É que eu não posso fazer filhos enquanto você está na casa de Aquário, eu lhe dizia com a cebola me fazendo chorar, aquele almoço lhe levando a crer que me sofria ter de esperar para fazer barriga, e ela crendo na sentimentalidade da minha faca mal amolada. É que com a sentimentalidade dos seus poros alcoolizados, a sinuca refletida nos seus olhos, os seus saltos em ângulo V da bebedeira de ontem à noite, eu pensava com a salada o que é que seríamos de nós três, enquanto eu não trabalhava e ia lá saber quem colocaria sorriso naquela cara de joelho. E eu fiquei pensando enquanto o eclipse não vinha e eu esperava a sombra da Terra, eu pensei no sonho de Goya, nalgumas plantas de Monet, eu pensei no monótono e eu fiz tanto sexo com aquela cebola dilacerada. Com o choro compulsivo, o Pixinguinha no canal da tv a cabo, agulhas de costura tão feias na sua mão e alguns animais de estimação, a sinuca refletida nos meus olhos, o tecido de feltro azul e algumas cartas, búzios, o caralho a quatro, a minha paixão, eu lhe entreguei o anel, sorriu, tudo faz tanto sentido, tudo pode ser eterno
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