5 de agosto de 2008

segurando as pontas sem desfazer o laço

você faz horrores de diferença. não é bom saber disso? pra mim, eu digo, eu pergunto, quer dizer, porque te vejo muito e convivo e te ouço e te procuro entender e te procuro instigar a querer ser entendida e a acreditar na possibilidade do entendimento. e então de repente te ver e não te ter acesso, o acesso desejado, pode matar com uma facilidade interessante e constante, mas também há o intuito, seu e meu, de fazer disso menos frequente, eu acho, esses encontros que não são encontros, são só visões um do outro. e então descobrir-me descobrindo respeitar você e seus momentos e entender que nem tudo pode ou deve ser entendido e respeitar seu espaço e respeitar seu não se esforçar simplesmente por um cansaço físico e mental e emocional que não necessariamente é relacionado à pessoa que eu sou, mas pode ser, e, sendo, também deveria eu entender, e entendo. e respeitar então seus muxoxos insatisfeitos de cansaço de rotina, de simples cansaço e aceitar que não seja sorriso, seja um escolho entre o triste, o cansado, o decepcionado e o que se prepara para algo pior, e ver essa zica ao redor do seu dia a dia e suas mãos que contam tanto de você quando você dirige impaciente com a vida. tudo isso, ver e entender e simplesmente poder ver e entender, ou respeitar sem entender, tudo isso é lindo e tão cansativamente interessante que por vezes não te gosto pelo simples fato de te gostar e te entender sempre que posso. que lindo também é quando não entendo e é simplesmente você e eu, diferentes e, e aqui o e tem sentido de mas além de e mesmo, uma ao lado da outra, por uma razão ou outra, mas enfim sem concordar em posições sobre assuntos e sem entender e uma vontade talvez de mudar a mente da outra, e várias vontades que por vezes também escondemos por receio de que as bases do relacionamente não sejam, ainda não estejam, quer dizer, assim tão fortes, e então se preparar, constantemente, treinar-se para, esquentar-se para uma luta futura que não resultará em sangue, crê-se, por mais que tenhamos cogitado clubes da luta em finais de semana ou simplesmente a existência desse clube. daí também, quando bate sobre mim a crença da sua não tentativa de algo, quer dizer, do não esforço, também penso em ver seu lado e seu cansaço e descorrelacioná-lo a algo que venha de mim, como um desgaste de vontade da minha presença ou das minhas posições, e também tenho visto sua decepção fortíssima com minha inexperiência porque isso nos leva a uma perda de tempo e a um desgaste de rodas e ligamentos, e também a um atrito de neurônio com neurônio que nem sequer se conversam, só se gastam. daí te entendo, mas não sei se você me entende, você só busca paciência no silêncio, e você não é paciente, mas você às vezes é silêncio, é tortura calada e reservada, e eu tentando invadir isso fico ainda piorando seu humor, e pondo-me à disposição também te canso por não simplesmente deixar que você viva sua vida sozinha, porque você sabe quando é o momento necessário de estar sozinha e quando outro corpo é necessário, e eu ainda não sei pra você, ainda não tenho certeza de quando é isso, mas saberei. também esse hormônios expostos dos nossos corpos femininos entram em choque porque é assim que funciona, e eu acho engraçado por mais que compreenda o fato de que procuramos não nos bater. somos muito cautelosas com nosso carinho e nossos bom dia, de tal forma que o silêncio é a melhor barreira entre um pulso e um rosto, e tem funcionado, e às vezes não gosto, mas o bem é superior. vai dormir, vai sim, vou dormir também, a preocupação não é tão grande que me tire o prazer do sono do qual tenho me privado há duas noites, e os olhos certamente se fecharão com rapidez e calma, porque não vou definhar de dor ou dúvida naquela cama verde de que tanto gosto pensando se há algo crucial em cheque ou se vem aí uma desistência de um dos lados de manter esse barco correndo. isso nem foi cogitado, que o barco parasse de correr, lógico que não, nem você pensou nisso, mas agora, porque estou escrevendo e me deixando levar de repente pareceu-me natural a possibilidade disso, mas no nosso caso é uma impossibilidade, na verdade.

Um comentário:

  1. isso tudo faz com que eu me sinta, de leve (ou não, sei lá), esmagado pela vida

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