Na areia, ajeita seu biquini. 10% a mais a bunda aparecendo que ela quis consertar. Aloooonga-se, comprida, em direção ao céu; fecha os olhos, e mesmo tonta resolve confiar no corpo. Abre os olhos e reacorda; a praia vai do branco às cores habituais, e o sol forte aperta logo as retinas em uma janelinha estreita. Como é estranho perceber o sal grudando no rosto e a água voando no ar; mais estranho pensar que há outros animais dentro da água, mais pra frente, vivendo lá. Será nossa balbúrdia que os afasta? ou nosso cheiro? Quem sabe as coisas que deixamos na areia sem pensar em levar pra casa... Como temos medo do que é bicho e não somos nós... Pra baixo, estica-se até ver um sirizinho correndo de uma barraca a outra, uma criança atrás. Depois a água chega até quase tocar a ponta do dedão, e destrói o castelo de areia que ainda não conhece a técnica de deixar escorrer areia e água pelos dedos para fazer torres mais ornamentadas. Vê entre as pernas três compras de cerveja e um vendedor de sanduíche natural. Levanta, bem devagar ao ponto de não dar tempo da tontura chegar - rápida e lenta. Quando encara o mar, já tem o frio na barriga. No horizonte tem certeza de ver a África sem ver, e de sentir sua falta sem sentir. Mergulha em um pulo e sente o corpo de novo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário