23 de junho de 2010

Eu também, sentada aqui em cima, primeiro andar tranca na janela, não estou altiva como um parnasiano. Triste e um tanto quanto cansada, um tipo diferente de carência fica esbarrando no vidro, sem embaçar. é frio não por solidão, nem medo, nem desapego, nem nada, é frio por motivos esquisitos, talvez brasília no inverno e a insuficiência ou falta de paciência dos meus edredons que nunca param. Cair na armadilha é um pouco de fazer-se companhia. Alguns movimentos redondos e outros copos despropositados de um álcool que não vai fazer efeito. A terra e girar sem tontear. Ficar calado põe em dúvida o respirar. Quando tudo baixa, tudo pára, tudo vira mínimo e não sai fumaça de nenhum lugar a zero graus. Frios cinzas deixam tudo suspeito, mesmo o sol. Quatro quadrados, quatro quadrados, quatro quadrados. Camas altas te fazem se sentir uma criança. Não tocar os pés no chão faz sentir-se uma criança. Literal e metaforicamente. E o frio vira só uma besteira, um ventilador ligado, uma incapacidade estrutural, instrumental, da mesma forma que o bolero de ravel não pára.

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