5 de julho de 2009

esperar não é saber

Ela acordou, e tinha um plano. Tomou banho e o engov pra completar o ciclo da noite anterior, e entrou no quarto como quem nunca mais vai sair. Sete passos à penteadeira, a lingerie de renda da semana retrasada, uma saia curta escura, o salto preto, a única blusa possível e duas gotas de perfume ao redor do pescoço. Sentou em frente ao espelho com o velho ritual de conquistar-se antes de sair, e, ainda que hoje especialmente não tivesse conseguido, quando saiu ainda tinha a convicção do sucesso.
Foi a um bar que não tinha ido e conheceu qualquer homem que não tinha conhecido. Deu-lhe o corpo e a falsa impressão do desejo, além da sífilis, é claro, e a possibilidade de um filho que não viria. Depois jogou-se da ponte de ponta sobre o rio, mas a corda não era grande o suficiente para que seus pés tocassem a água, só para que o pescoço quebrasse.

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