11 de fevereiro de 2009

as travas da mandíbula

Também às vezes não tenho nos poros a força para esquecer meu desejo. Tenho-os, ao contrário, expostos e sensíveis, consumindo a si mesmos na impossibilidade do seu corpo.
Estou sempre prestes a romper esse silêncio crispado e a tensão do que não podemos fazer. Estou sempre a um passo de desconsiderar meu respeito e meu cuidado com todo o resto. Todo o resto que se foda. Por agora, esses agoras em que mal me seguro, por agora gostaria, com tudo de mim que sente e se rasga, de tirar a razoabilidade da sua mente e te fazer sentir por um segundo que o razoável está nos seus quadris quando os apertar com força. Se não acreditasse na possibilidade, mais ainda, na potencialidade disso, não ficaria arranhando os lados do rosto e segurando com força o cós da calça e as coxas. Poderíamos - não, não poderíamos - fingir que não haveria mal se por um momento, só nosso e que nunca saísse do exclusivamente meu e seu conhecimento, parássemos de desviar os olhares e controlar a respiração. Que ainda hoje não posso olhar para você com a liberdade dos segundos, não posso, tenho apenas dois ou três para saciar toda e qualquer vontade. Mas na realidade gostaria de te olhar com minha respiração e a ponta dos meus dedos. Gostaria de te olhar com a pele do meu rosto, e ser conhecida pelo seu cabelo. Mas tudo isso espera guardado nos bolsos do meu short vermelho listrado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário