Lembro de quando gostava dos seus dedos esquisitos, e os achava bonitos mesmo que fossem esquisitos. Eram esquisitos, seus dedos, ainda são. Estranhamente casam com esmalte vermelho, mas ficam esquisitos, mas casam. Você casa também, é engraçado, e eu não caso. Eu prefiro ir conversando, sabe, e a gente nem se casaria bem, eu sei. Mas seria um algo e tanto te comer. Porque você faz grandes estardalhaços com as coisas, e eu acharia de uma graça graciosa e cômica, cômica naquele distanciamento do cômico, sabe?, que ri de fora e às vezes sente um orgulho irreprimível por sua imprevisibilidade. De qualquer forma, você descobriria coisas que não sabe e de alguma forma, mesmo vendo-nos dois foguetes em direções opostas, gosto de acreditar que te daria minha liberdade e curiosidade para descobrir seus prazeres, que finjo achar serem mais que seus desprazeres. Enfim, minha pequena, gosto de brincar de achar que caberia bem na curva do meu pescoço, é só, mas é também puro ócio. E mesmo na mentira da paixão, esse fingir, pelo ócio, uma queda maior do que a que realmente é, na mentira da paixão acredito mesmo que te daria minha liberdade e curiosidade, mas acho que não. Talvez o que eu queira seja somente brigar por amor, "amor", "por amor, amor". É o seguinte, Elisa, como escrito no banco do metrô, "Só queria tua cona, Maria. Só cona, mais nada.", entende? Olha, e você, o que queria de mim além do que trago pendurado? O rabo de cavalo, as correntes, a chave do carro e o conteúdo das boxers pretas. Mas é que gosto de fingir amor por fingir, mesmo, nem por me achar bom ator nem por querê-lo de fato, só pelo fingir mesmo. E quando finjo filhos, é exatamente porque não tenciono tê-los, compreende?, argh, odeio mulheres burras. Não, mas teus dedos esquisitos, teus dedos esquisitos, como os acho esquisitos e como em temporadas os quero. Hoje mesmo. E me querem, você sabia?, seus dedos esquisitos. Tenho certeza e disso acho graça. É bom que essas coisas, esses compromissos e essas brincadeiras de casal não duram muito. Algumas até duram, mas acho legal não ficar pensando que daqui a quatro anos
gostei muito disso
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