22 de novembro de 2013

Segue a solidão o curso de sua novela. Tranquila com o espaço que confere a si mesma, observa entretanto como este mesmo lânguido espaço vai-se transformando numa coisa à parte, assume sua postura diante do universo, e perdura a despeito das intenções solitárias de terminarem-se. Sem a companhia, quê seria da solidão? Que opções encontraria de ser-se? Como do mesmo modo é a ausência quem define a presença, também a solidão mantém seus romances com as companhias que pode ser que venha a ter, que poderia... Estas contudo esvaziadas, quê lhe resta de si mesma? Em que momento construir-se, estar-se e ser tercerizou-se, enfim? Em que momento ao optar já não optava, ao ser, já nem era. Olhando-se no espelho, tás cinza, a descobrir se as combinações de branco e preto encontram-se de fato em cinquenta por cento cinquenta por cento, ou afinal quem é? Observa-se. Perde-se o objetivo, absorvido por qualquer neurônio esfomeado, e em seu lugar sobrepõe-se outra questão. Toca-se, mão na mão, no espelho. Enamoramento impossível. Muito embora reconheça as próprias formas, compreenda retroativamente os comentários que por aí ouviu de si, e se veja, não consegue tocar-se ao se ver como outra. Apenas se se observar de cima, quando o rosto não vê o pescoço, quando nem o próprio rosto se vê, apenas se for quem é é que consegue sentir na pele a própria pele. E assim caminha, sorrateira e duvidosa, a tentar entender donde vem entender

Nenhum comentário:

Postar um comentário