23 de março de 2009

Geraldo Azevedo em Hard Rock, por que nos gostamos?

Não sei. Acho de certa forma estranho. Um pouco disforme e certamente não se ajusta ao corpo como se fosse natural. Parece Geraldo Azevedo em Hard Rock, ou Foals por Elba Ramalho. Entende? Há uma certa quietude e algo como uma noção de ridículo que não se faz de fato. É só como se se espreitasse e se mostrasse possível, mas não é. E há uma tristeza de alguma coisa que poderia ser, sem ser aquela tristeza das coisas que poderiam ser e não são, só uma tristeza daquilo que poderia ser e não é. Não tristeza exatamente, mas talvez também. Fico nos achando ridículos, sinto muito, você não tem nada com isso. Acho-nos dois bonecos como Barbies, mas sem formas humanas. Dois tamagoshis, e minha hora de comer é a sua de dormir. Minha cama é também algo como um quadro um tanto escuro e violento na sua mente calma. E seu quarto sendo pra mim uma casa, ou eu brincando como se pudesse ser, vira e mexe é. E eu vou pedir desculpas mais uma vez pelos exageros e faltas de timing, mas não é que me arrependa, apenas me perturba perturbar-te, e de repente você parecia na paz celestial dos filhos focadamente dedicados de Cristo, e eu parecia mais uma vez uma filha despreocupada e livre de Lúcifer. Por que pareço entrar sempre de repente e me encostar com demasiada força nos pilares que vão sustentando tudo?, esse nada sustentado, esse Nada sustentato, por que sustentamos esse Nada? Que tantos motivos temos para não jogar fora nossa água fria? E por que é que vamos confiando com demasiadas partes dos nossos corpos na nunca irrecuperabilidade da distância dos mesmos? Enquanto conto o tempo, não sei o que mais conto, e não conto nada, nem nas horas vagas, a não ser as horas vagas e por quanto tempo o serão.

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