"Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem ideias." F. Pessoa
12 de setembro de 2009
releitura do post de 26/07
Não consigo escrever. Tenho as pernas abertas; minhas juntas e outras juntas, e o peso do joelho alheio fazendo força na minha mente noutro lado do mundo, como um papel voando, nada além disso. É como se eu fosse uma pedra mole, ou uma moleza pesada num corpo que não me entende - o do outro - he's only searching for my soul, if you get what I mean. Estou sentada, e essa penetração descabida não dói, sequer faz força suficiente, e por mais que esteja em todos os lados, não está em lado algum, é como se muito mais coubesse nessa minha sensação oca de nada; como eu sendo um invólucro vazio de amor, como uma caixa. Amaldiçôo a cama, o chão seria agora uma sensação tão mais própria. Passo a mão pelos cabelos do outro, me descolo, e queria comprar uma tesoura para cortá-los. Tenho uma vontade de machucá-lo por nenhuma razão em particular, na realidade nenhuma razão em absoluto, quero deixá-lo maiúsculo - também não sei o que quis dizer com isso. Penso agora no samba do avião, e no sambinha de ontem e onde você estava?, eu me estrago, estou meio estragada, minhas paredes com um vazio gigantesco, eu estava de salto e calça, eu era linda e hoje eu só queria observar, eu quero te ver sem você ver, como num filme onde eu possa te observar de longe e de perto e tocar suas extremidades sem que você possa sentir. Quero ficar aqui, com essa dor na junta e na virilha, que é típica dessa posição, e quero ficar assim e pensar nos meus amantes desencontrados, enquanto me desencontram, e deixar a cárie agir enquanto esqueço que estou sendo comida. quero ficar assim e pensar nisso sem dormir, nem fazer sexo, mas sei que o sono vai chegar como um cansaço de fricção, de tempo e de tudo, então é como se eu quisesse abreviar minha viagem já e dormir logo. Nunca paro pra pensar no sexo que não devo fazer. Assim, simplesmente pensar, encaixá-lo no quadro da desnecessariedade; torno-o sempre rotina no meio caminho de um lugar a outro. Não quero ficar parada em casa, quero sentir tudo que há. E por conta disso sinto nada, por escolher mal achando que posso tê-lo de qualquer lugar. Depois me vem um sono..
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