14 de novembro de 2013

NGC 1097 reluz a 45 milhões de anos-luz daqui, espiralada e tonta, independente galáxia nos céus do sul, mergulhada na constelação de Fornax. Lá longe, será que esbarra a consciência que perco todos os dias por força de tornar evidentes apenas as nebulosas das minhas sensações, ao invés da minha razão humana? Ou será que a própria galáxia, vista assim, de um jeito que ela mesma não se vê, inventa o retrato geral de sua situação? Será que um tal espelho, as ousadias do telescópio Hubble, não fazem imaginar aos nossos olhos a bidimensionalidade do que não sabemos? De todo modo, o giro confuso de NGC 1097 produz nas minhas perspectivas a incredulidade do seu desenho exageradamente universal. Fico eu girando também, contida no maciço buraco negro escondido no centro, bem no meio da afetividade exagerada que a sua ilusão causa. Enigmática, como lhe chamam os astrofísicos, confundo do que dizem ao flutuar, inevitável na inércia espacial, em direção àquela outra, num paralelo universal da forma que eu não deveria fazer. Como pode a percepção enganar-se entre gramaturas tão diferentes? É a ilusão de a textura da galáxia poder parecer com a sua pele adimensional que traz uma coisa à outra.

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