7 de julho de 2009

Dona Dezinha,

nos rasga a consciência de dias curtos. suas pernas pequenas e a fragilidade dos joelhos que já tiveram a quantidade exata de pele, o crescimento vibrado a cada centímetro mais próximo da estatura de vó e do freezer, vó de repente te abraçando debaixo para cima, a compreensão da velhice, do tempo, os quadros de jesus, os anéis de camelô, perfumes, blusas, o não conhecer vô, os cabelos curtos e grisalhos, riso fraco, o chupar mangas, o sempre consertar a antena da tv, trancar o banheiro com a gaveta, escorregar no box e quebrar o braço, o ventilador de teto, comida baiana de guerra, o revertério aos sete anos, o sempre danoninho e yakult quando visitamos, essa risada sua, essa saudade sempre, esse conhecimento engraçado, ver crescer e não conhecer, ter sido pequena, ter sido moça, ter sido mulher, ter sido velha, não ter sido. ê, vó, vem sempre medo nessas horas, mas acho que a senhora tá tranquila

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