13 de setembro de 2007

Sobre furor

Cale-se, rabisque-me, valha-me. Cale-me, rabisque-se, sobressaia-se. Corra-me, de mim, as mãos, no chão. Bata-me, na porta, na rotina, na janela do camburão. Escreve-me, na areia, no rosto, na escuridão. Arranhe-me, a boca, a gaveta, as unhas no colchão. Suje-me, de si, de mim, de nada. Busque-me, no vazio, no calor, na meia luz da madrugada. Subjulgue-se, julgue-me, se desfaça. Corroa-se, colora-se, ponha-me em brasa. Fale-me, verdades, mentiras, rasas. Segure-me, o braço, o pulso, a têmpora. Use-me, leve-me, venda. Esqueça-me, ligue-me, desvenda. Ascende o olhar através da venda.

Um comentário:

  1. Sobre a identidade. Como o bilhete, prova única, vulgar e amarrotada, mentirosa e verdadeira.
    É, sobretudo, sobre tudo isso.

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