6 de novembro de 2023

Acabei de chegar. Dois ou três volumes eu apoiei pelos móveis e o chão, olhando bastante o seu jeito de organizar as coisas e que coisas são essas. Acho engraçado as escolhas de textura que você faz, me agradam muito mais do que imaginei. De vez em quando eu imagino mesmo à toa umas outras situações que você nem imagina. Então ao chegar e colocar os volumes pelos móveis e o chão e rapidamente espiar os arredores, percebo que você já se sentou, em um banquinho conjurado do nada, e parece nem ter saído para me buscar. Mas eu entrei com tanto empuxo por aquela porta que eu tenho certeza que alguém me trouxe. O café está ótimo!, eu digo com a surpresa verdadeira de quem não conhece a sua medida. É ótima. A vista parece muito agradável em sua estética de vizinhança, com algumas árvores, inúmeros passantes e um tanto de carro como em todo lugar. E então, ainda com o copo na mão esquerda, um pouco absorta em tentar ler os nomes verticais dos livros, alguns de ponta-cabeça, me roça a mão direita algum susto. O toque é tão leve que a textura me fugiu. Ao descer a cabeça, eita, parece-me logo que o ar aqui embaixo é que está mais escasso. Nem lhe vejo, que com a ponta do nariz se encosta em algum lugar meu que não é nem maxilar, nem pescoço, nem orelha, mas algo como os três juntos. Não tenho muita certeza se seu objetivo é cheirar ou tocar, mas eu mesma não tenho mais muitos objetivos agora. Em pé, mas com um certo comichão na sola deles, de certo modo me parece que as pernas afrouxaram. Pode ser porque você é menor e seja eu tentando me encaixar na sua respirada. A grande questão é que nessas horas não se tem certeza de muita coisa. 

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