"Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem ideias." F. Pessoa
31 de julho de 2010
15 segundos para o pousar da mosca
Quando tudo está quieto, ou um ruído só entre os carros e as pessoas, o mundo se abafa até que eu termine minha fala com você, e então tudo faz sentido, e tudo é lindo, tudo é meu e eu gostaria que você fosse o fim da minha rua, a minha rota final até o final das minhas rotas, eu gostaria que você fosse o meu traçado e já de ter te encontrado em julho de 2010 acertei, e os meus poros inominados cumprem seus princípios entre o céu e a terra, e vão comigo para o nada em suspensão.
17 de julho de 2010
fica aqui comigo
O ridículo da ironia também é irônico, além de onipresente. Ficar sozinho quando todo mundo dorme pode ser um alívio. E eu fumo cigarros pra você, por ter me dado esse amor, por eu estar apaixonada, por ser simples nesse clima de frio fazer muita fumaça. eu queria poder | |. o escuro do futuro pode ser o que está dependendo de um pequeno momento puro de amor. eu tenho medo das pessoas que não conheço mas eu sinto falta de sentar num lugar com um desconhecido, contar coisas e ir embora. que vontade de fumar em paris..! vontade de fumar em paris, visitar pére lachaise com o beto e me cansar do francês dele. não sei, vontade de sentar num metrô e ficar vendo os metrôs passarem. vontade de ouvir chamada de aeroporto sem estar em um. lembrei de uma vez que fiquei em congonhas umas três horas sentada num banco. do banco pra livraria, pro café, pro banco, mas não lembro pra onde eu ia. pra onde era? eu estava com Tolkien no colo, mas eu não li muita coisa. eu ia pra onde, gente? estou rasgando o insufilme que protege o teclado. minha mãe que fez. penso se é possível começar uma conversa aleatória nesse momento com uma das meninas de salvador e ela não ser histérica. não por elas serem, mas pelo tempo que não nos falamos. Sei lá, só quero uma conversa com um conhecido próximo que já não conheço, sabe?, bem simples e calma. mas elas nunca foram calmas, só marininha. onde estará marina chagas? estou contando quantas mitocôndrias gasto no nervosismo de pensar na minha mãe me achar aqui agora. sendo que isso é besta, em especial se eu me comprometi a acordar cedo para poupar chateações. mas também é que ela me encontrar aqui - no computador 3h00 - me traz já uma chateação que o despertador de amanhã procurará evitar. 'eu acho, de graça, que você poderia se jogar' é uma frase bonita. imagina encontrar você dormindo agora e te surpreender com minha pele te abraçando pelas costas. imagina o quanto você me agarraria, daquele jeito bicho de pelúcia que você faz. e acordar no meio da madrugada com você e . jantar contigo café com pão. eu estou quase perto da hora de dormir. digo, eu estou perto da hora de dormir já. imagina se eu fosse me importar com a volta do velho amor. incrível, só te quero. é incrível. sinto sua falta. | |. fica aqui comigo.
16 de julho de 2010
Pensar no fim é uma síndrome
Pensar no fim é uma síndrome. Mas a cabeça que ela mantinha logo do lado da porta, imersa em formol, era feia demais. Algumas prateleiras acima, algumas outras olhavam pra mim, pra todos os lugares, um pouco confusas, deslocadas, soltas, descabeçadas. Ela me dizia, depois de ter fechado a porta atrás de si, o casaco sobre o sofá, um ar de conversa comum, que não é assim, a gente pensa livre, pensa solto, vai vivendo, pára de pensar no final, pára, que não faz bem e pode fazer mal, por mais que pra você pareça não fazer. É que pensar no fim cria umas barreiras sem que você veja, e aqueles formóis olhando pra mim, como que apontando pra mim, como se tudo tivesse assumido vida e estivesse me perguntando e aí, e aí, camarada, e aí? Tinha uma loira que devia ter sido bonita, agora era só um pouco desbotada, uma cara de nada, a tentativa de expressão de acaso, ou um pouco de sofrimento, eu não sei o que ela queria mostrar. Apontou brevemente para a porta com a cabeça - é lógico - mas eu não entendi, acho que era para o regulador de temperatura do apartamento. Enfim Julieta continuou falando sobre não dever perder tempo, entregar-se, cutucou sem querer a prateleira das cabeças, foi tirar um pó do vidro nomeado Caio, mas, enfim, acabou dizendo que eu não deveria me preocupar e que todo namoro deveria ser como quando tínhamos 10 anos e achávamos que iríamos casar.
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