7 de maio de 2008

Colarinhos azul-bebê

Não sei por que é que nos vestimos de gala e sentamo-nos à mesa de jantar pomposos e com o ar mal disfarçado, ornamentado de colares de pérola, do nosso tédio crônico. Devíamos é sentarmo-nos nus sob mesas de bar corrompidas pelos nossos desejos não realizados que nos apodrecem a carne e que dirá o espírito e trocar os travesseiros dos gansos assassinados para o nosso bel frívolo prazer pelos seios - e pelo amor de deus que não sejam castos, que de tão castos estamos todos castros - rosados, negros, amarelos, pardos de nossas mulheres pagãs amaldiçoadas pelas saias e cabelos sujos dos seguidores de olhos fechados. E pobre destes seios se nos fornecerem leite!, o que queremos é uísque. Fodam-se os saltos altos e as pulseiras coloridas das mulheres esguias de capas de revistas de salão. Queremos o corpo com carne das moças sem maquiagem e das velhas sem lifting e as lingeries pornográficas dos sex shops mais baratos da cidade. Não queremos lingerie de forma alguma, queremo-las nuas como as dunas maliciosas do Saara e queremos suas coxas uma de cada lado do corpo do cavalo. Queremos homens sem gravata, sem maleta, sem provisões, sem futuro, sem o gel no cabelo cortado no salão mais caro da redondeza. queremos cabeleireiros que não sejam gays pela regra e paguem suas prostitudas com laquê. Queremos orgias de olhos abertos e amores trocados por diversão. Queremos baralho na mesa e queremos blefar só pelo tesão. Romperemos as blusas pelas golas e as camisas pelos botões e amarraremo-nos com cintos que não sejam de castidade.
Mas de manhã e no horário da missa usaremos batina.

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