15 de abril de 2010

O zero

Toquei-lhe. E como se não soubesse das possibilidades de erro, continuava com a mão em cima do seu colo, do seu braço, da sua pele fina, de tudo que sabia esconder, porque sabia. Como se fosse cuidadosa, amei-lhe com os sentidos todos rotos, dei de mim o que já não segurava, e quando a paixão veio, porque viria, nem mais paixão se identificava, era uma massa disforme e sem dono. Quando, então, reconheceu-se a dependência, já não havia amor, e nenhum objetivo foi alcançado na obsessão de perder a identidade, e ela, perdida, era só uma pessoa a mais e a menos no mundo. Sem identidade, o amor era nada; e era mesmo.

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