, estou morrendo de orgulho. A falta de escrúpulos é algo louvável em quem os têm. Ainda assim, não nasci para a maldade, me falta sutileza e graça. Não tenho tino para a crueldade. É preciso ser leve e ter a consciência em si antes que na coisa, é preciso ser preciso, é preciso ser delicado. A maldade é para os belos de beleza fina. São lindos e calmamente corruptos. São, em si, uma Verdade. Quem dera eu ser cruel, se não fosse eu. Há todo um prazer em machucar e ser sobriamente odiado. É odiosamente lindo se você é bonito, e ridículo e podre se você é feio. Eu, da minha parte, não me acho feia, pelo contrário, tenho medo de ser bonita. Subjugo pela força, não pela beleza, e eles todos dormem nos meus braços e não eu nos deles porque é assim que deve ser. E se me trazem café na cama é porque sabem ser ridículos comigo de cima da minha presunção prepotente. E quando me amam, desprezo-os, e quando não o fazem volto a ser a Luiza Rossi da minha quinta série. Isso não é lirismo. Isso é o achismo do direito de confissão dos bonitos que se dizem feios. Insuportáveis e infantis; deviam morrer, todos, eu junto com eles. Somos tão hipócritas e aproveitadores; cansados, acomodados, medrosos, lindos. Somos o cansaço estético de quem é comum. Mas somos e somos vinho. Ninguém nos deseja mais que nós mesmos, nem nos têm.
quando fui ao banheiro a luz piscou três vezes, e a terceira eu não estava esperando. depois tudo deu certo.
because I wanted to be beautiful I'd be anything.

2 de dezembro de 2009

não, nada disso faz sentido, e o sentido é uma coisa exagerada. estive estranha hoje, sou, às vezes é um prazer e uma deliberação, hoje não. não, não havia hostilidade, estava só como Luiza Rossi não é. E então estranhamentos são algo como um divertimento, na realidade são só algo longe e sem sentido, mas vira e mexe as coisas são longe e sem sentido. é óbvio que estou apaixonada por você, quero tudo, quero nada, quero você, seus lances, seus esconderijos, quero que você se esconda de mim, é óbvio, e possa. te amo. quero te amar, digo, mas não te conheço, não posso te amar. não *falta texto*, como diz o celular de isabela, e o texto existe em The Queen's Croquet Ground - she's so taking my head off

1 de dezembro de 2009

I wanna fuck you. It had been some time now since I didn't.

24 de novembro de 2009

19/08/09

I was lying in my bed last night
When Poe came along
He was sad, I guess, or that was just his normal state
Wore black and his clothes seemed torn, but black is a tricky colour
He looked at me with such pity
That I cried because it was Poe and he pitied me
And with an unfortunately never ending movement he swept from my forehead my long fringe
And he seemed to love me like he loved Berenice before
When he did not love her
So I felt pretty and unlovable, like Angelina Jolie
Like pretty, boring songs
Like the Pope
Like too famous an artist,
But then again I have said this already
Then Poe was my mother, this seemed somehow a dream within a dream
Only poorer
And my mom had a rope, something as if she had a hope
But it got me despaired and not relieved, as I would think
And somehow the feeling of having
A lot to do the next day gripped me
And I cried remembering my cradle
And those cheap teddy bears which eyes always fall off and leave them weirder
And then, being my bed quite brown and dark
Well I felt in a forest, then I felt in a zoo
And when I got up
The zoo was there still, which was weird
And out of place
I mean they were my friends.

20 de novembro de 2009

amores novos têm o formalismo mais ridículo que há.
amores nervosos têm a tranqüilidade mais bizarra.

isso não é um diálogo - nem uma alusão a magritte, a não ser que se pense Le Tombeau des Letteurs, Magritte At Pistol River e alguns outros

"quando me apaixonei por ela, já não tinha mais jeito"
"já não tinha mais jeito mesmo antes"
"é certo que ela queria, mas depois.."
"ainda tem jeito?"
"não tem mais jeito"
"eu espero"
"eu preciso é de coragem"
"não espera não, vai"
"não tem jeito, eu espero"
"eu não tento esquecer"
"eu esqueço, mas depois.."
"isso faz tempo, será?"
"isso faz tempo"
"dá nada"
"dá nada mesmo não"
"dá; eu espero"
"um dia dá, é tão inevitável"
"não se evita, ela vai ver"
"vai sim"

17 de novembro de 2009

the clock ticks, i still think that bunch of things, i still crave, i read that old writings and i see them as memoranda now, how could i not.

2 de novembro de 2009

perdi a simplicidade ou nunca tive?

1 de novembro de 2009

tem umas coisas que não fazem sentido e acabam sendo meio ofensivas

na chegada no colchão

Ah, se me causasse na alma menos que esse transbordo, menos que esse excesso de uma consciência prematura e inimiga. Ah, se soubesse descansar como descanso em seus braços que não me querem. A generosidade do meu lado que confere calma e as boas mentiras dos banheiros públicos. Busquei em Josué carinho e em Carlos Drumond de Andrade mais que um abstracionismo que não enche barriga. Busquei em Maria Aparecida que aparecesse.
O mar é um vômito da noite. De manhã ressaca e mata. O mar é a língua da noite, e seus cabelos tão arrumados...
E perdi, por fim, o fundo raso da minha tranquilidade. Não estou tranquila, não sou, mais, tranquila. Tudo agora me é resto. Tudo que consigo, agora, me é resto. Vejo a mancha caminhar o xote da minha incapacidade. Os olhos enamorados das circunstâncias me desprezam, e eu, menosprezada, olho. Todos os corpos são azuis, e são inchados, e vão morrer. Mas eu não vejo assim. Vejo um som grosso e burro ao redor das coisas, não ouço mais nada. Tudo é um rumorar distante ou um desinteresse ruidoso. Tenho tédio, minha ação se chama tédio, até a própria disposição, é tédio.
Não tenho sequer um interesse na dança dos corpos. Tenho preguiça em pensar em atos sexuais, e quando penso, preguiça de pensar executá-los. O miar do gato é pura malcriação e eu quero dois copos de pinga. Duas doses. As palavras agora formam desenhos além de serem só nomes, e eu estou sozinha sem os erros da sua interpretação enviesada.
Eu não só quero que você me queira, eu quero ficar sozinha em casa. Só hoje reparei que estar arruinado é ser ruínas, e invejei com todas as forças a perfeição desse senso estético. O ciclo completo de ser ruínas. Picasso inveja. Mas não precisa se preocupar: todos os seus críticos lhe dirão ruínas mesmo sem que o seja, porque o bom da fama - e da infâmia - é poder ser tudo sem ser nada.
Quando mamãe me disse que papai morreu, pensei logo em ser advogado para ficar, além da minha parte, com a dos serviços da lei. Antônio, disse seu-moço da fazenda, tem quê de se apoquentar não que eu já tô indo. E dormiu com a varinha na mão.
Lisa era boa, mas era fria.

21 de outubro de 2009

algo como 'minha baixa auto-estima é narcisismo'? credo, fantástico.

20 de outubro de 2009

O Jardim, Miró
o dia estava quase terminando, tudo estava tranquilo, mas eu lembrei de você mais uma vez, como a despedida da minha consciência para o sono.

19 de outubro de 2009

Força de vontade, velho; sério.

6 de outubro de 2009

é, pois é...

"Quero umas três horas pra ficar olhando sua tatuagem. Quer dizer, isso porque você não quer casar comigo."
Said the priest: either you like jesus or you like me.

http://lista.mercadolivre.com.br/b%C3%B3ia-de-bra%C3%A7o_DisplayType_G

and be cool and be happy.

4 de outubro de 2009

should you stay where you are?

Why don't you say, you know, you lie to me, that tomorrow you are thinking of drinking tea, and sharing all the things you couldn't speak when you should have? why don't you say that was the time, and by saying goodbye, you really meant I've got to go pick up my daughter at school but we could do this any other time? why don't you start and stop pretending, you start being demanding but with reason? why don't you leave your cell, you buy from me my awkward smell that you think is lovely? why don't you leave your sexual and sentimental toy, you tell the person to go and enjoy, and you'll learn how to love once more? why do you get used and you think you're not bruised by watching love walk and smile to you elsewhere? why do you fool yourself, you like me inside your shell and you spend time enjoying someone else? you should see what I have to give instead of writing and rewriting: i should stay here.

Reservado Carmenere de tempos

vinho forte, e não faz nenhum sentido. vinho para esquecer não saber que falta de sentido devo esquecer.

1 de outubro de 2009

I can't think. There is a feeling of death lingering in my tea. It's somewhat tart and unconfortable. It does not think It does not know I am tart and unconfortable.

And here comes Poe's knock on my window.
I'm a moth, a too inflamed butterfly - that's what moths are (they are inflamed with love, mainly) - and I stare with the corner of my eyes. It's really pleasant to have a cup on my moth hands. I am George Samsa. I cross my legs and stare like Holly Golightly and I am charming as hell. (That's why I keep on smoking.)
But I am alone and you stare at a hundred different earings trying to find love where you may, and lust where you will. And you will throw them away - with tea; because you are beautiful and you are vile. And I will throw mine away; because they have already composed my Cranach's work of Heaven and I don't desire them.
You're in the other side of town (you are small but I have good eyes), and I see there is no possibility of running into you even if I kill a hundred different trees that I see on my way.
I educate myself in every music style there is so I can love, and I love. I am now something the mirror flirts with, because it does not know, and sometimes I flirt with everything that walks.
(I got news of you dancing around town with your pack of disbelief.)
But still, back to me moth, two or three chinese girls of eight jump and dance in front of me
in this dim room for which i am paying, like persecuted animals with no food. They prey and I pray (and I prey too) so I can come up to heaven and observe your love from above. I can understand the full picture of this canvas and you do many things with love when you don't notice, and I am yours, it's a fact, and it's ok; I am resigned, you know?

30 de setembro de 2009

I want you now, I want you now

"As she laughed I was aware of becoming involved in her laughter and being part of it, until her teeth were only accidental stars with a talent for squad-drill."
T. S. Eliot, Hysteria

29 de setembro de 2009

??????????????????????

27 de setembro de 2009

amar às vezes é um silêncio... .

23 de setembro de 2009

ah, sim: e às vezes, naturalmente, você quer voltar
é simples, como andar na corda bamba pra chegar onde se quer: às vezes você olha pra frente, às vezes você olha pro chão

21 de setembro de 2009

Peter and the Wolf? No, no, Peter, the Wolf.

I'll study, and there comes you. I'll lie down, and there comes you. I'll write, and as usual you come. Please, stop.
Wrote on April 4th, found nearby Guadalupe's Church, started like this
I'm putting love somewhere else for you. Not for you, but for me and the incapacity of developing it on you. I'm in love with you. You still love someone else. I could put this on a secret message and bury it somewhere, but honestly nothing will soothen the complete distress caused by this reckless like. Now I've gone and put my love somewhere else. But I love her not. Now we are entagled in some sort of fancy that can't go on because of external impossibilities, and you still wander in my mind, even though I've managed sometimes to put you out of it, and even to put an end in all of this. I don't want to see you any longer. Let's openly make this the distress it really is. I don't want to see you, to talk to you, to be close to you, to touch you. I want years to pass, I want you to be a blank sheet.

13 de setembro de 2009

1975, The Day of the Locust

- I love you.
- Now, don't spoil it.
- It's true, I love you.
- I can only be loved by a man with wealth, and can only love an incredible handsome man. I'm sorry, that's how I am; try to understand.

12 de setembro de 2009

tudo na vida é charles lutwidge dodgson

"And thus it came to pass that I found myself at last in possession of a huge unwieldy mass of litterature – if the reader will kindly excuse the spelling – to constitute the book I hoped to write." L.C.

releitura do post de 26/07

Não consigo escrever. Tenho as pernas abertas; minhas juntas e outras juntas, e o peso do joelho alheio fazendo força na minha mente noutro lado do mundo, como um papel voando, nada além disso. É como se eu fosse uma pedra mole, ou uma moleza pesada num corpo que não me entende - o do outro - he's only searching for my soul, if you get what I mean. Estou sentada, e essa penetração descabida não dói, sequer faz força suficiente, e por mais que esteja em todos os lados, não está em lado algum, é como se muito mais coubesse nessa minha sensação oca de nada; como eu sendo um invólucro vazio de amor, como uma caixa. Amaldiçôo a cama, o chão seria agora uma sensação tão mais própria. Passo a mão pelos cabelos do outro, me descolo, e queria comprar uma tesoura para cortá-los. Tenho uma vontade de machucá-lo por nenhuma razão em particular, na realidade nenhuma razão em absoluto, quero deixá-lo maiúsculo - também não sei o que quis dizer com isso. Penso agora no samba do avião, e no sambinha de ontem e onde você estava?, eu me estrago, estou meio estragada, minhas paredes com um vazio gigantesco, eu estava de salto e calça, eu era linda e hoje eu só queria observar, eu quero te ver sem você ver, como num filme onde eu possa te observar de longe e de perto e tocar suas extremidades sem que você possa sentir. Quero ficar aqui, com essa dor na junta e na virilha, que é típica dessa posição, e quero ficar assim e pensar nos meus amantes desencontrados, enquanto me desencontram, e deixar a cárie agir enquanto esqueço que estou sendo comida. quero ficar assim e pensar nisso sem dormir, nem fazer sexo, mas sei que o sono vai chegar como um cansaço de fricção, de tempo e de tudo, então é como se eu quisesse abreviar minha viagem já e dormir logo. Nunca paro pra pensar no sexo que não devo fazer. Assim, simplesmente pensar, encaixá-lo no quadro da desnecessariedade; torno-o sempre rotina no meio caminho de um lugar a outro. Não quero ficar parada em casa, quero sentir tudo que há. E por conta disso sinto nada, por escolher mal achando que posso tê-lo de qualquer lugar. Depois me vem um sono..
ai, a inclinação sentimental do meu amor inexperiente e raso

10 de setembro de 2009

Half the love I had for you was a lie, the other half i don't know. Nem sei do que digo, e não sei do que quero dizer, e penso se o escrever aqui como se fosse postar não vai deturpar o que posso dizer ou querer dizer. Toda essa aura me dá uma certa movimentação engraçada, uma movimentação que acho engraçada; penso coisas e tenho disposições que não teria comumentemente. É engraçado, como uma grande exposição gratuita que, sem platéia (se não tiver), mostra-se a si mesma. Imagino que ultimamente tenho me sido mais minha, como se só eu realmente me conhecesse, e então imagino que tenho contado mais coisas a mim mesma, e somente achado necessário me assegurar de algo, e não aos outros. A idéia da greve me conforta os nervos, desculpem-me os que têm projetos, compromissos e não podem abdicar do verão no fim do ano, a idéia da greve me conforta os nervos acho que porque não pus realmente em ação o que planejava, penso, mas ainda posso pôr. Também até a idéia de ir pro Rio por algum tempo não é tão ruim, minto, é até boa, penso, mas é incômodo deixar a Rebecca nos seus últimos meses, ou semanas. É chato por mim, digo. Que tipo de laço criamos? Posso passar anos com uma rede, uma cadeira de balanço, uma varanda, dois copos, alguns vinhos, alguma comida, algum cigarro, conversando sobre o que já se sabe e sobre o que nunca se saberá consigo. Viagem à Terra do Brasil, Jean de Léry, meu francês que não foi pra frente, minha frase francesa em portugal, Amélie Poulain, meu inglês muito bom, Londres que não me esquece, Mariana Duarte que poderia voltar, como quero tomar conta dela, Rebecca que não cabe em lugar algum, Roberto que não cabe em fôrma alguma e as coisas que vou me admitindo. Razões para se aprender a cozinhar e o apoio moral de mamãe. E comprar o anti-alérgico por conta daqueles cigarros e daquela comida e daqueles vinhos e daqueles copos e varandas, balanços, redes,

2 de setembro de 2009

perturba-me o mutismo ensurdecedor da ignorância que lhe imputo por minha falta de coragem. à sua volta tudo parece uma tosquidão débil e essa paixão só a mais forte inclinação de uma criança de seis anos. recuso-lhe o toque e só não a visão porque sou um discípulo fraco. e perturbo-me do início ao fim da contemplação gratuita e compulsória de uma beleza que já não sei se lhe inventei. tornou-se bonito também o caminhar truncado dos seus dedos feios e maliciosos, e mesmo quando você fala muito, nunca diz nada. recuso ouvir o conteúdo geral das coisas, por recusar-lhes que não me digam respeito, e quando presto atenção e sorrio é porque já não tolero sua presença. em verdade desprezo sua falta de percepção e a dificuldade que deus tem de lhe fazer entender que eu te quero. e quando penso que percebes e preferes ignorar até que se desfaça pelo cansaço essa minha afeição, sou mais uma vez a criança de seis anos que não sabe aceitar a não reciprocidade e a esconde com estupidez. deixo-me pegar na contemplação de qualquer das suas feições comuns e faço comentários com o simples propósito de ser particularmente sutil no tratamento das suas nuances. no fundo não queres nada disso, a não ser as experiências similares de seu próprio passado. enquanto lanço bases e redes para um futuro que rezo próximo, revês fitas em seu apartamento agora vazio e ainda que tenha seguido em frente, não deseja outro corpo senão aquele que te conhece. jogo pelos cantos meus gostares a fim de que sejam tomados por aqueles que deles precisam ou desejam, mas não os tocam, imagino que ainda falte algo no meu cartão de apresentação. na realidade estou só estafado de doar e tenho medo de continuamente querer que seja você a quem esteja querendo eternamente encantar. dou risadas altas e longas baforadas a dizer de uma brincadeira e uma birra, e com desgosto e secretude relembro roupas realmente antigas de encontros ocasionais pela cidade e por motivos que me faltam não as esqueço. leio livros e músicas na esperança de memorizá-las para qualquer momento oportuno que não criarei, ou não terei coragem de anunciá-las, pela patetice de ser delicado com coisas ridículas e de estar estar gritante e escancaradamente apaixonado, que acho sempre apropriado e sóbrio negar. receio sufocar-lhe e por conta disso ponho em mim o objeto do meu desejo, e morro sem ar momentos a fio enquanto penso não te perdoar pelos atrativos que não sabes controlar. por não ser capaz de lhe aproximar com a leveza de um qualquer, elevar-me-ei à condição ridícula de já chegar como um super carregado batalhão de soldados cuja exagerada vontade de vitória é seu precipício e seu ridículo. por isso minha indiferença brutal, amor.

29 de agosto de 2009

ei, maria, é tudo razão da tigerlilly

There came Tigerlilly, Carroll lurking from a distance like her father. She got so close to me, but so close I shivered a bit. Them she said if I could wait a little longer that I'd see her love me. I don't think so, Lilly, but Carroll is always the one that can brighten up my day. He blinked, but knew the advice was poorly sound.
I love you, I love you, I love you she said, and she had such beautiful legs, and a most fantastic air around her eyes. A butt of an innocent girl and red lips as if she was someone's daughter. A fake laughter, so fake, oh God, so fake she liked to think it was an idiossincrasy to laugh like that. And also she'd lie greatly and poorly at the same time, 'cause she had a tick on her right eye when she did so, but it was hard to notice it. Nevertheless, she said she loved me. And I, oh I felt nothing, just a soothing comfort inside, seeing someone would break their hearts over me. And I watched with a killer's patience her love spread itself upon the table, that bar table among friends and dwarfs, those weird scenarios I kept facing. But them the light touched the outside skin of her tigh, and I could barely stand it, so I reached out my hand to touch it, and in the meanwhile her love ended. She got up from the table naturaly, I think no one had noticed she had ever been there, and she sat three chairs from me and I had this hand outstretched catching air and a bit of her cheap scent. At least it was cheap.

26 de agosto de 2009

Eu tô morrendo de vergonha de ser eu

_|_

MEU URSINHO É UM TRAVESSEIROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!
granola, me ama. me ama, vai.
QUE DROGA, EU ODEIO ME SENTIR VULNERÁVEL! CA-RA-LHÔ!

24 de agosto de 2009

uma ânsia quase infantil, se não infantil de fato e de todo

20 de agosto de 2009

Jack Lilly Lee

Jack Lilly Lee was always kind to me
When I was really needy he would let me pee
Jack Lilly Lee had a beautiful tree
I wonder why it had a rope he named after me
Once upon a time in a very distant land
He said he met a lad he could barely stand
I understood him perfectly ‘cause once i met a boy
Who was really a lot more boring than my most useless toy
And Jack Lilly Lee must’ve liked my comparison
Cause he squeezed my cheeks until it changed my complexion
We went out one day cause he was on a date
He was kind enough to say i was a special kind of mate
He said i was very gentle and that she should see
That when we played colonization, i’d let him have the wip.
The day after that we played jockey
I’m sure he was trying to hit the horse with that stick of hockey
He taught me once how to fix a lamp
It was only a pity he didn’t say my clothes shouldn’t be damp
Anyway, anyhow Jack is a really nice fellow
It was an accident I swear, but he surely now looks a lot more yellow.
When the gentleman with the black coat arrived
He thought I was the requested private
He opened his suitcase with one hand
With the other he told me I was a rat and not a man
I sat on a chair, I did not feel like crying
I was only tired really, which was a bit surprising
He had a wife back in Arizona
Three kids, a dog and a little marijuana
He was a soldier since he was born
Cause he liked to kill and to leave things torn
As for me I was a Barbie or just an ugly hairy doll
Also, he said with conviction, I was to stay against the wall
I asked intrigued why the fuck he needed me
He said he had a new gun but no piece of meat
Three steps to the door
One chance in a million
He said don’t bother darling
I promise to wear the black ribbon.

18 de agosto de 2009

Escreveu, pôs lá: mulher solteira procura homem atraente, charmoso, bem sucedido, na casa dos 30, cabelos curtos, olhos castanhos, mais de 1,75m, corpo bonito, leitor de bons livros, apreciador de boa música, de família interiorana e pacata e cuja vida amorosa não foi muito turbulenta. Esperou um mês, depois dois e depois três. Quando passou quatro e meio resolveu mudá-lo. Achou que pedia demais, e que dificilmente encontraria tal perfil. Escreveu: mulher solteira procura homem atraente, bem sucedido, na casa dos 30, olhos castanhos, mais de 1,75m, leitor de bons livros, apreciador de boa música, cuja vida amorosa não foi muito turbulenta. Achou que deixara de fora bastante, afinal charme, cabelos curtos, corpo bonito e boa família eram boas especificações do que procurava; mas, enfim, era melhor assim. Depois do quarto mês de espera, começou a engordar. Relia o classificado duas vezes ao dia para saber se era mesmo bom e se o tinham colocado em uma posição favorável na página, e pelo menos sete vezes checava a caixa de email. Recebeu um um dia, com foto e tudo mais, e achou que o sujeito não tinha entendido a chamada. Ignorou. Um mês depois, mudou o anúncio: mulher solteira procura homem atraente, bem sucedido, na casa dos 30, leitor de bons livros, apreciador de boa música. Imaginou que a aparência limitava muito a possibilidade de achar alguém, e entregou-se ao Deus-dará. Deus-dará que nada, Deus era guloso e nem com esse descrição seca dava-lhe alguma coisa. Deixou o tempo correr e o anúncio ficar, e ficou lá, nas páginas dos classificados, no seu perfil na internet e no site de relacionamento, bem como em alguns postes espalhados pela cidade. E ficou, ficou ficou. Quase esqueceu-se, mas não esquecia de fato. Quando relembrou-se, mudou-o de novo. Escreveu que procurava um homem apreciador de boa música e literatura. Meses. Ninguém veio. Mulher solteira procura homem. Nada. Voltou a sofrer ininterruptamente. Tudo somava já anos. Não sabia quantos. Devia ser mais de meia década, certamente era, era sim. Olhou para o anúncio colado no teto do quarto antes de dormir. Olhou, olhou muito, não parava. Resolveu fazer tudo - se estava na chuva era pra se molhar. Escreveu: mulher solteira procura alguém (assim mesmo!, sem especificar o sexo!). Semanas! Meses! Mulher solteira procura. Encontrou muita coisa. Apartamentos, propostas de emprego, chaves perdidas, carros seminovos e novos a preços imperdíveis, parcelamentos a perder de vista, sapatos em promoção e roupas fantásticas em brechós desconhecidos. Tirou o anúncio dos classificados e de todos os outros lugares onde estiveram afixados. Carregava agora somente o cartão de apresentação, porque afinal era imprescindível. Fundo branco, letra preta, Times New Roman, 12, sem frescura: mulher solteira.
Eu tenho medo, é simples.

15 de agosto de 2009

?

há tantas coisas que quero dizer, metade delas estou me mentindo, ou estou criando pela necessidade e até que ponto isso é uma mentira então tenho tanto a dizer tanta coisa que quer ouvir tanta coisa que quero dar que no final talvez só me queira mas ainda assim tento tanta coisa a te iludir e tanto lugar pra te levar tanta coisa a esconder e tanta coisa e tentar tenho uma série de argumentos que você devia ouvir e uma vontade de sexo que você partilha tenho vontade de calma e tenho também não sei necessidade de espaço quero ser de uma forma diferente digo diferente do que já pratiquei ser e fazer quero espaço sabe quero menos imprevisibilidade penso quero poder te iludir e me iludir e terminar sem que isso seja o fim do resto que já tinha e de carinho e consideração e atenção e freqüência não sei você acha isso possível você me acha mais possível do que eu acho você
Me queria, mas também de alguma forma havia todas as coisas que se prenderam à rotina de não pensar em quereres, nem tolerá-los. Já aos dezessete beijava meninos pelos quais não tinha nenhum tipo de opinião, e então não precisava pensar em querê-los, desquerê-los, apaixonar-se ou arranjar dores de cabeça. Aos vinte e dois recusou um emprego de consultoria e quando o dinheiro apertou recusou ser manicure para não ter de sugerir cores. No geral amava do mesmo modo a que assistia televisão: pelo acaso, pela sugestão alheia, ou pelo cansaço à resistência. Mas tinha gostado com especial atenção do cachecol vermelho que eu vestia, e gostou-me por tabela. Estava claro que gostava do cachecol, e assim por esperteza e experiência nunca o tirei quando ela estava. Não a queria, nem estimava, nem sentia curiosidade, só não pude evitar querer domar o gato selvagem. Mas não era especialmente bonita, ou especialmente inteligente, e só se tornava mais intrigante que o resto pelo voluntarismo ocasional do meu capricho. De qualquer forma, me queria. Durante filmes franceses, fazia diálogos que pensava serem possíveis em vida real, e às vezes praticava com caras fatais em frente ao espelho, e quando esbarrava na ausência de um real querer por mim, era salva por acabar se sentindo ainda mais francesa. Enlaçou-se num relacionamento para fazer-me ciúmes, e fez, mas ainda não fazia sentido olhá-la como se não fosse minha, porque era, e seria. Sentava-se no meu colo em várias outras pernas, em especial porque teve quase todos quanto precisou, e quando se aninhava nos outros fechava os olhos, pensava no cachecol e regozijava-se na sensação de trair. Hoje com o relacionamento terminado, não me toca, mal me olha, e procura me machucar forçando sua presença no meu espaço quando me vê socialmente. Gosta de me desprezar sugerindo no rosto um sorriso que eu não poderia provar a ninguém, ou às vezes piscando os olhos de um jeito lento e incompleto, que faz com que se sinta gatuna. Confusa e ridícula, quer tudo.

14 de agosto de 2009

Novo kit sobrevivência

  1. Água
  2. Chocolate
  3. Frutas
  4. Leite
  5. Café da manhã
  6. Filmes
  7. Comida saudável
  8. Livros
  9. Internet
  10. Quebra-cabeça
  11. Lenço de papel
  12. Spray de garganta
  13. Exercícios psicológicos de satisfação, felicidade e prazer

Aceitam-se sugestões.

9 de agosto de 2009

quero uma coisa bem drástica, como um amor retribuído. quero algo pra dar medo, tipo um susto bom
ou sexo regular sem compromisso.

8 de agosto de 2009

Archive 06/12/08

Parece óbvio que é um país do exterior; não é. Lisboa pra dentro costura como uma cidade brasileira, e a escuridão e o amontoado das ruas é o mesmo. De cima talvez tudo seja uma grande São Paulo, mas pequena. E em cada unidade há menos carisma. Ainda assim você pensa que a Lisboa Antiga, rasgando Alfama e Graça e outros bairros é diferente e curiosamente mais histórica e refinada. Na realidade é só o ar de lirismo.
Da saída do avião, ainda era escuro como se fosse noite, mas batiam seis e meia da manhã. O sol nasce na primeira metade das sete. Quando os pés tocaram o cimento do lado de fora do aeroporto, era claro e frio. Nada era esquecido. A rotatória, as pistas, os semáforos. As pichações nos muros e biombos de metal e as estruturam de ferro que constituem uma passarela que nunca vi usada. Me lembra a branca que leva da estação de trem em Belém ao outro lado da rua, que percorri com Du há quase um ano em direção à Pastelaria. Quiseram ler minha mão no caminho, e não é tão simples despistar as videntes, que falam português, espanhol e arranham inglês, mas foi. Naquela época ainda tudo era diferente, tudo, tudo. Mesmo eu caminhava com outra postura e sorria por motivos diferentes. Já naquele tempo, though, não sorria por estar em Lisboa e por estar em Lisboa sorria menos.

5 de agosto de 2009

ai ai ai

Ai meu deus, ai meu deus e preciso ouvir coisas doces para dizer de coisas simples e amélie. coisas amélie é uma designação, entende?, amélie é um adjetivo. mas então, preciso ouvi-las doces pra falá-las doces. e como ainda não te tenho sob a asa e o carinho, ai, não sei, c'est l'amour, c'est moi, c'est toi e esse corpo que fica porque fica chamando minhas mãos, querendo eu procurar encaixe, sei que há, que é possível, que será uma delícia, leve e despreocupado, eu te quero, você perto, pára com isso, me disseram que pode ser pela exigência do meu carinho o seu medo, deixa disso, me disseram que você não me rejeitaria a não ser por circunstâncias, deixa delas, me disseram essas coisas, seu corpo me diz umas também, você me quer, ai meu deus, você tem curiosidade, vai eu sei, vem eu sei, vem e calma, pelamor, é simples, não estou oferencendo nada, nem vou, só vou quando for, e calma, ninguém vai morrer, digo eu não, não irei, tranquiliza, não tem desespero mas da última vez eu sei que eu fudi tudo assim um pouco da chance

2 de agosto de 2009

Lá nós de novo Maria e João suas pernas todo o resto penso agora tenho dizer sempre se apaixona eu e espero sempre eu perverte não percebeu como se dão Ainda a violência o estupro a filha mais nova outro você
Tinha o falso pudor das pessoas que são sempre sensuais de parar com uma perna dobrada quando nua, amarrando suspense em torno do quadril, escondendo algo que dantes, ou Dante, já havia exposto. Recusava-se a andar nua como Eva, sem mistério, e de alguma maneira nada era revelado no seu caminhar opressivamente despido e fino. Nem os seios, quando mostrava, mostrava. Era como se os doutrinasse para manterem-se sempre calados e sérios, debochados por trás de sua indiferença felina. Oprimia sem interagir, com o talento dos verdadeiros ditadores, e quando falava de ditadura sabia passar a fúria serena dos bons oradores. Mas principalmente não orava. Era atéia, como tinha que ser, e também cansada, estática e estética. Sentava-se sem tocar a superfície, fazia peso de respirar e pesava açúcar com duas colheres.

1 de agosto de 2009

31 de julho de 2009

Dry and clean

No loneliness inside the raining apartment.
All had left to their appointments,
one to travel, one unravelled, studying not to think,
and the other camping to spread some wing.
And I seated inside, and there's no loneliness.
The completing feeling of being complete alone,
and the bared feet on the gelid stones,
all so lovely as a most welcoming sensation.
To live alone and not to be alone,
it took some time for the completude to come,
but now it's settled, and it seems not to moan.
Still stillness takes some room,
All is quiet, nothing is gloom,
And people insist to call riot what is actually moon.
Time makes skin cold and pleasant
And in an ackward way it wants to be welcome.
It is a child,
it should know it was not made to be loved or understood.

26 de julho de 2009

breve história da fabricação de bombas caseiras

Devo ter passado muitos domingos fora de casa: tinha esquecido que era essa tortura: gritos a plenos pulmões de fé, persistência e louvor ao Senhor. Puta-que-me-pariu, louvem, mas louvem controladamente, nem toda a porra da quadra acredita em Nosso Senhor Jesus Cristo. À merda!
Não consigo escrever. Tenho as pernas cansadas; as juntas na realidade doem com o peso de um peso de papel, mas nada além disso. É como se fossem pedras sendo moles. Estou sentada, e ainda assim as pernas doem de tal forma que não podem ser sustentadas; amaldiçôo a cama. Passo a mão pelos cabelos e fico sentindo com desgosto os fios desconjuntos, quero cortá-los, mas tenho, além de tudo, alguma coisa. lembrei dos fios de ovos do natal, e que se eu não aumentar a letra por mim mesma, o blog não as deixa maiúsculas. Também penso agora na partida para o rio e na viagem de Natal, e devo mandar o email, e olho as castanholas e raciocino as tantas coisas que não darão certo. Quero ficar aqui, com essa dor na junta e no cóccix, que é típica dessa posição, e quero ficar assim e pensar nos meus amantes desencontrados, todos eles, e deixar a cárie agir enquanto esqueço que acabei de comer. quero ficar assim e pensar nisso sem dormir, mas sei que o sono vai chegar então é como se eu quisesse abreviar sua viagem já e dormir logo. Nunca para pra pensar por muito tempo acordada. Assim, simplesmente pensar, sem encaixá-lo na rotina ou no meio caminho de um lugar a outro. Só pensar parada em casa, e sentir tudo que há. É que o sono..

25 de julho de 2009

live and let die

Já não lhe tenho a mínima consideração. Rompe-se sempre mais tudo que já se estruturou: a amizade, a agradabilidade, a atenção, o querer bem, a vontade simples. Mantenho-lhe o carinho porque não é uma opção, e o respeito porque não acho que não deva existir. De resto, espero que suma, da face da Terra e daqui, das minhas considerações de caminhos e horas, espero que suma, que vá embora, que nunca jamais volte, não apareça, não reapareça, e penso em perder seu número de telefone porque não me faz bem. Eu-espero-que-você-suma. Eu quero que você suma. Os pensamentos são recorrentes e você é um monstro, você é um monstro, e tudo que anda pelas tabelas é culpa sua, porque foi você quem resolveu apagar logo tudo para se livrar dos pedaços. Foi você, não fui eu, e depois daquela gastura infindável para lhe atingir, depois dela resolveu fingir não me conhecer, e dizer tchaus e reticências, e deixar distâncias claras e estáveis. E resolveu ser calmo na calmaria que a secura traz, e só. E portanto, pela falta de consideração e decoro(e não pela rejeição do amor e das diposições, que é o costumeiro), chega: fico à beira de lhe declarar morto.

23 de julho de 2009

oh, this little bric-à-brac;..these dolls and toys confuse me so

Nada se disse de qualquer coisa válida, mas era também que não se prestava atenção a todos os detalhes, e também pudera. E pensando assim, que a soma do nariz e da boca, com os olhos de quem quer comer e esconde a grande fome para parecer mais delicado, não se dão tão bem, e dão ao que acham belo uma cara quase débil e sinceramente cor de tronco de árvore, bom, nesse caso então senta-se e se observa que a dança de fato vai de acordo com os intelectos, os telencéfalos ou, na realidade, somente os polegares desenvolvidos em contato com pele alheia. Vai pensar, também, que tudo isso é uma perda de tempo, e acho mesmo que seja, que esse samba, meu irmão, não tem cordão, não tem coração, não tem necessidade, nem real apreço, não pode haver, mas é que esse tempo esperado te faz pensar que pelo menos os olhos são algo pra se revirar, além dessa barriga de fome que não se cala, não se cala, não cala. E rodas com carteira adulterada, adúltera, de álcool, nicotina, e veneno de rato, e mais outros extratos que uns dizem medicinal, uns dizem prejudicial, uns dizem que depende daonde você quer ver o mal. E, afinal, isso não era para ficar com um ritmo escrachadamente dançante, mas, drogas, as habilidades de cortar os movimentos ondulados por aqui está escassa, e escassa também a quantidade de dias e a importância do sono. Nada mais pode dormir, o tempo é curto e as possibilidades também, de conseguir dar um pulo que cubra água e sal e um espelho realmente grande. Sinto fome e sinto cheiro de cocô de cachorro.

21 de julho de 2009

a possibilidade não era falsa. tudo calmo agora.

16 de julho de 2009

tiros ao álvaro

de uma forma clara, uma parte de mim está em lugar nenhum por saber da ida da du e não ver o gradual sumiço das coisas do armário, ou o aumento do nervosismo, ou o ajudar nas malas, ou tudo que está sendo sem que eu presencie. A partida então será, 'crualmente', a não mais presença súbita. De alguma forma o saber da sua ainda permanência no país me faz acreditar na possibilidade de vê-la, mas é falsa.
E esse mundo aqui, pequeno, me fazendo ver que quanto mais me abro, mais me fecho, e essa é uma das últimas vezes em que me submeto a um estrangeiro tão estranho.

13 de julho de 2009

You're adorable, she said discreetly, in the middle of a thousand sounds. Many things came then and after, many things grasped her feet and entangled them, many things caressed her toes and ankles. The other was adorable still, there was to be no escape.

8 de julho de 2009

1234567890123456789012345678901234567890

Sinto sono e alguma dor despropositada nas costas (estou fingindo que não tenho mais problema de coluna, estou livre, e não ouvirei sobre cirurgias e afins). Meu olho arde e agora fingirei algum drama sobre perdê-lo, ou cegá-lo, e desenvolver habilidades variadas pela súbita cegueira aos vinte anos. No momento a preocupação iminente é somente terminar o último trabalho do semestre e- pera, meu olho caiu no teclado. além da terrível piada do boquete cantante de rebecca, me lembro que meu olho não está lubrificado o suficiente, e em fechando-o para forçá-lo a, não o sinto arder como de costume, e já acho que estou sem olho. estranho, essa frase terminou com "o" e por meu gênero ser feminino me pareceu que deveria terminar com "a". olha. não "ólha", "ôlha". me lembro que meu olho não está lubrificado o suficiente, e em fechando-o para forçá-lo a, não o sinto arder como de costume, e já acho que estou sem olha. deveria ali ser "de que meu olho...", mas ai, que cansaço. esquecendo doutor pascoal e quebrando regras de português! era pascoal o nome dele? só me lembro do pardal do tio patinhas; odiava tio patinhas. aposto que marx também. argh, que dor, falta de sono, olho doloridérrimo, vou fechá-lo, me dá uma corda

7 de julho de 2009

Dona Dezinha,

nos rasga a consciência de dias curtos. suas pernas pequenas e a fragilidade dos joelhos que já tiveram a quantidade exata de pele, o crescimento vibrado a cada centímetro mais próximo da estatura de vó e do freezer, vó de repente te abraçando debaixo para cima, a compreensão da velhice, do tempo, os quadros de jesus, os anéis de camelô, perfumes, blusas, o não conhecer vô, os cabelos curtos e grisalhos, riso fraco, o chupar mangas, o sempre consertar a antena da tv, trancar o banheiro com a gaveta, escorregar no box e quebrar o braço, o ventilador de teto, comida baiana de guerra, o revertério aos sete anos, o sempre danoninho e yakult quando visitamos, essa risada sua, essa saudade sempre, esse conhecimento engraçado, ver crescer e não conhecer, ter sido pequena, ter sido moça, ter sido mulher, ter sido velha, não ter sido. ê, vó, vem sempre medo nessas horas, mas acho que a senhora tá tranquila
Dôo, mas não consigo chorar; imagino que todos os meus poros ainda rejeitem sua despedida.

5 de julho de 2009

esperar não é saber

Ela acordou, e tinha um plano. Tomou banho e o engov pra completar o ciclo da noite anterior, e entrou no quarto como quem nunca mais vai sair. Sete passos à penteadeira, a lingerie de renda da semana retrasada, uma saia curta escura, o salto preto, a única blusa possível e duas gotas de perfume ao redor do pescoço. Sentou em frente ao espelho com o velho ritual de conquistar-se antes de sair, e, ainda que hoje especialmente não tivesse conseguido, quando saiu ainda tinha a convicção do sucesso.
Foi a um bar que não tinha ido e conheceu qualquer homem que não tinha conhecido. Deu-lhe o corpo e a falsa impressão do desejo, além da sífilis, é claro, e a possibilidade de um filho que não viria. Depois jogou-se da ponte de ponta sobre o rio, mas a corda não era grande o suficiente para que seus pés tocassem a água, só para que o pescoço quebrasse.

4 de julho de 2009

que cansaço

sou sua noite sou seu quarto se você quiser dormir eu me despeço eu em pedaços como um silêncio ao contrário enquanto espero escrevo uns versos depois rasgo sou seu fado sou seu bardo se você quiser ouvir o seu eunuco o seu soprano um seu arauto eu sou o sol da sua noite em claro um rádio eu sou pelo avesso sua pele o seu casaco se você vai sair o seu asfalto se você vai sair eu chovo sobre o seu cabelo pelo seu itinerário sou eu o sou paradeiro em uns versos que eu escrevo depois rasgo e depois rasgo

Adriana Calcanhoto - Uns Versos

27 de junho de 2009

1 5 10 25 50 e 1.00

Sentia como que um tilintar ruidoso de moedas inexistentes no bolso. Mais fundo que o precipício remoto de que ouvira falar no filme da semana passada, seu bolso era como que uma criatura à parte, quase vaga e imprecisa, como que furta-cor, incerta, impetuosa, voluntariosa, distante. Mas é que, apesar de todas as tentativas de trocar de calça, com pesar resolveu admitir que o bolso, na realidade, ficava na própria pele. Era uma entrada estranha e sorrateira, ainda que curiosamente visível e por assim dizer pesada, mas era que no fim das contas não tinha zíper, mas tinha o rasgo e a rispidez dos lugares que guardam coisas. Via as beiradas por vezes com nojo e repulsa, aquela boca rasgada de dentes desajustados - é que não havia fecho mas a estrutura do fechecler aparecia sanguinária e ameaçadora de tempos em tempos. De qualquer das formas, assustava-se vez ou outra com a disposição do bolso, e sempre, nesse momento, havia nas redondezas algum espelho, e olhava com completo estranhamento para a imagem enantiomorfa, e achava dela só isso, enantiomorfa, quase nunca reflexo, ignorando que uma é outra. Sentou-se num banco, cansada, e pôs a mão pela pele, ultrapassou o corte de entrada e invadiu o conteúdo macilento e mole do escuro do bolso. Sentiu chaves, achou estranho, sentiu cadeiras, cardápios, centelhas e videntes, e quando tocou o que pensou ser a lâmina de uma guilhotina, tirou a mão com rapidez para olhar o corte fino que fazia diagonal na ponta do dedo. Achou engraçado, meio tenebroso, e chupou A negativo de volta. Sentiu umedecer carne e veias quando repôs a mão cortada no bolso da pele, e com uma curiosidade científica e animalesca brincou com uma veia entre o indicador e o polegar. Era como se sentisse sangue com sangue, mas não sentia. Achou então pontas, alçapões, corações de mãe arpões sereias e serpentes, e alguns dentes de leite que achara já ter perdido. Tirou a mão, coçou a coceira repentina que lhe acometeu logo abaixo do rádio e recostou-se na cadeira. Achou estranho, o redor, si mesma, o bolso e a existência de todo um resto; sentiu o peso dos seios, sentiu apontar-lhe o joelho, perdeu um fio de cabelo que só sairia no banho, dali a duas horas, e pensou se não seria próprio então cochilar, mas não cochilou.

24 de junho de 2009

Ceratocone mata

Eu tinha uma faca e nenhum fio. Ela com o salto agulha empunhado tinha mais, e ainda no que mexia era a unha quebrada da mão, ameaçando-me terrivelmente especialmente por não me ameaçar. Olhei a sola do salto: mínima, incisiva. Cutucava-me à distância de cinco metros, apertava-me o pescoço com a ferocidade delicada das sobriedades femininas. Girei o anel do anelar. Me incomodava. Era como se . Empunhei a faca mais uma vez, e mais uma vez, passando-a discreta pelos dedos, senti a ausência de corte que me atormentava. Ergueu o pescoço. Olhou para a televisão desligada com uma pausa, e deve ter sentido no ar qualquer coisa que não o cheiro da comida que deixei no forno. Mas era, quase queimava. Comi só, ela ainda mexendo em partes do corpo aritmeticamente perfeitas para que de fato encontrasse algo com que se ocupar nelas. Olhei para a faca. Soava verde e meio manguezada, meio enlameada e triste, como que inútil e rota, e era. Joguei-a no chão com o movimento do cotovelo, desgostoso de vê-la e precisá-la. Ela levantou. Seca e breve pegou-a do chão, empunhou-a com o sorriso de um churrasqueiro aposentado e sentou-se no braço do sofá para conversar comigo. Contou de algumas épocas que não conheci e de sofás floridos da sala de sua mãe. Disse do dia tediosamente cômico no trabalho - e pensei se não queria ser Allen; não Lilly, como eu prevera, mas Woody - e por fim que as batatas ficariam melhores se cortadas na diagonal. Enfiou a faca na junção do meu pescoço e pronto: adeus jantar, batatas, salto, fio, zip.

19 de junho de 2009

matem Vênus

Dormindo agora, que pensarei amanhã? O zunido do secador alheio ainda perfura meus tímpanos e o que resta de consciência, ainda que já tenha sido desligado. Todos esses hormônios femininos também me detonam, e agora reparo como sinto absurda falta de unidades masculinas. É isso. Não suporto mais elas, todas elas, em todos os lugares e saias e carros e ônibus e paradas e faixas e andaimes e janelas e aventais e cadeiras e mesas e espelhos e quadros e louças e aviões e pilotis e vozes finas desajustadas e sensíveis. NÃO-AGÜENTO-MAIS-FEMINILIDADE. Gosto das feras e essas mulheres que não dormem, essas mulheres que são só ser humano. E dos homens, como sinto falta. De seus cheiros, braços, pernas e ombros, sinto saudades dos seus ombros e sinto falta desses olhares que também consideram te comer além de simplesmente conversarem com você. Sinto cansaço da ausência de interesse, muita ausência de interesse e muitos movimentos repetidos e sem gestos, muito movimento para não se ver e o desejo de uma presença que não vem. Cansaço que amanhã é imprevisto, e que vou dormir cansada do cansaço de não saber do dia seguinte.
Quero ver filmes rudes e sangue e violência e uma série de desgastes e coisas desnecessárias. Quero só comer pipoca e descansar dessa espera de algo.

6 de junho de 2009

cortejo sem classe e partilhas hilárias

- o presente que a gente vai dar é da mesma natureza, mas eu sei fazer com um coisas que você não sabe com o seu.
-oxe, vai achando...
-vem nãão, meu beeem, que eu sei da sua vida!

bergman num despertador

Sei não, mas tinha gosto de sangue o quarto, e o amarelo forte despropositadamente cansava as retinas, e estuprava o ar de vinho tinto.

31 de maio de 2009

¿

... viu em dado momento seu outro eu sobrepor-se, e sentiu finalmente a breve inexistência de si.

Em relação ao canto e ao quê fazer com ele

fui escrevendo, escrevendo e escrevendo sobre isso e de repente tudo me pareceu louco e irrazoável, e achei que só dizer "se eu pensasse e fizesse uma coisa de cada vez, isso pareceria menos medonho e gigante" seria o bastante e o mais verdadeiro.

My plug in baby

Had I been born male, I know you realize how much trouble we'd be in.

27 de maio de 2009

not the nicest thing

quando na janela vizinha da frente à sua você vê uma menina fingir que está cantando no microfone e mais parecer que ela está pagando um boquete.
verso arremate:
Ou ela é realmente péssima atriz, ou meu caso é mais sério do que eu pensava.

25 de maio de 2009

pronto II

SIM!, eu estou em muita dúvida sobre o layout. pronto, drogas.

beijos

Às vezes eu tenho muito medo de que as pessoas que eu gosto muito façam uma senhora cagada comigo antes de morrerem ou antes de saírem da minha vida, a ponto de eu querer que não voltem. Aí eu penso que prefiro que, se for possível que elas façam (e sempre é, né? né?), que morram logo.

que me deixa muito e quase cansada

Há um amor meu por você que me
Há um amor meu por você que, eu não sei, me faz
Há um amor meu por você
Há um amor meu por você, imenso imenso, um amor oceânico, quem é você?
Há um amor meu por você mais dolorido que a ausência de
Há um amor meu por você que começa a escrever e não esbarra em letras cunhadas pelos homens para explicar as coisas que eles têm em comum. Eu e os homens não temos nada em comum. Eu tenho o conhecimento da sua existência e eles
Eu tenho o conhecimento da sua existência
Eu tenho a consciência da dor da sua ausência
Eu tenho, eu não tenho
Eu
A consciência de
de+a
Eu sinto sua falta depois de
eu te amo e
Há um amor em mim que
Há um amor por você em mim que me deixa cansada.

como um hábito católico, resquício de criação

Comprou um lenço de seda e, chegada em casa, esfregou com ele o assoalho, que era pra não se dar o direito de usar algo bonito que ainda fosse puro.

Essas besteiras que eu falo,

24 de maio de 2009

mande novidades

Roberta, como sinto sua falta. Sumiu, te deixei ir, te assassinei, te esqueci ou te deixei de lado. Como sinto sua falta. Daquela antiga forma ainda não consegui me apaixonar por você. Não é possível, eu sei, você sabe também, (mas) não é estranho? Sempre lembro que não fizeram palavras pra eu poder descrever essa nossa realidade e torná-la pública, eu sei que não é possível, e mesmo que você me diga que não faz nem sentido querer, sei que também tem curiosidade em saber como ela ficaria num papel, que forma teria e se teria essa mesma cor. Onde você está? Digo, em que pé, e como anda. Como sinto sua falta. Te desculpo por não poder existir, fique tranquila. Você me olha assim de cima, como um ente, como um espírito entrando nas coisas para me dizer o que fazer, o que ver, para me dar experiências que em vida não pode me dar. E por que não pode, por que não existes, Roberta? Mandaste um corpo com seu conteúdo só que autônomo, com cobras com outros nomes em sua cabeça de medusa. Roberta, como sinto sua falta. Meu amor imaginário, meu complemento imaginário, minha perdição imaginária. (E ainda assim não te quero.) Te esconderam numa gaveta muito bem guardada, te tiraram da minha vista e até tomei ônibus sem vaguear em suas memórias por muito tempo. Mas agora, pela noite e com um tempo meio gelatinoso que parece me englobar e abraçar, te encontro. Me lembro quando esse quarto era só balões e colchão, lixo e malas abertas. Agora com tudo arrumado tenho exponencialmente menos espaço, e você ainda ficou na Alemanha, naquela sala de estar meio escritório meio closet, naquela janela de cortina transparente e aquela manhã clara, aquele aquecedor branco, aquelas toalhas e a mesa cinza do computador. Você ficou lá com as putas de Garcia Márquez e as outras paixões que inventei para me manter. Naquela época você rodava e tomava ônibus, amava e dormia para trabalhar no dia seguinte numa empresa cujo nome eu ainda não havia inventado, para aquela vida medíocre que você tinha. Depois te encontrei numa boate brasiliense, só o nome, não o corpo nem os movimentos. E de então te colei no nome de Rebecca Borges, de família interiorana e bonita, que tem história de vida e é assombrosamente humana, que me sentou no topo de um prédio pela primeira vez e me ouviu falar de si porque, por mais que fale muito, fala menos que eu. Depois te perdi nos semáforos e na rotina de uma faculdade estranha, te deixei nos banheiros e não te vejo nos corredores, e talvez você esteja nas cartas de Tarot jogadas em sofás verdes, talvez você esteja nessas minhas gavetas desarrumadas. Sinto sua falta e você já não existe. Me deixou com um quadro, um quadro vivo, uma pintura, uma mistura de Magritte, Kandinsky, Delacroix, Schiele, Munch, Goya e todos os outros que ainda não conheço, entende a confusão que você fez? Me deu várias coisas e foi embora, e agora aparece, de leve e de soslaio, para mandar um aceno e matar as saudades de mim.
Beijos e carinhos,
meus

Pronto

Eu gosto muito de verde. Pronto, beijos.

15 de maio de 2009

bored in advance by tomorrow's tobaccoless hours

"That devastating omniscience! That noxious, horn-spectacled refinement! and the money that such refinement means! For after all, what is there behind it, except money? Money for the right kind of education, money for influential friends, money for leisure and peace of mind, money for trips to Italy. Money writes books, money sells them. Give me no righteousness, O Lord, give me money, only money.
He jingled the coins in his pocket. He was thirty and had accomplished nearly nothing; only his miserable book of poems that had fallen flatter than a pancake. And ever since, for two whole years, he had been struggling in the labyrinth of a dreadful book that never got any further, and which, as he knew in his moments of clarity, never would get any furher. It was the lack of money, simply the lack of money, that robbed him of the power to 'write'. He clung to that as to an article of faith. Money, money, all is money! Could you write even a penny novelette without money to put heart in you? Invention, energy, wit, style, charm - they've all got to be paid for in hard cash."

George Orwell, Keep the Apidistra Flying

13 de maio de 2009

2am e pah

quando fica assim muito tarde e eu ainda estou acordada e bate fome me dá vontade de fazer concretismo

bleh

Não tive, como ela, o sabor de ser o conteúdo das músicas de minha banda preferida. Não que fosse para si que as escrevessem, mas era ela que cantavam, soubessem ou não. Digo ainda que para seu próprio bem desconheciam sua existência, jamais pode ser bom que seu lirismo tenha presença física, que dirá que se mexa, rebole, converse e tenha um corpo já tão maldoso aos dezoito quanto o seu. Já aos quinze era responsável pelo desmoronamento de homens de 30, e aos doze enfeitiçava os que as primas de vinte e um não chamavam a atenção.

Encantou-me porque eu já não tinha o que fazer no fim da noite de sábado, quando os outros já não faziam sentido por excesso de copos. Pus-lhe numa conversa porque me parecia maldosa, e quis com curiosidade e deboche saber por que motivo poderia se dizer interessante além da boca e dos olhos.

Mexia com as mãos a mesa, o copo, os isqueiros, as cadeiras e os passantes. Não me respondia nada, me olhava, e por me olhar com seu par de olhos de menina se dizia ingênua. Por segundos, que não via passar, colocava seu par de olhos de mulher e sorria diferente, olhos e dentes em soslaio, e era como se mentalmente anotasse algo para pôr em seu diário de confissões e vitórias.

Natalie Portman's

Chequem "Natalie Portman's Shaved Head".
paz de cristo

7 de maio de 2009

...

Não tenho a mínima idéia de quê estou me convencendo. Não sei em que momento achei que girar em torno do próprio umbigo seria bom. Faço círculos lindos, maravilhosos. Concêntricos. Uma órbita magnífica para atrair a mim mesma. E no fim das contas ainda não me acho mais que metafísica e foricamente enfadonha.
Queria ver com clareza de que forma as coisas estão me afetando, queria ver no claro o que é que de fato estou tentando descobrir e arrumar. Vou saber ainda, acho, o que penso realmente e não pintá-lo de outra cor de acordo com o que o outro acha bonito. Mas e fazer planos? Sabe lá se conseguirei. Acho esse caminhar daqui pra lá de lá pra cá tão gostoso e certo, acho as coisas caminharem sem serem empurradas de um agrado quase de mãe... Mas vai ver - tenho visto -, eu desespero antes da hora. Por hora, agora, não estou indo pelo teste de mim mesma. O que quero e o qual será o novo caminhar? Essa coisa de colocar inícios em grandes momentos ou mudanças de tempo. De aliar mudança de tempo à grandes momentos.

Semana retrasada era outra vida. Retrasada ou passada, perdi a noção do tempo, já parece tanto. Completamente diferente. Completamente. Cem por cento. Quero saber com clareza o que essa mudança fez em mim. Se de fora estou esquisita ou distante. Acho que tenho estado elétrica. Frenética. Quero que isso acabe. Termino agora todos os dias pensando em quando será que isso vai acabar, quando esse novo momento será outro. Que se deve vir outra realidade, que venha logo. Não gosto de ficar no limbo se não sou eu quem conta as horas com êxtase e ansiedade. Conto as horas com o estômago, e vira e mexe com as bolsas sob os olhos. Tenho-as sentido contraírem involuntariamente, e às vezes acho os cantos dos olhos ardendo como se fosse chorar. De forma engraçada, estou sozinha. Estou porque quero estar. Ninguém mais me atinge nesse meu pedestal donde fico me pensando deus, tudo vendo, nada tocando. Minhas mãos estão estranhas, ganharam vida própria. Enquanto me abstendo de estar, pensar e realmente ver, elas caminham sem meu consentimento, sentem pele e cheiro, matam saudades vindouras, denunciam, além de tudo, que nunca sei bem me esconder. Também parte do meu osso da clavícula acordou para a nova realidade. O outro lado dela continua esnobe e sonolento, alheio a tudo isso. Não o invejo. Fico vendo esses últimos momentos desses corpos andando dessa forma pela UnB, e vou encontrando novos tipos de amizade por empatia aqui e ali. Coisas nunca antes feitas.

Outro dia lembrei daquela visão de eu recebendo um prêmio por qualquer produção audiovisual, sozinha, e elaborei um discurso pra ela. Pensei exatamente no que falaria. Soube, ao menos naquele momento, do sentimento do outro lado do mundo que não terá mais muito quarto se um dia ela vier. Pensei de novo se não faço grandes dramas e antecipações. Sou como um Shakespeare vidente, mas sem a enorme pica literária(pica mesmo, de pinto) - ou ao menos a capacidade de impressionar.

Estou elétrica. Afoita, atônita, atômica, estufetada. Estou calada; e falo muito para não me descobrirem. Falo muito sempre, anyway, é facil não ser descoberto. Estou surda também, às vezes simplesmente não ouço. Eu e Dena, pequena delícia de queijo, rindo para não ouvirmos, ou não nos absorvermos, ou não pensarmos. Nossa eficiência aumentando estrambólicamente; eu só quero que isso acabe. Acho que ela também. De repente o que era muito tempo é pouco tempo. Tudo é tão pouco tempo. Ao mesmo tempo é muito, podia tudo acabar logo. Por enquanto não começa nem termina. Ao menos se começasse, acho que estaríamos todos calados já, e seria mais simples e próprio.

Estou um pouco de gesso e há coisas que não quero ouvir. No momento acho que só quero ouvir mamãe, prestar mais atenção aos meus pais, tirar minha carteira de motorista, completar vinte anos, ir ao churrasco de Sociais, dormir um pouco e chorar logo essa porra.

p.s. de evolução: finalmente descolei o pejorativo de colocar pai e mãe no diminutivo

2 de maio de 2009

It looms.

23 de abril de 2009

O blábláblá medroso da reviravolta dos falsos manetas e/ou a tentativa de usar sutiãs 92

Toma o meu violão,/ que apesar do samba que não sei fazer
Tens minha mão,/ improdutiva e clichê,
Que se diz feliz de lhe contar as histórias das coisas que (/com as quais me) fiz [continuaçãoemaberto]

sentimentally tuna

(Eu)Sentimental como atuns; realmente, imagino que eles sejam realmente melodramáticos e terminem relacionamentos com uma facilidade quase doentia, estilo uma grande loucura massificada, que logo então não é loucura. Também atuns me parecem criaturas blasés. Não, sério, imagina um atum feliz - não, um atum é blasé. Vai pensando, imagina que você é um atum, não te parece razoável simplesmente abrir mão daquilo que não é agradável e olhar com cara de tranqüila e desinteressada bosta? Quer dizer, aquilo cuja agradabilidade cai agora para os menos de cinqüenta por cento. E, sei lá, "we were fish once, long ago, before we were apes" dito de uma forma muito certeira (e certamente desprovida de qualquer comprovação científica - que também, vamos lá, inventa o que quer por não ter mais o que fazer) pode ser engolido, ou ao menos ignorado sem que quem o disse perca qualquer gradação de credibilidade. De qualquer forma, sentimentalmente pertencente à classe dos peixes, ouvi me dizer que fosse embora, realmente, que tivesse os ovos em outro lugar e que pouco se importava se deles fosse feito caviar. Quer dizer, não sei se caviar é feito de ovas de atum, acho que não, mas o caso é que a cria seria tida em qualquer lugar que não o habitual, e, se já é estranho sair assim de casa sem mais nem menos, imagine com filhos! Pois bem, mala, cuia e ovas saíram de casa e foram sabe-se lá para onde, nem se morreram é conhecido. Daí você tira não que é desumano(? eram peixes. enfim.) mandar embora antigas e calorosas fotografias, ou ainda aquecê-las ainda mais jogando-as ao fogo, hehe, mas que pode ser razoavelmente justificado se inclusive outra classe de animais o faz com sobriedade e segurança! É, pois é! Pois que, então, sentimentalmente um atum, é possível fazer de tudo e mais um pouco, inclusive sentido com um texto desse. (14/01/09, 20:14, etc e tal)

15 de abril de 2009

Teve coragem, pegou a arma e finalmente deu-se o lendário tiro na boca sobre o qual falara por anos.

25 de março de 2009

Brianstorm

Nothing is happening here, and you can smell the embarassing smell of brains being eated. (I'm trying to sell it before it sells me.) I'm embarassed. Lying on a table where Jesus, the Pope, my family and Mother Theresa examine the curious content of my maniacal mind I study their eyes with that typical pain in the corner of them, bringing pain to the brain apart from that that is already being injected in it by the horrid vision of their overwhelming fake implicit kindness. All is still, and the piece of wood I am is not pretty. Every now and then there awakes the underlying fear of having run too much, for too long and too far away. That bugging sensation of being at bay, that tickling, that light sensation in the stomach which is the heaviest I've felt. All this we've been sitting upon is to fall apart. And I am standing still, still I'm standing, still I'm staying and they do not understand why. I've lost the whole pack of sanity and the previous controlled life. I'm nowhere now and no one wants to find me anymore apart from that body, that other one, that keeps this one going. And I'm being quietly, educatedly raped and torn in this small untransposable world, these immense destroying criminal needs, this fire and this life surrounded by water. And your so wanted hand lies in its pocket, your so appropriate pocket, everything in a pocket, while mine masturbates, I so inopportunetly masturbate, everything here masturbates and I cannot touch her vicious thighs for I do not want to do so. And from time to time I try to convince myself I want it just so, if i manage to do it, I have something I want. I'm all sold out, worn down and gone, and you do not want to stand my stains, I stain, I understaind. Meanwhile(it is, trully, a mean while) I sit and pray, then I remember I do not believe in God and I preach, for it fits better. And I try to want things I can have, but I do not want them, and I'm not that good a storyteller to distract myself.

23 de março de 2009

Geraldo Azevedo em Hard Rock, por que nos gostamos?

Não sei. Acho de certa forma estranho. Um pouco disforme e certamente não se ajusta ao corpo como se fosse natural. Parece Geraldo Azevedo em Hard Rock, ou Foals por Elba Ramalho. Entende? Há uma certa quietude e algo como uma noção de ridículo que não se faz de fato. É só como se se espreitasse e se mostrasse possível, mas não é. E há uma tristeza de alguma coisa que poderia ser, sem ser aquela tristeza das coisas que poderiam ser e não são, só uma tristeza daquilo que poderia ser e não é. Não tristeza exatamente, mas talvez também. Fico nos achando ridículos, sinto muito, você não tem nada com isso. Acho-nos dois bonecos como Barbies, mas sem formas humanas. Dois tamagoshis, e minha hora de comer é a sua de dormir. Minha cama é também algo como um quadro um tanto escuro e violento na sua mente calma. E seu quarto sendo pra mim uma casa, ou eu brincando como se pudesse ser, vira e mexe é. E eu vou pedir desculpas mais uma vez pelos exageros e faltas de timing, mas não é que me arrependa, apenas me perturba perturbar-te, e de repente você parecia na paz celestial dos filhos focadamente dedicados de Cristo, e eu parecia mais uma vez uma filha despreocupada e livre de Lúcifer. Por que pareço entrar sempre de repente e me encostar com demasiada força nos pilares que vão sustentando tudo?, esse nada sustentado, esse Nada sustentato, por que sustentamos esse Nada? Que tantos motivos temos para não jogar fora nossa água fria? E por que é que vamos confiando com demasiadas partes dos nossos corpos na nunca irrecuperabilidade da distância dos mesmos? Enquanto conto o tempo, não sei o que mais conto, e não conto nada, nem nas horas vagas, a não ser as horas vagas e por quanto tempo o serão.

2 de março de 2009

'Thanks for the prestige, you rats.'

18 de fevereiro de 2009

espaço em branco/[espaço em branco]

Não há nenhum problema, tudo está parado nesse quarto suspenso. Suspensas todas as roupas e os mistérios que você ergueu, todas as pilastras e os pés da cama aos quais você se agarrou, suas unhas e todas as conchas marinhas que você trouxe na volta das férias. Nos lençóis a areia da sua roupa de banho e o cheiro do sol do mar, e tudo o que eu perdi entre os temperos e as ervas que você jogou na minha comida. Todas as algas e as cordas que se agarram aos meus pés, minhas mãos que não costuram suas saídas de praia e suas saídas que também não acompanho mais. O quarto cheira a limpo, eu também. Jogadas no chão as meninas e meninos que consumimos, as Stellas, os Cabernet Sauvignon, Heinekens, nossa Bo(h)emia e os pinguins que trouxemos da Antárti( )a. Tudo o mais que virou besteira e os pedaços de sabão mortos. O Neruda que você não tomou nem leu. Caio Fernando Abreu em edições de bolso e Oscar Wilde em prateleiras fracas demais para seu peso. Também meu peso que medimos mal e todas as balanças que quebramos ao subir em conjunto. Todos os conjuntos cujas barras subimos e todas as barras de todas as grades de todas as coisas que vimos os outros quererem e viverem. Seu cd e o álbum que você deixou no banco do metrô em vinte e quatro de julho de dois mil e sete e a dobra calculada da quina do meu travesseiro. Também me lembro de Mário de Sá Carneiro falando que minha ponte não é a sua e etcetera e tal. E parecia fevereiro naquele dia em abril, mas faz tempo. Não sinto falta, mas também

16 de fevereiro de 2009

STOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOP!

Finalmente.

Finalmente.

Saia.

11 de fevereiro de 2009

as travas da mandíbula

Também às vezes não tenho nos poros a força para esquecer meu desejo. Tenho-os, ao contrário, expostos e sensíveis, consumindo a si mesmos na impossibilidade do seu corpo.
Estou sempre prestes a romper esse silêncio crispado e a tensão do que não podemos fazer. Estou sempre a um passo de desconsiderar meu respeito e meu cuidado com todo o resto. Todo o resto que se foda. Por agora, esses agoras em que mal me seguro, por agora gostaria, com tudo de mim que sente e se rasga, de tirar a razoabilidade da sua mente e te fazer sentir por um segundo que o razoável está nos seus quadris quando os apertar com força. Se não acreditasse na possibilidade, mais ainda, na potencialidade disso, não ficaria arranhando os lados do rosto e segurando com força o cós da calça e as coxas. Poderíamos - não, não poderíamos - fingir que não haveria mal se por um momento, só nosso e que nunca saísse do exclusivamente meu e seu conhecimento, parássemos de desviar os olhares e controlar a respiração. Que ainda hoje não posso olhar para você com a liberdade dos segundos, não posso, tenho apenas dois ou três para saciar toda e qualquer vontade. Mas na realidade gostaria de te olhar com minha respiração e a ponta dos meus dedos. Gostaria de te olhar com a pele do meu rosto, e ser conhecida pelo seu cabelo. Mas tudo isso espera guardado nos bolsos do meu short vermelho listrado.

4 de fevereiro de 2009

you feel like 300

you feel like a sharp spear and you taste like blood. and it would hurt absolutely much to love you less than this, and this is already a fierce and sharp spear and oh how it violently hurts to feel love slowly crawling its way everyday more under my untidy nails. you're adorable

23 de janeiro de 2009

Miscelânia e coisas realmente arrumadinhas

Lembro de quando gostava dos seus dedos esquisitos, e os achava bonitos mesmo que fossem esquisitos. Eram esquisitos, seus dedos, ainda são. Estranhamente casam com esmalte vermelho, mas ficam esquisitos, mas casam. Você casa também, é engraçado, e eu não caso. Eu prefiro ir conversando, sabe, e a gente nem se casaria bem, eu sei. Mas seria um algo e tanto te comer. Porque você faz grandes estardalhaços com as coisas, e eu acharia de uma graça graciosa e cômica, cômica naquele distanciamento do cômico, sabe?, que ri de fora e às vezes sente um orgulho irreprimível por sua imprevisibilidade. De qualquer forma, você descobriria coisas que não sabe e de alguma forma, mesmo vendo-nos dois foguetes em direções opostas, gosto de acreditar que te daria minha liberdade e curiosidade para descobrir seus prazeres, que finjo achar serem mais que seus desprazeres. Enfim, minha pequena, gosto de brincar de achar que caberia bem na curva do meu pescoço, é só, mas é também puro ócio. E mesmo na mentira da paixão, esse fingir, pelo ócio, uma queda maior do que a que realmente é, na mentira da paixão acredito mesmo que te daria minha liberdade e curiosidade, mas acho que não. Talvez o que eu queira seja somente brigar por amor, "amor", "por amor, amor". É o seguinte, Elisa, como escrito no banco do metrô, "Só queria tua cona, Maria. Só cona, mais nada.", entende? Olha, e você, o que queria de mim além do que trago pendurado? O rabo de cavalo, as correntes, a chave do carro e o conteúdo das boxers pretas. Mas é que gosto de fingir amor por fingir, mesmo, nem por me achar bom ator nem por querê-lo de fato, só pelo fingir mesmo. E quando finjo filhos, é exatamente porque não tenciono tê-los, compreende?, argh, odeio mulheres burras. Não, mas teus dedos esquisitos, teus dedos esquisitos, como os acho esquisitos e como em temporadas os quero. Hoje mesmo. E me querem, você sabia?, seus dedos esquisitos. Tenho certeza e disso acho graça. É bom que essas coisas, esses compromissos e essas brincadeiras de casal não duram muito. Algumas até duram, mas acho legal não ficar pensando que daqui a quatro anos

19 de janeiro de 2009

Gostaria que me visse agora. Não que visse como estou ou similares; só que pudéssemos trocar olhares.

16 de janeiro de 2009

Compreende?

Você tem ainda a mesma expressão pré-sorriso de anos atrás., e eu não sinto falta.,

Concerning last post

No. I get it. I did before, but now really I

14 de janeiro de 2009

Palavras sem sentido ou I should have kissed you when we were running away

I don't care, and I smile for free. In the end I still miss you. I go blind. I'm so tired and I know I can be beautiful even like that. But it's hard, it is so hard, and not being understanding seems like loosing you and I've been being strong and resolute, I am dying, I will die, and all of this will seem so cleary a mess, and I will think Oh, how have I fallen in the temptation of doing this, Oh, how have I trusted it would work, Oh, why don't I trust myself and everything. Then I will die empty and without a word, I will die alone. I simply can't be sure you won't walk away; I want to see it with my own eyes. Oh, my god, it's being hard.

A conversa mais intimista que se tem com sua mãe em algum tempo

- Tô triste hoje.
Duração três segundos.

Pega secando um ralador

Até um ralador tem memórias suas. Tá foda, miga, tá muito foda. Agora (muito)mais sua ausência que sua saudade.

Não vou à França, a França vem até mim

Eba. Então, acho que era isso que faltava. Pra felicidade em fim vir com gosto de felicidade, eu digo, por que fazia algum tempo que eu tinha de tirá-la de alguns cantos escondidos ou meio que inventados e fazê-las durar bastante mais do que de fato duravam; é um exercício um tanto complexo e exige boa dose de “doublethinking”: crer que se é alegre por uma alegria que se cria e se sabe fictícia e que você conta a si mesmo que não o é, que é mesmo genuína, e que você faz durar convencendo-se de que não faz, nem na realidade sabendo que a faz durar, mas acreditando que ela já dura aquele tempo por ser uma felicidade daquela dimensão. Então, enfim, mas agora acho que a felicidade deve chegar de vez. Quer dizer, eu precisava mesmo de receber em casa, assim, ciceronar, sabe?, fazer sala para alguém desconhecido cuja personalidade depreendi de análises de ambientes virtuais. Coisa engraçada, né?, depreender personalidades de meios eletrônicos. Quer dizer, engraçado. Mas, bom, eu não travo uma conversa faz uma semana, então que mal há? Hehe Quer dizer, eu já conheço toda Lisboa, ou tudo o que quis conhecer e acho suficiente conhecer, mas acho que fazê-lo mais uma vez talvez traga uma nova carga para a minha vida, quer dizer, como uma nova energia, entende?, um combustível para a continuação alegre desse período aqui. É que em Lisboa, mesmo meus leitores que não me conhecem estão cansados de saber que não sou a pessoa mais alegre do mundo, mas assim, acho que fazer sala para desconhecidos cuja personalidade pré-definida você despreza pode ajudar. Dá um ar cômico, não?! Heh. Então acho que o projeto dos vídeos foi por água abaixo. Isso sim é de fato uma pena, seria uma experiência interessante, mesmo que a compra das fitas custasse cinco euros; acho que eu entubava, sabe?, estava realmente empolgada com a idéia. Mas enfim. Enfim, é só realmente encarnar a Madre Teresa, é sim, heh, e voltar àquele talvez hobby de assumir personalidades, se achar capaz de representá-las, brincar com elas e abusá-las, entende?, talvez seja interessante, não, divertido eu quis dizer, é, não sei, pode ser divertido, né?

12 de janeiro de 2009

chamas e confusão

Somos pobres endemoniados presos em nossas carcaças mortais; e nada em nós é imortal.
(31/05/08, menos o título)

11 de janeiro de 2009

- Your child, Your Majesty; it's a girl.

- I'm sorry I won't love you as much as I could.

9 de janeiro de 2009

Vocês são estranhos

Um blog é um zoológico vírgula e quem diz que gostamos daqui?

hehe hehe nossa, nossa, quanta coisa heh

Eu só sou muito impaciente, muito impaciente, e às vezes vai crescendo em mim uma claustrofobia exigente e eu fico querendo confirmações de trinta em trinta minutos, mas confirmações são difíceis de se dar de meia em meia hora, de meia em meia vida, mas na realidade não são confirmações, são só preenchimentos de espaço, eu às vezes fico muito espaçada, muito vácua, muito aerífica, eu flutuo, meio que vôo, vou voando e de tanto voar me perco e fico louca, e coloco culpa na saudade de não ser âncora, ponho culpa em mim, porque os outros não são como eu e não lhes posso pedir nada, não posso pedir nada, que tortura, que peso, sou pesada, não sei ser de outra forma, nem sei se me amo. A saudade é uma doença que cresce no ossos, vai crescendo, vai crescendo, forma outra pessoa e ela é louca, eu sou louca, ela me domina e diz que sou louca porque sou ela, sou tudo e nada, sou imensa e abarco Lisboa, mas a abarco porque ela é triste e melancólica, e aqui não abarco alegria, devo gostar de ser sofredora aqui, aqui sofro, "Estou triste abaixo da consciência.", tenho medo de perder outros por ser, até do beto, que parece suportar até que lhe cuspam na cara achando disso algo interessante, tenho medo, acho, e nunca o conheci a fundo, não lhe contei absurdos, acho, nem nos alcançamos de fato e acho que agora sinto falta disso que não foi, "Ah, não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que não foram", não sei, estou confusa, quero um pouco de calma; na realidade só quero conversar, só isso, eu falo demais, daí quando não falo vou ficando grande, grande, imensa, abarco Lisboa e todo o mundo, sou uma âncora, abarco meu eu lírico e minhas paixões que não foram e meu medo de ser só, o medo dessa que é a Luiza a maior parte do tempo, que tem medo de ser só, porque sempre foi, acho, em termos de amor, isso é uma confissão e nunca a fiz em voz alta e ela num blog me mata e come os olhos, sofro, não sei se até o fim disso deixarei isso escrito, que medo, tenho medo, como tenho medo de me mostrar, acho que acho que serei só, talvez por conta disso seja divertida e tenha fama de engraçada, talvez tenha desenvolvido isso para ser de alguma forma querida, não sei, será? será? será? daí justifica não ter coragem de mostrar coisas azedas, quer dizer, sou azeda, mas mais quando acho que tenho de ser ou quando não vejo outra forma, quando não consigo ser pacífica, assim, sou pacífica e acho que paciente, acho que aprendi a ser calma, talvez mais por conta do desespero, não sei, queria que alguém me respondesse sobre mim, queria que alguém me falasse sobre mim, tenho leitores que só lêem, às vezes desespero, às vezes revolto, mas acho que em geral os acho egoístas, bastante, mas é como sempre são os espectadores. Sinto dores, maria das dores, tenho até vergonha de as sentir e tenho pudores com minha tristeza, tento negá-la para não pesar aos outros, às vezes a nego pra não pesar em mim, sou uma pessoa estranha e pesada, pesada, acho que peso mais de noventa toneladas e estou de fato engordando, mas logo emagreço, é preciso ser magra por conta do meu problema de coluna, minha mãe sempre lembra, e "abaixe o ombro direito, minha filha", porque ele é mais alto por conta dos 43º de escoliose, e acho que você deu, seu quadril está mais largo e você ganhou mais corpo, acabei largando amores que não quis por isso ou aquilo, que exigência, exigência, será?, ou devo ficar com o que tenho só porque é o que tenho e não devo querer nada se o que quero é demais, quero muito e não tenho. Nunca me achei a menina bonita porque nunca fui, outras no bando eram mais, não digo por mim, (mas também sei ver,) eu até me achava bonita, mas a maioria achava outras, assim, achava outras mais, daí esse complexo, daí esse complexo bem grande de beleza que não consegui contar para a pessoa que me deixa mais confortável porque tenho vergonha dele, e tenho mesmo ele em mim, e ela é linda e não entenderia, acho, assim, não compreenderia, não veria o porquê, isso é tipo não entender, é que nossas trajetórias foram diferentes, mariana também é linda e quando ela diz que sou sei que sou, mesmo que ela não diga eu sei que sou, mas é que a maioria, e enfim, é pesado às vezes, é, e no geral eu me convenço de algumas coisas, outras pessoas diriam que não preciso me convencer, mas na realidade sim, porque é o que acontece, sabe?, tudo bem, vou me convencendo, e convenço mesmo!, mas às vezes não consigo, não consigo não, e noutras..., noutras não sei, às vezes de fato sou, mas sabe, nunca o suficiente, tem sempre alguém mais, sempre teve, mas tenho melhorado bastante isso na cabeça, o complexo vai diminuindo, tenho mais confiança, mas ainda não sumiu, sabe?, mas estou muito muito mais confiante, chega a ser bonito, se você visse como era, era uma loucura. Vou nivelando por baixo, sabe?, nivelo por baixo que é mais seguro, vou pelo seguro, engraçado, né?, eu devia começar por não ter ninguém na vida, daí ia sendo como queria, rude mesmo ou estranha mesmo e daí se gostassem de mim já gostavam, sabe?, mas é que às vezes vou armada para gostarem de mim e gostam, daí quando quero ser mais dura, não posso porque sou mais mole pra eles, sabe?, é complicado, vejo pessoas que me dão a cara e tudo o mais e falam, me bate, me testa, vai porra, e eu fico rindo sem graça, falo "quê isso", desvio olhar e bato na própria coxa tipo "hehe, camarada, que engraçado, né?", daí perco a chance e sou molinha molinha, não dura, e quando quero ser morro dura sozinha dentro de mim, estranho, estranho. É que toda a vez que eu analiso ações estou errada ou sou infantil, sabe?, pros outros, digo, mesmo o beto disso uma vez e eu quis matá-lo, porque eu não estava sendo infantil, mas então expliquei tudo e ele entendeu, e eu não era mais infantil e foi bom, mas eu sou fraca fraca diante da minha família, não sei ser mulher, não sei não, é que mariana é muito, acho, os outros acham muito, ela é mesmo, e é grande e dá certo com as coisas, o tom desse texto está horrível, uma criança, quero parar. Mas entende, às vezes os complexos são grandes, o da beleza é grande, espera só eu falar do da ridiculariedade hehe.

colas e rebocos

Ficou colado em mim qualquer coisa do insucesso de menina, do vexame de ter errado da primeira vez e da vergonha de estar fazendo pela segunda, ou da incerteza do próprio corpo e espaço, da fragilidade do que ficou pelo lado de fora na junção do X da mãe com o X do pai. Nos olhos e nos ouvidos ata-se-me o ressentimento dos passos dos outros que não tiveram paciência de acompanhar minhas perninhas sempre mais finas que da irmã mais velha, do lápis menos ágil que do outro, e do fazer forçado. Grudou em mim qualquer repúdio a mim mesma, uma falta de paciência com a preguiça e o insucesso que só gerou mais preguiça e insucesso, um cansaço altivo comigo mesma e um cuspe no último momento da saída da frente do espelho. Coisas pequenas não me foram coisas pequenas, foram descasos, foram cansaço, foram desgosto e desvontade, foram tudo menos o que de fato eram; foram complexos e foram traumas. Incertezas foram fracassos antes de o serem, e o foram por desígnio precedente e precipitado da própria descrença. E por fim o único talento que encontrei, a aptidão para as letras da qual cedo me convenci, por tempo caiu em terra e por períodos de lá não se levantou, e ainda hoje, olhando no espelho, é preciso se convencer das coisas que de mim acho interessantes e assegurar-me de um mínimo de beleza crua para sair da cama. Mas às vezes não tenho sucesso e vem de algum lugar um tapa a dizer que o resto não espera.

Já eu não sou livre quando converso comigo

Vem Pessoa falar do que ele próprio, de olhos fechados, escreveu. Vem dizer-se livre do que outrora também o fez livre, e vai costurar seu universo a partir do que outrora o universo fez com que costurasse para si. Diz:
“Releio passivamente, recebendo o que sinto como uma inspiração e um livramento, aquelas frases simples de Caeiro, na referência natural do que resulta do pequeno tamanho de sua aldeia. Dali, diz ele, porque é pequena, pode ver-se mais do mundo do que da cidade; e por isso a aldeia é maior que a cidade…
"Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura."
Frases como estas, que parecem crescer sem vontade que as houvesse dito, limpam-me de toda a metafísica que espontaneamente acrescento à vida. Depois de as ler, chego à minha janela sobre a rua estreita, olho o grande céu e os muitos astros, e sou livre com um esplendor alado cuja vibração me estremece no corpo todo.
“Sou do tamanho do que vejo!”Cada vez que penso esta frase com toda a atenção dos meus nervos, ela me parece mais destinada a reconstruir consteladamente o universo. “Sou do tamanho do que vejo!” Que grande posse mental vai desde o poço das emoções profundas até às altas estrelas que se reflectem nele e, assim, em certo modo, ali estão.
E já agora, consciente de saber ver, olho a vasta metafísica objectiva dos céus todos com uma segurança que me dá vontade de morrer cantando. “Sou do tamanho do que vejo!”(...)Mas recolho-me e abrando-me. “Sou do tamanho do que vejo!” E a frase fica sendo-me a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que começa largo com o anoitecer.”
Mas enquanto diz, vai deixando sozinha quem dantes agarrou com dois braços e acalentou como ela também acalentava-se sem porquê ou sem sucesso. Porque não me costura o universo que eu seja do tamanho do que vejo. Na realidade, lendo "sou do tamanho do que vejo" faz-me ser do tamanho de uma apresentação de power point, que foi onde colaram tantas vezes as frases mais nuas e rotas de Pessoa e fizeram Caeiro e Reis serem a mesma pessoa, como eu fiz no início disto aqui. Lendo Pessoa ser pequeno, sou grande, pareço imensa, e dou risada daquele com quem geralmente choro junto, calada e seca, sem chorar e sem ser entendida, sem ser nada, porque não sou nem serei. Deixo cair por terra todas as resoluções de otimismo e sei que vou morrer sem ser ninguém, e essa melancolia não será tão bonita quanto a de Tom Jobim ou quanto todas as personalidades do português, e desprezarão e encubrirão minha esquizofrenia como não quiseram enterrar a sua. Não sou nem serei ninguém, e com Pessoa sendo nada e só mais um poeta de boas vontades e desígnios, fazendo os pequenos se sentirem grandes e não os pequenos se sentirem pequenos, que é como deve ser e como somos, sou ninguém sem dar risada e sem debochar da própria ridiculariedade. Que graça há, então? Nem a própria visão sem dentes a rir no espelho. E tenho rápidas e cortantes vontades de jogá-lo fora e não me identifico mais com nossos becos, nem divido vazios e a consciência preguiçosa de nossas gaiolas. Divido nada e ainda tenho a barriga vazia.