2 de dezembro de 2013

Eu imagino

Você caminha sem direção em direção a uma das portas. Pelo tempo do chão posso observar o seu corpo caminhar folgado sobre si mesmo, e um jogo lento do seu quadril revela os seus planos ousados. Sem se perceber, você avança o vão. Eu avanço. Até o pé da mesa parece um percurso suave sobre o assoalho de madeira. Encosto no pé da mesa ou ele em mim - vê pela porta a mesma coisa que eu vejo e também se equilibra. Eu equilibro. Sigo parcimoniosamente sobre a minha imprecaução, vou lentamente subindo aos térmicos as cervejas, com calma, raspando sempre no gelo com algum barulho, que dá nas articulações e na minha pele a sensação ficcional da textura rasgante. Nos arredores, respirante e lenta, discretamente a disfarçar sua atenção atenta, você mexe os braços nas coisas. Fecho os olhos ao ar do refrigerador e engulo todos estes pensamentos, que por algum motivo descem mais do que ao estômago, direto ao interno do meu quadril, implodindo os meus planos a ousar.

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