13 de maio de 2009

bleh

Não tive, como ela, o sabor de ser o conteúdo das músicas de minha banda preferida. Não que fosse para si que as escrevessem, mas era ela que cantavam, soubessem ou não. Digo ainda que para seu próprio bem desconheciam sua existência, jamais pode ser bom que seu lirismo tenha presença física, que dirá que se mexa, rebole, converse e tenha um corpo já tão maldoso aos dezoito quanto o seu. Já aos quinze era responsável pelo desmoronamento de homens de 30, e aos doze enfeitiçava os que as primas de vinte e um não chamavam a atenção.

Encantou-me porque eu já não tinha o que fazer no fim da noite de sábado, quando os outros já não faziam sentido por excesso de copos. Pus-lhe numa conversa porque me parecia maldosa, e quis com curiosidade e deboche saber por que motivo poderia se dizer interessante além da boca e dos olhos.

Mexia com as mãos a mesa, o copo, os isqueiros, as cadeiras e os passantes. Não me respondia nada, me olhava, e por me olhar com seu par de olhos de menina se dizia ingênua. Por segundos, que não via passar, colocava seu par de olhos de mulher e sorria diferente, olhos e dentes em soslaio, e era como se mentalmente anotasse algo para pôr em seu diário de confissões e vitórias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário