Ah!, eu fiz, que bom, estou morrendo de orgulho. A falta de escrúpulos é algo louvável em quem os têm. Ainda assim, não nasci para a maldade, me falta sutileza e graça. Não tenho tino para a crueldade. É preciso ser leve e ter a consciência em si antes que na coisa, é preciso ser preciso, é preciso ser delicado. A maldade é para os belos de beleza fina. São lindos e calmamente corruptos. São, em si, uma Verdade. Quem dera eu ser cruel, se não fosse eu. Há todo um prazer em machucar e ser sobriamente odiado. É odiosamente lindo se você é bonito, e ridículo e podre se você é feio. Eu, da minha parte, não me acho feia, pelo contrário, tenho medo de ser bonita. Subjugo pela força, não pela beleza, e eles todos dormem nos meus braços e não eu nos deles porque é assim que deve ser. E se me trazem café na cama é porque sabem ser ridículos comigo de cima da minha presunção prepotente. E quando me amam, desprezo-os, e quando não o fazem volto a ser a Luiza Rossi da minha quinta série. Isso não é lirismo. Isso é o achismo do direito de confissão dos bonitos que se dizem feios. Insuportáveis e infantis; deviam morrer, todos, eu junto com eles. Somos tão hipócritas e aproveitadores; cansados, acomodados, medrosos, lindos. Somos o cansaço estético de quem é comum. Mas somos e somos vinho. Ninguém nos deseja mais que nós mesmos, nem nos têm.
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