15 de junho de 2008

Maria como se fosse um rascunho

Gosto do nome Maria. Um dia já não gostei, mas hoje gosto. "Maria" me passa a impressão de um rascunho, como se fosse uma folha em branco prestes a ser criada, como se dispusesse todo o espaço do mundo para um começo e uma criação sem raízes e sem pré-conceitos, como se fosse um papel sorrindo para você, dando-lhe tempo para pensar no que fazer. Maria me parece uma leveza de espírito, como uma brisa de alma, a única maneira que verei o tempo como algo doce. Maria é como o tempo, só que doce. Maria é calma e pode ser passageira, e tudo o que queremos na vida é poder determinar o que é passageiro e o que não é. Maria é leve como um sorriso; engraçado, porque sorrisos nem sempre são leves. Maria é uma sinceridade, o que deve ser bom pras Marias, já que o ar de frivolidade não vem incluso. Maria pode ser frívolo também, mas aquele frívolo de tarde de bar, que você quer ter, como uma graça para aliviar seu dia e seus músculos retesados. Maria é como uma disposição para fazer o que se quer, talvez até como uma boneca inflável está disponível para seu bel prazer. Maria é tipo uma boneca inflável. Maria é meio que algodão doce, meio que cheio de açúcar e com gosto de nuvem. Maria pode ser escorregadia, mas sem sentido ruim; Maria é como água no pescoço. Maria é um espaço para pensar no meio do dia, Maria é o pousar do garfo depois da refeição. Maria é a aproximação calma de algo que lhe tocará o braço lentamente, chamando sua atenção para qualquer coisa simples que você deixou passar. Maria tem olhos de uma expectativa bondosa, ou de uma surpresa real, sincera, genuína de quem não tinha cogitado alguma coisa.
Imagine Marias traiçoeiras, deve ser engraçado, deve dar quase uma graça à maldade. Imagine que fora de lugar uma Maria vingativa e uma Maria má pelo prazer de ser má. Deve ser engraçado, quase um deboche. Ainda assim, imagine que poderosa uma Maria vingativa; dá-lhe quase um ar de sensualidade, algo como uma cat woman em nossas mentalidades sexuais aguçadas. Marias de sorrisos atravessados, Marias olhando de soslaio, Marias de mãos de unhas vermelhas. Maior sensualidade que a sensualidade simples não há.
E que muito engraçado é saber que isso é mera brincadeira da minha mente, mero jogo de palavras e impressões e visualizações, e ilusões de brinquedo e de bolso. É que a ilusão é o primeiro do prazeres, mencionando Wilde, e bem sei que preciso de novos.

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