Tinha o falso pudor das pessoas que são sempre sensuais de parar com uma perna dobrada quando nua, amarrando suspense em torno do quadril, escondendo algo que dantes, ou Dante, já havia exposto. Recusava-se a andar nua como Eva, sem mistério, e de alguma maneira nada era revelado no seu caminhar opressivamente despido e fino. Nem os seios, quando mostrava, mostrava. Era como se os doutrinasse para manterem-se sempre calados e sérios, debochados por trás de sua indiferença felina. Oprimia sem interagir, com o talento dos verdadeiros ditadores, e quando falava de ditadura sabia passar a fúria serena dos bons oradores. Mas principalmente não orava. Era atéia, como tinha que ser, e também cansada, estática e estética. Sentava-se sem tocar a superfície, fazia peso de respirar e pesava açúcar com duas colheres.
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