29 de fevereiro de 2008

De repente está, e você não sabe, o fim está próximo, meu amigo, eles disseram, em tom de sol menor e com vozes fugidias, como o suspiro do fim do dia, que só quem ouve é quem vai embora junto. Fique onde está, eles disseram, é o fim da rota e dos tempos, todos os tempos, seus dias de calendário, seus dias de armário, seus dias desavisados de verões modorrentos. Não haverá amanhecer e você estava dormindo esta manhã, e não mais haverá a típica coloração da testa do sol quando ele ainda boceja. Eles disseram, é o fim, esse, agora, e amanhã já dormirá noutros braços cansados que não o da sua mãe, e ela chorará rios pois que lhe parecerá já o apocalipse que a vida tenha te puxado pelo pé para o ralo e que o ralo não seja o da cozinha dela, que ela sabe ao certo onde termina e vê onde começa. Também não haverá a luz dos seus olhos, eles esqueceram de comentar para que a vida caminhasse mais tranqüilamente, nem haverá mais o suspense do seu sim ou seu não, e eles morrerão na beira da praia vestindo seu calção de banho favorito. Além disso não haverá também sentido, nem será conhecida essa palavra tanto quanto não é conhecida a palavra de Deus, mas inventada constantemente, releituras de releituras de fingidas leituras originais. Vamos todos morrer!, brindaram eles, audazes e sedentos do próprio sangue, para descobrir se era mesmo azul. E no fim não era. Era verde. Até amanhã.

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