14 de abril de 2025

Entro na água. Um pouco das ideias cai com a corrente, vão descendo, escorrem. O peito produz um ritmo próprio em que se respira e se desprende. As mãos pulsam, um pouco desordeiras, reflexões sentimentais. Os pés submergem. O seu barulho entrando na cena parece que quer mesmo a minha atenção. Eu dou. Um cheiro quente, entre o inodoro e o inebriante, dá uma pancada – você de costas se preocupa apenas com a água que cai. Se molha. Eu me ocupo. E com o tempo percebo com muita sutileza uma camada de consciência sua que sente, que está ali, que aguarda. E nesse súbito, em um qualquer sobressalto entre o banho e o fôlego, você esbarra o ombro no meu rosto de um jeito ocasional que quase passaria por descuido. Eu cheiro, e você permite.